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USP alcana§a meta de inclusão social em 2020 e tem mais alunos de escolas públicas
Neste ano, 45,6% dos alunos ingressantes são oriundos de escolas públicas e 44,1% ingressaram na modalidade PPI
Por Adriana Cruz - 29/07/2020



Em 2020, a USP registrou o a­ndice de 45,6% de alunos matriculados oriundos de escolas públicas em seus cursos de graduação, e, dentre eles, 44,1% autodeclarados pretos, pardos e inda­genas (PPI), e alcana§ou a meta estabelecida pelo Conselho Universita¡rio para a reserva de vagas destinadas a esses estudantes.

Este éo terceiro ano em que a USP adota a reserva de vagas. A reserva vem sendo feita de forma escalonada: no ingresso de 2018, foram reservadas 37% das vagas de cada Unidade de Ensino e Pesquisa; em 2019, a porcentagem foi de 40% de vagas reservadas de cada curso de graduação; para 2020, a reserva das vagas em cada curso e turno foi de 45%; e no ingresso de 2021 e nos anos subsequentes, a reserva de vagas devera¡ atingir os 50% por curso e turno.

Nessa reserva também incide o porcentual de 37,5% de cotas para estudantes autodeclarados PPI, a­ndice equivalente a  proporção desses grupos no Estado de Sa£o Paulo verificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estata­stica (IBGE).

Vahan Agopyan osFoto: Marcos Santos/USP Imagens
Na inscrição do vestibular, tanto para a Fuvest quanto para o Sisu, ao escolher sua carreira e seu curso, o vestibulando tem três opções: Ampla Concorraªncia (AC), Ação Afirmativa Escola Paºblica (EP) e Ação Afirmativa Preto, Pardo e Inda­gena (PPI).

“A reserva de vagas na USP para alunos oriundos de escolas públicas e, dentre eles, os autodeclarados pretos, pardos e inda­genas não deve ser vista como uma atitude puramente assistencial. Por um lado, ela éum ato de justia§a social, pois da¡ a oportunidade de jovens inteligentes, mas sem a oportunidade de se prepararem adequadamente, ingressarem na Universidade e, por outro, éuma maneira da própria USP atrair esses talentos para os seus quadros. No fim, a grande vencedora éa sociedade”, afirma o reitor Vahan Agopyan.

Mais diversidade

Em 2020, o número de calouros autodeclarados PPI nos cursos de graduação aumentou. Neste ano, dos 11.086 alunos ingressantes, 2.897 são estudantes pertencentes a esse grupo, o que representa 26,1% do número total de vagas, independentemente da modalidade de concorraªncia.  No ano passado, esse a­ndice foi de 25,7%.

O pra³-reitor de Graduação, Edmund Chada Baracat, chama a atenção para o fato de que 21,1% desses alunos não utilizaram o sistema de reserva de vagas para ingressar na Universidade os611 entraram na modalidade Ampla Concorraªncia, 372 na modalidade Escola Paºblica e 1.914 estudantes foram admitidos por meio da modalidade EP-PPI.

Outro dado ressaltado pelo pra³-reitor éque 47,8% (5.299) dos alunos ingressantes cursaram todo o ensino manãdio em escolas públicas, contra os 45,2% (5.010) vindos de instituições particulares. Em 2019, esse a­ndice foi de 41,8%. “O número de estudantes oriundos da escola pública vem aumentando ano a ano e estamos caminhando a passos largos para que esse a­ndice alcance os 50% em 2021”, considera Baracat.

Os demais 924 ingressantes cursaram o ensino manãdio parte em escola pública, parte em escola privada ou, ainda, em escolas particulares com bolsas e em fundações.

Importante mudança no perfil dos ingressantes diz respeito a  situação socioecona´mica da fama­lia. Em 2020, 47,5% dos calouros tem renda familiar bruta entre um e cinco sala¡rios ma­nimos e 52,5% tem renda acima dos cinco sala¡rios ma­nimos. Em 2019, esses a­ndices foram de 45% e 55%, respectivamente.

Metas alcana§adas

De acordo com levantamento feito pela Pra³-Reitoria, dos 181 cursos oferecidos pela Universidade, 152 cumpriram a meta, atingindo 45% ou mais das vagas preenchidas por alunos de escolas públicas, e 23 deles registraram a­ndice acima dos 40%.

Entre os PPI ingressantes segundo a modalidade EP/PPI, 150 cursos cumpriram a meta de, no ma­nimo, 37,5% das vagas preenchidas destinadas a esse grupo. Em 141 deles, o porcentual de autodeclarados PPI dentre os alunos oriundos de escola pública foi de, pelo menos, 40%, destacando-se os cursos de Farma¡cia (integral), com 54,5%; Design (noturno) com 52,6%; Relações Internacionais (diurno), com 57%; Biotecnologia (diurno), com 53,6%; Direito (noturno), com 46,7%; Relações Paºblicas (matutino), com 66,7%; e Geografia (diurno), com 68,4%.

Os cursos de Medicina oferecidos pela USP também alcana§aram resultados expressivos e tiveram, entre os matriculados, 46,8% de alunos PPI oriundos de escolas públicas, em Sa£o Paulo; 44,4% em Ribeira£o Preto, e 40,7% em Bauru.

No caso dos cursos de Engenharia, a Escola Politécnica (Poli), a Escola de Engenharia de Sa£o Carlos (EESC) e a Escola de Engenharia de Lorena (EEL) tiveram a média de 40,5% de alunos EP-PPI.

Incentivo para o ingresso

Uma das ações adotadas para estimular a participação de estudantes de escolas públicas nos processos de seleção para o ingresso na USP foi a criação do programa Vem pra USP!, que já estãoem sua terceira edição.

Uma das vantagens de participar do programa éque o aluno consegue vivenciar como funciona o processo de ingresso em uma universidade pública, desde o formula¡rio de inscrição, o acesso aos conteaºdos abordados, atéconhecer as possibilidades de auxa­lio no caso de possuir necessidades socioecona´micas.

A CUCo éuma dessas experiências. O aluno participa de uma prova realizada pela internet, com 18 questões de maºltipla escolha sobre ciências humanas, ciências da natureza, matemática e la­ngua portuguesa. Os alunos com melhor desempenho avana§am para uma segunda fase, que geralmente épresencial na escola de origem, com testes das mesmas disciplinas. Onívelde dificuldade das questões varia conforme o ano do ensino manãdio em que o aluno esta¡.

Em 2019, o Vem pra USP! teve número recorde de inscritos. Foram quase 140 mil estudantes do ensino manãdio, oriundos de 3.710 escolas do Estado de Sa£o Paulo, localizadas em 602 munica­pios. Mais de 600 alunos participantes da Competição USP de Conhecimentos (CUCo) foram aprovados para ingressar na USP no vestibular deste ano.

A CUCo érealizada a partir da parceria entre a USP, a Fundação Universita¡ria para o Vestibular (Fuvest) e a Secretaria da Educação do Estado de Sa£o Paulo. O programa também conta com a colaboração das Diretorias Regionais de Ensino, do Centro Paula Souza e das escolas vinculadas.

Depois, como continuidade do Vem pra USP!, os estudantes mais bem classificados nas provas são premiados com monitorias de alunos da USP, isenção da taxa do vestibular, bolsas de pré-iniciação cienta­fica na Universidade, entre outras vantagens. Professores, escolas e graªmios estudantis também são beneficiados. Além disso, os estudantes recebem informações sobre ações da Universidade que viabilizam sua permanaªncia, como bolsas e auxa­lios para que eles possam se manter atéa conclusão do curso.

“A CUCo émais que uma competição. a‰ uma oportunidade. Ela busca despertar no estudante o interesse pelo curso superior e ainda oferece acesso para que ele complemente seus estudos e conhea§a um pouco mais do ambiente universita¡rio”, ressalta o vice-reitor da USP, Antonio Carlos Hernandes, idealizador do programa.

Neste ano, o programa encerrou o período de inscrições no último dia 24 de julho.

 

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