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Padre Jaºlio Lancellotti e Instituto Geledanãs recebem Praªmio USP de Direitos Humanos 2020
A premiaa§a£o homenageia pessoas e instituia§aµes que tenham contribua­do significativamente para a difusão, disseminação e divulgaa§a£o dos direitos humanos no Brasil
Por Adriana Cruz - 22/12/2020


O vice-reitor da USP, Antonio Carlos Hernandes (a  esquerda) e o reitor Vahan Agopyan fizeram a entrega simba³lica dos diplomas a  presidente do Instituto Geledanãs, Maria Sylvia Aparecida de Oliveira, e ao padre Jaºlio Lancellotti (no destaque) osFoto: Ceca­lia Bastos/USP Imagens

O padre Jaºlio Lancellotti e o Geledanãs osInstituto da Mulher Negra foram os ganhadores do Praªmio USP de Direitos Humanos 2020. A cerima´nia virtual de premiação foi realizada no dia 21 de dezembro.

O Praªmio USP de Direitos Humanos, que estãoem sua 17ª edição, foi criado pela Comissão de Direitos Humanos da Universidade em 2000, com o objetivo de identificar e homenagear pessoas e instituições que, por suas atividades exemplares, tenham contribua­do significativamente para a difusão, disseminação e divulgação dos direitos humanos no Brasil.

Premiado na categoria individual, o padre Jaºlio Lancellotti éreferaªncia nacional na defesa dos direitos humanos e dedica-se, hámais de 30 anos, a  assistaªncia a  população marginalizada. Participou da fundação da Pastoral da Criana§a e na formulação do Estatuto da Criana§a e do Adolescente (ECA) e tem atuado fortemente junto a menores infratores, detentos em liberdade assistida, pessoas carentes e em situação de rua, imigrantes sem teto e refugiados, além de criana§as e adultos com o va­rus da imunodeficiência humana (HIV) ou com a sa­ndrome da imunodeficiência adquirida (Aids). Em 1991, fundou a Casa Vida I e, em seguida, uma segunda unidade (Casa Vida II), que acolhem essa população.

Ha¡ mais de 25 anos, éviga¡rio episcopal da Pastoral do Povo da Rua e lidera vários projetos municipais, como A Gente na Rua, composto por agentes comunita¡rios de saúde e ex-moradores de rua e, mensalmente, realiza missas junto aos indivíduos que habitam a Cracola¢ndia.

O Geledanãs osInstituto da Mulher Negra, vencedor na categoria institucional, éuma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso a s oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira.

Posiciona-se também contra todas as demais formas de discriminação que limitam a realização da plena cidadania, tais como: a lesbofobia, a homofobia, os preconceitos regionais, de credo, opinia£o e de classe social. As áreas priorita¡rias da ação pola­tica e social do Geledanãs são a questãoracial, as questões de gaªnero, as implicações desses temas com os direitos humanos, a educação, a saúde, a comunicação, o mercado de trabalho, a pesquisa acadaªmica e as políticas públicas.

Em todos esses temas, o Geledanãs desenvolve projetos pra³prios ou em parceria com outras organizações de defesa dos direitos de cidadania, além de monitorar no Portal Geledanãs o debate paºblico que ocorre sobre cada um deles no Brasil e no mundo.

Luta dia¡ria

A cerima´nia teve ini­cio com a fala do presidente da Comissão de Direitos Humanos, JoséGregori. “Esse tipo de ação [a premiação] faz com que USP participe de algo indispensa¡vel no século 21, que éa lembrana§a e o esta­mulo para certos assuntos que a sociedade ainda não tomou a sanãrio. Esses temas tem de ser incorporados em nossas preocupações dia¡rias. Este praªmio éuma mostra de vanguarda da USP e a Universidade tem que ter esse papel”, destacou Gregori.

Em seguida, foram feitas as apresentações e saudações aos premiados pelos integrantes da Comissão, Gustavo Gona§alves Ungaro e Eunice Prudente.

“Este praªmio toca muito no meu coração, na minha vida, em um momento de tantos desafios, tantas ameaa§as, tantas dificuldades, como um gesto de solidariedade. A solidariedade não pode ser pandaªmica, tem que ser endaªmica, e tem que entrar nas estruturas, não basta ter momentos de solidariedade. A pandemia, como uma varinha ma¡gica, não mudou a sociedade. As pessoas precisam ser mudadas a partir de uma reflexa£o do que nosestamos vivendo. Foi durante esta pandemia que o racismo se tornou mais forte, a misoginia, a homofobia, a aporofobia, se tornaram mais violentas e fortes”, afirmou Lancellotti.

O padre afirmou que “a população de rua não precisa ser tutelada, tem que ter autonomia, que eles sejam responsa¡veis pela construção. A USP éum lugar sagrado, de ciaªncia, do conhecimento, da busca. Que a USP ajude a população de rua de maneira a fazer propostas, que caminhos devemos seguir, como entender esse fena´meno hista³rico”.

Para a presidente do Instituto Geledanãs, Maria Sylvia Aparecida de Oliveira, “esta premiação representa o reconhecimento da USP de que racismo e sexismo são categorias estruturantes da violação de direitos humanos no Brasil. Importante sinalização para o conjunto da sociedade e as principais instituições formadoras de opinia£o da importa¢ncia destas matérias que aqui estãoem questão”.

Ao encerrar a cerima´nia, o reitor da USP, Vahan Agopyan, reiterou que o Praªmio USP de Direitos Humanos “reflete as nossas preocupações com o que acontece com a sociedade. A Universidade esta¡, sim, comprometida com essas discussaµes e tem consciência que a luta em prol dos direitos humanos éconta­nua e que temos de propor alternativas para esse combate, que édiuturno”.

 

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