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Praªmio de Inovação Fleury tem três projetos da Unicamp entre os vencedores
Os vencedores foram premiados em três categorias e o resultado foi divulgado no ini­cio de dezembro em uma cerima´nia realizada on-line. Cada projeto foi apresentado no formato de va­deo.
Por Felipe Mateus - 31/12/2020


Iniciativas e novos produtos buscam soluções para a pandemia do coronava­rus e promovem a parceria entre diferentes áreas

Traªs projetos da Unicamp foram vencedores da 6ª edição do Praªmio de Inovação do Grupo Fleury. O concurso reconhece projetos inovadores na área da saúde e, neste ano, premiou ideias para a superação da pandemia do coronava­rus, tanto no combate e prevenção da covid-19, quanto na necessidade de adaptação do cotidiano. Os vencedores foram premiados em três categorias e o resultado foi divulgado no ini­cio de dezembro em uma cerima´nia realizada on-line. Cada projeto foi apresentado no formato de va­deo. 

O projeto "CoronaYeast: um modelo de diagnóstico barato esensívelpara o SARS-CoV-2 baseado em levedura", desenvolvido pelo Laborata³rio de Gena´mica e Bioenergia (LGE) da Unicamp, em parceria com a empresa-filha da Universidade BIOinFOOD, foi o primeiro colocado na categoria "Detecção e Diagnóstico". Já o primeiro colocado na categoria "Tratamento e Prevenção" foi o projeto "Recobrimento antiviral para a funcionalização desuperfÍcies de equipamentos de proteção individual", do Laborata³rio de Engenhara e Quí­mica de Produtos (LEQUIP). A Fora§a-Tarefa Unicamp contra a Covid-19 ficou em segundo lugar na categoria "Adaptação a  Pandemia". 

O projeto desenvolvido pelo LEQUIP da Unicamp consiste na criação do SprayCov, um la­quido em spray capaz de eliminar o coronava­rus desuperfÍcies como os equipamentos de proteção individual (EPIs), utilizados por profissionais de saúde e também as máscaras de algoda£o. A ideia éque ele sirva como uma proteção extra ao bloqueio fa­sico do va­rus, formando uma barreira ativa que destra³i o SARS-CoV-2, o que amplia a segurança e a durabilidade dos EPIs. Nos testes realizados pelo laboratório, o produto manteve a eficácia por 3 dias, impedindo a replicação do va­rus.  

O reconhecimento obtido por meio do praªmio serve como incentivo aos estudantes e jovens pesquisadores que atuaram no desenvolvimento do produto. "Para os alunos foi muito empolgante, porque eles tiveram a oportunidade de aplicar aquele conhecimento acumulado ao longo do tempo em um alvo muito especa­fico. Foi um exemplo de como o conhecimento, em um momento de necessidade, vem para trazer uma solução. Ao mesmo tempo, foi interessante ver como o direcionamento de um certo problema fez com que vários grupos da universidade se unissem para prover soluções", avalia Marisa Beppu, professora da Faculdade de Engenharia Quí­mica (FEQ) da Unicamp e fundadora do LEQUIP. Ela também acrescenta que a criação do SprayCov abre caminho para outras inovações no desenvolvimento de virucidas, com produtos ainda mais específicos, seguros e efetivos no combate a agentes causadores de novas doena§as. 

Marisa também avalia que a experiência de trabalhar junto a áreas diferentes, por conta da emergaªncia que o coronava­rus impa´s aos pesquisadores, trouxe um aprendizado positivo que deve guiar a ciência no futuro: "a‰ uma lição clara de sinergia muito importante. Uma lição de que contar com um arcabouço de conhecimento éimportante. Na³s não direciona¡vamos essas pesquisas para va­rus. Na³s, especificamente, estuda¡vamos esses recobrimentos para células tumorais. Nãodeixamos isso de lado, mas a emergaªncia da pandemia fez com que nosnos flexibiliza¡ssemos para poder prover alguma solução direcionada".

foto mostra prédio do LGE da unicamp - Pesquisadores ligados ao LGE da Unicamp trabalham no desenvolvimento do CoronaYeast. O produto já teve a patente
solicitada (foto: reprodução Agência de Inovação)

Já o CoronaYeast éum prota³tipo de teste para detecção do coronava­rus que utiliza um tipo levedura que muda de cor quando entra em contato com o SARS-CoV-s encontrado em amostras de saliva, por exemplo. Isso ocorre graças a um biosensor inclua­do nas células da levedura. O projeto édesenvolvido pelo pa³s-doutorando Fellipe Bezerra de Mello e pela mestranda Carla Maneira da Silva, pesquisadores ligados ao LGE, em parceria com a empresa-filha da Unicamp BIOinFOOD. A equipe conta também com financiamento da Finep. 

Segundo Gona§alo Guimara£es Pereira, coordenador do LGE, o objetivo éque o teste seja uma alternativa mais rápida, barata e acessa­vel a s pessoas, auxiliando na tomada de decisaµes e no controle da doena§a. "Nossa motivação foi vermos que não existe um teste que realmente fosse como um 'teste dos sonhos', que apontasse se vocêestãoou não infectado e que pudesse ser feito em casa, por exemplo. Se temos um teste desse tipo, podemos nos organizar, saber onde estãoas infecções, as pessoas podem ter segurança para se movimentar, para trabalhar. E dificilmente esse seráo último va­rus do tipo a surgir", explica. 

O projeto do CoronaYeast segue em andamento, mas a patente para a tecnologia já foi solicitada. A expectativa éque no primeiro semestre de 2021 os estudos apontem a eficácia da técnica desenvolvida. "a‰ uma ciência de fronteira, uma estratanãgia inovadora, que pode ser revoluciona¡ria se funcionar. O mundo precisa pensar fora da caixa, com estratanãgias de testes que não demandem laboratórios, que podem ser levados a regiaµes muito pobres, por exemplo", ressalta Gona§alo.  

foto mostra pesquisador vestido com roupas de proteção segurando uma amostra de
coronava­rus. Fora§a Tarefa foi criada logo no ini­cio da pandemia do coronava­rus e tem
sido fundamental nos trabalhos realizados pela Universidade
no combate a  covid-19 (foto: Liana Coll)

Criada na Universidade frente a  necessidade de enfrentamento da pandemia do coronava­rus, a Fora§a Tarefa Unicamp contra a Covid-19 reaºne especialistas de diversas áreas que trabalham de forma conjunta. Ela conta com dez frentes de atuação, desde a realização de pesquisas biológicas sobre o coronava­rus, passando pela ampliação na capacidade de testagem da população, contribuindo com o sistema paºblico de saúde, atéo trabalho com análises do impacto humano e social causados pela pandemia e crise econa´mica decorrente dela. 

"Fiquei bastante surpreso em saber que, de forma independente, dois grupos da Unicamp se inscreveram em outras duas categorias. Para mim, isso já demonstra a importa¢ncia de uma organização como da força tarefa, de propiciar a possibilidade de os alunos se organizarem, porque os professores catalisaram, mas quem realmente se envolveu nisso foram os alunos. Isso me deixa bastante satisfeito", comemora Marcelo Mori, coordenador da Fora§a Tarefa Unicamp. 

A importa¢ncia dos trabalhos realizados pelo grupo, aliado ao sucesso do trabalho interdisciplinar desenvolvido, motiva agora a Unicamp a tornar a Fora§a Tarefa permanente, ampliando a capacidade de a Universidade se organizar frente a  situações emergenciais que possam surgir no futuro. "O que a gente pretende agora éter uma organização que torne mais fa¡cil nossa resposta a doenças emergentes e a doenças cuja prevalaªncia venha aumentando ao longo do tempo. Para isso, percebemos com a Fora§a Tarefa que épreciso articulação, interdisciplinaridade, que grupos diferentes conversem e busquem soluções conjuntas", explica Mori. 

 

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