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Filtro dos sonhos ajuda jovens da Fundação Casa a gerar renda e empreender
Projeto de alunos da Escola de Engenharia de Lorena da USP estimula empreendedorismo por meio de oficinas de artesanato
Por Karina Tarasiuk - 30/07/2020


Filtro dos sonhos comercializados por meio do Instagram do projeto Joa£o de Barro osFoto: Reprodução/ Instagram

Filtro dos sonhos, apanhador dos sonhos, caçador dos sonhos. Sa£o diferentes os nomes usados para o amuleto ligado a  cultura inda­gena. Segundo a crena§a, ele éum purificador de energias e traz sabedoria e sorte a quem o possui. A partir da confecção desses filtros, jovens que estãocumprindo medidas socioeducativas na Fundação Casa de Lorena, interior de Sa£o Paulo, tem conquistado renda e aprendido sobre empreendedorismo.

A iniciativa éorganizada por alunos da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP. Eles integram a Enactus, uma organização mundial de estudantes que trabalha com empreendedorismo social. O grupo fez parceria com a Fundação Casa para trabalhar com jovens da instituição.

Um desses projetos éo Joa£o de Barro, que funciona desde agosto de 2017. Uma vez por semana, os universita¡rios organizam duas oficinas: produção de artesanatos e empreendedorismo. Eles ensinam sobre precificação de produtos, cores, marketing, entre outras informações, além da confecção de filtros dos sonhos a partir de quatro técnicas diferentes. 

“Inicialmente, a ideia era realizar oficinas socioemocionais, juntamente com a aplicação de artesanato. Depois trabalhamos na confecção de almofadas e, hoje, estamos com o filtro dos sonhos, que éo que mais funciona para os meninos”, comenta Ca¡ssia Alves, 20 anos, estudante de Engenharia Quí­mica da EEL e uma das lideres do projeto que conta com outros nove participantes.

As oficinas são organizadas em turmas de 12 a 15 jovens escolhidos pela própria equipe pedaga³gica da Fundação Casa. Alguns deles, que já realizaram o curso, trabalham como replicadores, auxiliando os demais participantes. 

Os filtros são vendidos pela comissão do projeto a partir do Instagram ou de eventos do Grupo Enactus EEL. Quem tiver interesse, ésão entrar em contato pela rede social. Uma parte da renda volta para o pra³prio projeto para compra de mais material. A outra retorna a  fundação para compra de itens para os jovens internos, como bolas de basquete, filtro de águapara a quadra etc.

Em tempos de pandemia

Em mara§o, o Estado de Sa£o Paulo entrou em isolamento social devido a  pandemia de covid-19. Assim, o Joa£o de Barro teve que fazer uma pausa. “Mantivemos contato com a Fundação Casa e discutimos a possibilidade de aplicar oficinas on-line. A fundação fechou uma plataforma para isso e estamos esperando a confirmação de uso. Em agosto, vamos comea§a¡-las”, conta Ca¡ssia.

Nesse tempo de pausa, o grupo manteve a divulgação no Instagram. “Estamos produzindo conteaºdos para desmistificar a ideia que se tem dos meninos. Muita gente tem preconceito com a Fundação Casa, então trabalhamos conteaºdos nesse sentido, além de expor os filtros do sonho para vendaª-los.”

Oportunidade de emprego

O grupo Enactus EEL já tem planos para novas ações com jovens da Fundação Casa de Lorena, como o Cana¡rio: oficinas de barbearia com empreendedorismo. A ideia surgiu em 2019, a partir do Joa£o de Barro e do contato com um juiz da cidade. “Ele queria fazer um projeto voltado a  vida dos meninos após a passagem pela fundação”, conta Adriele Braga, 24 anos, estudante de Engenharia Quí­mica da EEL e lider do projeto.

Ela ressalta um fator diferencial da ação: oferecer oportunidade de emprego após a passagem pela fundação. “Selecionaremos meninos que estãopra³ximos de sair, assim eles ira£o para uma barbearia, recebendo um esta¡gio remunerado. O juiz liberou uma verba para o projeto voltado para a compra dos materiais a serem usados nas barbearias e para pagar a bolsa para os meninos.”

A ideia da barbearia veio de uma demanda dos pra³prios internos. Uma parceria foi fechada com cinco barbeiros da cidade de Guaratingueta¡, vizinha a  Lorena. “Eles ensinam a parte prática e nosorganizamos oficinas de empreendedorismo. Passados três meses, os meninos tera£o um esta¡gio remunerado dentro da barbearia, no qual conseguira£o colocar em prática tudo aquilo que ensinamos.” 

O Cana¡rio tera¡ duração total de seis meses, três dentro da fundação, com as oficinas empreendedoras e de barbearia, e três com os esta¡gios remunerados. “Conseguimos toda a documentação para liberar o projeto, e ira­amos comea§ar sua aplicação no ini­cio deste ano, mas veio a pandemia”, diz Adriele.

Agora, a previsão éiniciar o projeto presencialmente em 2021, enquanto isso o grupo pensa alternativas para manter o contato com os jovens. “Estamos planejando fazer alguns va­deos sobre a questãoempreendedora e passar a todos da fundação. Tambanãm pensamos em fazer va­deos dos barbeiros contando um pouco sobre como éter um pra³prio nega³cio, dificuldades e superações, para encorajar os meninos”, diz Adriele. 

Além dos dois projetos com a Fundação Casa, o grupo Enactus da EEL, que existe desde 2015, éresponsável pelo Bigua¡, que oferece aulas de roba³tica em escolas públicas, e o Cigana, com oficinas de panificação, a partir do bagaa§o de malte, de grande valor nutricional.

O projeto Cigana tem parceria com o Centro de Referaªncia e Assistaªncia Social (CRAS), mas, com a pandemia, teve que pausar as atividades. O grupo não ficou parado e fez  campanha de arrecadação de dinheiro para a compra de kits de higiene. Mais de 800 fama­lias foram ajudadas.

No caso do projeto Bigua¡, houvemudanças na grade escolar das escolas e a disciplina de roba³tica foi descontinuada. Agora, o grupo Enactus estãoestruturando uma proposta de oferecer a oficina fora das escolas.
 

Para mais informações, acesse:

Enactus EEL-USP
Facebook:  https://www.facebook.com/enactuseel/ 
Instagram: https://www.instagram.com/enactus.eel.usp/?hl=pt-br 
WebSite: http://enactuseelusp.com.br/ 
Linkedin: https://www.linkedin.com/company/enactus-eel-usp/

 

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