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'Poder da mentira bem contada' étema do UFMG Talks de outubro
Fena´meno das fake news seráanalisado pelos professores Fabra­cio Benevenuto e Geane Alzamora
Por Samuel Resende - 04/10/2019



Apresentadas sob forma de nota­cias, informações falsas se espalham em velocidade cada vez maior pelas redes sociais, contaminando o ambiente pola­tico e prejudicando ações de saúde pública. Sa£o as chamadas fake news, termo em inglês usado para referir-se a falsas informações divulgadas, principalmente em redes sociais, e que, em 2017, foi eleita a expressão do ano pela editora brita¢nica Collins, devido ao saºbito aumento da sua utilização. 

Fake news: o poder da mentira bem contada éo tema da próxima edição do UFMG Talks, que serárealizada na quarta-feira, dia 9, a partir das 19h, no Centro Cultural Banco do Brasil, na Praça de Liberdade, em Belo Horizonte. A conversa reunira¡ os professores Fabra­cio Benevenuto, do Departamento de Ciência da Computação, e Geane Alzamora, do Departamento de Comunicação Social, ambos da  UFMG.

Segundo Geane, o que leva as pessoas a compartilharem nota­cias falsas não énecessariamente a falta de informação. “Algumas  pessoas acreditam no que estãorepassando, mas o que realmente motiva o compartilhamento não éa verdade nem a mentira, mas a tentativa de dar visibilidade a sua crena§a”, explica. 

No entendimento da professora, a expressão fake news éusada de maneira equivocada, pois parte do principio que aquele conteaºdo éverdadeiro. “Desinformação também éum termo complicado, porque 'des' éum prefixo que pressupaµe negação ou ausaªncia, mas  informação ésimplesmente uma novidade, que pode ser verdadeira ou falsa", avalia ela, que desenvolve estudos de caso numa perspectiva quanti-qualitativa para compreender o que ocorre nos picos das conversações em torno de nota­cias falsas. 

Para diminuir a circulação das nota­cias falsas, énecessa¡rio reconhecer que as agaªncias de fact checking são apenas uma parte do processo, pois nem toda informação éverifica¡vel e nem toda evidência de falsidade alcana§a circulação semelhante a  disseminação da nota­cia verificada e comprovada como falsa. “a‰ importante observar de onde vem a nota­cia, além de conferir a matéria na a­ntegra antes de compartilhar”, recomenda a professora. “As pessoas precisam ter consciência dos limites anãticos e das responsabilidades jura­dicas quando compartilham uma informação que pode ser falsa”, afirma Alzamora.

Para Geane, o combate a s fake news passa pelo treinamento social para reconhecer as caracteri­sticas mais comuns de uma nota­cia falsa antes de compartilhar, o chamado letramento transma­dia, e por ações coletivas de propagação de nota­cias verificadas, o ativismo transma­dia. “A dina¢mica transma­dia éa forma preferencial da comunicação contempora¢nea, na qual a informação éproduzida para ser compartilhada em larga escala. Mecanismos automa¡ticos de propagação de hashtags e ações coletivas em torno de memes, por exemplo, são aspectos muito importantes no processo”, esclarece.

Eleições sem fake

O professor Fabra­cio Benevenuto vai discorrer sobre o projeto Eleições sem fake, do qual écoordenador. A iniciativa atua em três frentes de monitoramento: grupos paºblicos no WhatsApp, identificação do percentual de robôs em trending topics do Twitter e bancos de dados com anaºncios de Facebook. “Nas eleições, pusemos uma sanãrie de sistemas no ar para tentar diminuir os problemas das fake news. Em anãpocas de votação, temos de criar novos mecanismos de defesa, pois os dispositivos que espalham falsas nota­cias se adaptam com o decorrer do tempo”, explica Benevuto.

Um dos principais propagadores de fake news são os bots, aplicações de software concebidas para simular ações humanas repetidas vezes, de maneira padronizada, utilizadas em redes sociais. “Nãosão fa¡ceis de detectar. Na última eleição, tivemos uma perspectiva de como esses bots podem afetar os resultados”, comenta Benevenuto. 

A novidade em 2018 foi o uso do WhatsApp como ferramenta para espalhar falsas nota­cias. “Criamos um sistema que mostrava os principais conteaºdos circulando nessa rede social para tentarmos identificar alguma atividade fora do comum”, conta o professor. 

Trajeta³rias

Fabra­cio Benevenuto éprofessor adjunto do Departamento de Ciência da Computação da UFMG, desenvolve projetos de medição e modelagem do comportamento de usuários nas redes sociais on-line. Cursou graduação, mestrado e doutorado em ciência da computação na UFMG. Em 2011, recebeu o praªmio Capes de Teses. Foi pesquisador visitante no HP Research Labs, em Palo Alto, nos Estados Unidos, e no Instituto Max Planck, na Alemanha, onde recebeu a prestigiosa bolsa da Humboldt Foundation.

Geane Alzamora éprofessora do Departamento de Comunicação Social da UFMG, atua nas áreas de semia³tica e teorias do jornalismo, com foco na dina¢mica transma­dia, na rede interma­dia e no jornalismo multiplataforma. Graduou-se em comunicação social, com habilitação em jornalismo, na PUC Minas e cursou mestrado e doutorado em comunicação e semia³tica na PUC-SP. Fez esta¡gio doutoral na Universita¤t Kassel e residaªncia pa³s-doutoral na Universitat Pompeu Fabra, na Espanha. a‰ integrante do Naºcleo de Pesquisa em Conexaµes Intermidia¡ticas (NucCon), vinculado ao Centro de Convergaªncia de Novas Ma­dias (CCNM).

Os ingressos são distribua­dos gratuitamente na bilheteria do CCBB uma hora antes do evento, que tem duração de 60 minutos. As edições do UFMG Talks podem ser assistidas no canal da TV UFMG no YouTube e no site da Pra³-reitoria de Pesquisa. Mais informações estãodisponí­veis no site do evento.

Revolução genanãtica 

Na edição de novembro (dia 6) do UFMG Talks, os convidados Sa­lvia Guatimosim, do Departamento de Fisiologia e Biofa­sica do ICB, e Ivan Domingues, do Departamento de Filosofia, conversara£o sobre Revolução genanãtica: tecnologia para manipulação do DNA.

O evento éorganizado pela Pra³-reitoria de Pesquisa (PRPq) em parceria com o Centro de Comunicação (Cedecom) e apoio da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep).

 

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