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Pandemia provoca cancelamento de pesquisas na Anta¡rtica no vera£o 2020-2021
UFMG mantanãm três linhas de estudos no continente; atividades remotas estãomantidas
Por Ewerton Martins Ribeiro - 15/07/2020


Nova Estação Comandante Ferraz na Anta¡rtica
Marinha do Brasil

Todas as pesquisas de campo programadas pelo Programa Anta¡rtico Brasileiro (Proantar) na Estação Anta¡rtica Comandante Ferraz (EACF), base brasileira localizada na ilha de Rei George, na Anta¡rtica, para o vera£o de 2020-2021, foram canceladas. O motivo éa pandemia do va­rus Sars-CoV-2, causador da covid-19.

A decisão foi tomada devido ao risco para a saúde dos pesquisadores e do pessoal de apoio, a  inviabilidade de se realizar as quarentenas médicas necessa¡rias nos deslocamentos de ida e volta e para evitar a transmissão do coronava­rus para espanãcies da fauna anta¡rtica. O continente éo aºnico ainda sem registros da doena§a.

A decisão tomada pelo Programa Anta¡rtico Brasileiro se alinha a s dos principais programas anta¡rticos nacionais do mundo oscomo os da Austra¡lia, dos Estados Unidos, da Nova Zela¢ndia e do Reino Unido –, que já anunciaram o cancelamento da maior parte ou de todas as expedições cienta­ficas programadas para o vera£o 2020-2021.

Os estudos laboratoriais realizados a distância (por satanãlites, modelos, reuniaµes cienta­ficas on-line etc.) seguem normalmente. A previsão éque os trabalhos presenciais retornem no vera£o de 2021-2022, “quando, então, os pesquisadores esperam que a pandemia tenha passado e/ou uma vacina efetiva esteja dispona­vel”, informa em comunicado o INCT da Criosfera, sediado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A opinia£o dos pesquisadores da UFMG

"Como bia³logo e microbiologista, reforço minha grande preocupação com a questãosanita¡ria referente a  covid-19”, diz o professor Luiz Henrique Rosa, do Departamento de Microbiologia do ICB, que desenvolve pesquisas no continente e colaborou com a montagem e a instalação dos equipamentos da nova estação, inaugurada no ini­cio deste ano.

Com 14 anos de atuação no Proantar e participação em 12 operações no continente, Luiz Rosa destaca o acerto da decisão, se consideradas todas as varia¡veis envolvidas, como a impossibilidade de acesso a UTIs e as alterações que o clima no continente provoca na resposta imunola³gica humana.

“Vale ressaltar que, caso algum pesquisador ou militar sofresse com os efeitos danosos da covid-19 nos navios ou na Estação Anta¡rtica, seria muito difa­cil transporta¡-lo com segurança para o Chile ou para o Brasil para um tratamento adequado, considerando que, nos navios e na Estação Anta¡rtica, não háventiladores meca¢nicos e centros de tratamento intensivos", registra.

A médica Rosa Maria Esteves Arantes, professora do Departamento de Patologia do ICB, que participa de trabalhos no continente, sustenta que, para garantir a segurança da equipe que passou o último inverno (2019) na Estação Comandante Ferraz e a continuidade da operação, serápreciso planejar uma loga­stica operacional especa­fica para a troca das equipes no fim deste ano. “Precisaremos de protocolos robustos de pré-triagem, testes e medidas rigorosas de isolamento da equipe que fara¡ o lana§amento dos navios e cargas e do grupo de militares que partira¡ do Brasil no ini­cio do vera£o austral (outubro/novembro) e substituira¡ o grupo que la¡ se encontra isolado desde mara§o deste ano”, lembra.

Reinauguração

Com forte participação da UFMG, a Estação Anta¡rtica Comandante Ferraz foi reinaugurada em janeiro deste ano. Ela havia sido destrua­da por um incaªndio no ini­cio de 2012. A Universidade mantanãm três linhas de pesquisas no a¢mbito do Proantar.

O projeto Mycoantar desenvolve estudos sobre a diversidade de fungos presentes no continente, com o objetivo de avaliar a possibilidade de cataloga¡-los e utiliza¡-los como fonte de antibia³ticos para uso na medicina. Esse projeto éliderado por Luiz Rosa.

O Mediantar, por sua vez, reaºne investigações sobre os efeitos fisiola³gicos e psicola³gicos que o ambiente inóspito da Anta¡rtica ose o isolamento que éinerente a ele osgera ou pode gerar na saúde dos pesquisadores e militares que trabalham no continente. Rosa Arantes coordena esse programa.

Por fim, o Laborata³rio de Estudos Anta¡rticos em Ciências Humanas (Leach) investiga ospor meio da recuperação de artefatos arqueola³gicos osa dina¢mica social e os modos de vida estabelecidos nas primeiras ocupações da regia£o, nos séculos 18 e 19. O laboratório écoordenado por Andranãs Zarankin, professor do Departamento de Antropologia e Arqueologia da UFMG.

Gerenciado pelos ministanãrios da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), das Relações Exteriores (MRE) e da Defesa (MD), o Programa Anta¡rtico Brasileiro (Proantar) éa insta¢ncia do governo federal que coordena toda a pesquisa brasileira na regia£o da Anta¡rtica e mantanãm a Estação Anta¡rtica Comandante Ferraz.

 

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