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As histórias culturais dos dois lados do Atla¢ntico
Novo número da revista traz dossiaª sobre projeto de cooperaça£o internacional entre Brasil e Frana§a
Por Claudia Costa - 14/01/2020


Arte sobre foto de capa/Revista USP 123

A Revista USP acaba de lana§ar seu número 123, que traz em destaque o dossiaª Hista³rias Culturais Transatla¢nticas. Organizado pelos pesquisadores franceses Anaa¯s Flanãchet (Departamento de Hista³ria da UniversitéVersailles Saint-Quentin-em-Yvelines) e Olivier Compagnon (Institut des Hautes Etudes d’Amanãrique Latine da UniversitéSorbonne Nouvelle osParis 3) e pela brasileira Gabriela Pellegrino Soares (Departamento de Hista³ria da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas osFFLCH da Universidade de Sa£o Paulo), o dossiaª apresenta resultados do projeto de cooperação internacional Transatlantic Cultures osCultural Histories of the Atlantic World 18th-21dt Centuries.

Financiado pelas agaªncias de pesquisa Fapesp (Fundação de Amparo a  Pesquisa do Estado de Sa£o Paulo) e ANR (Agence Nationale de la Recherche), o projeto, como informam os organizadores na apresentação da revista, évoltado a  construção de uma plataforma digital de livre acesso, reunindo narrativas sobre as dina¢micas de circulação cultural que, na anãpoca contempora¢nea, entrelaa§am regiaµes do espaço atla¢ntico (compreendendo a Europa, a áfrica e as Amanãricas). “A plataforma, em fase de experimentação, estãobaseada na Digital Humanities open plataforma osTGIR Huma-Num, vinculada ao CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique), na Frana§a”, completam.

Selo comemorativo do centena¡rio de nascimento de Fernando Ortiz, intelectual cubano conhecido pela criação do conceito transculturação osImagem: 123RF/Sergey Galyamin
Ao lado das equipes, brasileira e francesa, o projeto ainda conta com uma extensa rede de colaboradores de diferentespaíses e instituições, e “as abordagens desenvolvidas dialogam com correntes hoje em voga no campo da história osas chamadas histórias conectadas, a história transacional, a história global”. Esse “laboratório” vai capturar os processos de mundialização e globalização cultural desde o final do século 18. “Nosso objetivo não étrazr um panorama exaustivo desses interca¢mbios oso que naturalmente seria impossí­vel –, mas propor uma reflexa£o cra­tica sobre as circulações e a mundialização cultural, assim como sobre os processos identita¡rios e as fronteiras (políticas, lingua­sticas, culturais e simba³licas) que contribua­ram para o estabelecimento e para a renovação dos grandes ares culturais no transcorrer dos últimos séculos”, concluem.

O dossiaª reaºne seis artigos de pesquisadores brasileiros, membros da equipe de colaboradores do projeto. Entre eles, Fernando Ortiz e a rede transatla¢ntica de interca¢mbios, de JoséLuis Bendicho Beired, que trata da trajeta³ria do intelectual cubano Fernando Ortiz (1881-1969), conhecido pela criação do conceito transculturação, iluminando suas contribuições pioneiras para o estudo da população negra em Cuba, no campo da história e da cultura. Outros dois ensaios tratam da música: Cartografias transatla¢nticas da música popular nas Amanãricas, produzido por Marcos Napolitano, percorre territa³rios da história da música popular em que se captura a circulação e reinvenção de instrumentos, ritmos e sonoridades, colocando em evidência apropriações musicais africanas e europeias nas Amanãricas; e Maºsica de concerto no Brasil: O modernismo musical e suas circulações transatla¢nticas, de AndréEgg, aborda o movimento a partir de duas personalidades da Semana de Arte Moderna: Ma¡rio de Andrade e Heitor Villa-Lobos.

Ha¡ também um artigo de Alexsandro de Sousa e Silva sobre a produção da cineasta Sarah Maldoror (Guadalupe, Antilhas), que, segundo os organizadores, mesmo tendo estudado na Raºssia e com carreira na Frana§a, fez da áfrica e da denaºncia a  violência colonial em meio a s guerras da independaªncia objeto principal de sua produção. Completam o dossiaª os artigos As três eras do Atla¢ntico Sul, de Luiz Felipe de Alencastro; e O cinema em perspectiva transatla¢ntica: prática s hista³ricas e culturais nas exposições universais, de Eduardo Moretin.

Além do dossiaª, a Revista USP ainda traz, na seção Arte, uma reflexa£o de Alecsandra Matias de Oliveira (Associação Brasileira de Cra­ticos de Arte) sobre o painel Etnias: do primeiro e sempre Brasil, da artista pla¡stica Maria Bonomi, exposto desde 2006 no Memorial da Amanãrica Latina, em Sa£o Paulo. Segundo a autora, “a instalação conta a história do Brasil, do período colonial a  atualidade, com uma sanãrie de fotogramas gigantes e penetra¡veis”. E, na seção Textos, Charles Darwin (1809-1882), que em 2019 comemorou os 210 anos de seu nascimento e os 160 anos da publicação de sua obra fundamental A origem das espanãcies, érevisitado em artigo escrito por Lilian Al-Chueyr Pereira Martins (Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeira£o Preto da USP).

 

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