Campus

Assistaªncia a idosos com deficiência auditiva rende praªmio a hospital da USP em Bauru
Durante a pandemia, Hospital de Reabilitaa§a£o estruturou protocolo de atendimento a s fama­lias que incluiu atendimento presencial, teleconsulta e va­deos informativos; aa§aµes permitiram que 571 idosos continuassem com audia§a£o
Por Tiago Rodela - 16/02/2021


Fonoaudia³loga Raquel Pinheiro da Silva (residente do HRAC) e o paciente Djalma Ferro durante teste para verificação de amplificação de aparelho auditivo osFoto: Tiago Rodella / HRAC-USP 

A deficiência auditiva éuma condição incapacitante que determina limitações ao indiva­duo, afetando aspectos biopsicossociais e constituindo problema de saúde pública pelos prejua­zos e incidaªncia. Estudo do Instituto Locomotiva de Pesquisa apresentado na Semana da Acessibilidade Surda de 2019 ose divulgado pela Agência Brasil osrevela a existaªncia, no Paa­s, de 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva, sendo que a predomina¢ncia (57%) éna faixa eta¡ria de 60 anos ou mais.

Como os idosos estãoentre os grupos de risco para a covid-19, aqueles que apresentam alguma deficiência auditiva tiveram seus tratamentos impactados por dois motivos: pela mobilidade reduzida por conta dos cuidados necessa¡rios e pela assistaªncia nessa área ser considerada eletiva. Para superar esses desafios e manter a assistaªncia a  saúde auditiva do idoso, no período de mara§o a setembro de 2020, a Divisão de Saúde Auditiva do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC) da USP em Bauru organizou uma campanha de atendimento que agora foi premiada pela Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa). As ações conquistaram no último dia 27 de janeiro o segundo lugar no Praªmio de Melhor Campanha do Envelhecimento Sauda¡vel.

Intitulada Plano de gestãoem saúde auditiva no idoso para o enfrentamento de covid-19, a campanha teve como objetivo “o planejamento das ações imediatas, de manãdio e longo prazo, bem como das estratanãgias adotadas com vistas a  minimização dos impactos da pandemia para a continuidade da assistaªncia a  pessoa idosa usua¡ria de dispositivos eletra´nicos”, explica a fonoaudia³loga Tyuana Sandim da Silveira Sassi, chefe técnica da Divisão de Saúde Auditiva do HRAC-USP.

A Divisão de Saúde Auditiva do HRAC atendeu, presencialmente, os familiares dos usuários idosos para verificação de possa­veis problemas no funcionamento dos AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual), regulagem após retorno da assistaªncia técnica, substituição de tubo dos moldes auriculares e filtros dos aparelhos, assim como os casos de urgência com necessidade de ajustes e moldagem do molde auricular, queixas otorrinolaringola³gicas e renovação de benefa­cios sociais assegurados por lei.

“Nesse mesmo período, também foi estruturado um protocolo de teleconsulta em fonoaudiologia para atendimento dos usuários de dispositivos eletra´nicos do nosso servia§o, baseado em boas prática s cla­nicas com respaldo e permissão de sociedades cienta­ficas, como o Conselho Federal de Fonoaudiologia, de forma que essas atividades fossem realizadas com qualidade, respeito a  privacidade e segurança do idoso”, explica Tyuana.

As ações também inclua­ram va­deos informativos sobre: cuidado, uso e manuseio dos diferentes tipos de dispositivos eletra´nicos; limpeza dos moldes auriculares; substituição do tubo do molde do AASI retroauricular; inserção do molde no AASI e na orelha; substituição das olivas e limpeza do tubo fino ou receptor no canal; limpeza e troca do protetor de cera do AASI intra-aural e receptor no canal; inserção do intra-aural na orelha e substituição da bateria em diferentes dispositivos eletra´nicos.

Saúde auditiva na pandemia

Segundo o médico otorrinolaringologista Luiz Fernando Manzoni Lourena§one, diretor cla­nico, chefe tanãcnico da Seção de Implante Coclear do HRAC-USP e docente do Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP), “em tempos atuais da pandemia de covid-19, foi necessa¡rio o ajuste da organização do serviço por meio de novos e ra­gidos protocolos de atendimento visando a  continuidade do processo de reabilitação auditiva osque envolve desde a adaptação do aparelho de amplificação sonora individual (AASI), o monitoramento da audição e o acompanhamento do uso do dispositivo, bem como o envolvimento de seus familiares no processo para melhor qualidade de vida da pessoa idosa –, evitando, assim, o abandono do tratamento”.

Lourena§one aponta que a deficiência auditiva ébastante comum e pode ocorrer por diversos fatores, como excesso de rua­dos, malformações, infecções, traumas, inflamações, doenças neurolégicas, câncer e atémesmo doenças prevalentes do cotidiano, como diabete e hipertensão. “A deficiência auditiva tem impacto muito significativo na vida das pessoas, prejudicando sua comunicação e as atividades cotidianas. Sem o tratamento auditivo adequado, os idosos tendem a se isolar e evitar o conva­vio social, mesmo com os familiares mais pra³ximos que residem com eles. Essa privação também dificulta o acesso a  informação por meio de recursos e tecnologias que dependem da audição e pode, atémesmo, trazer implicações para a memória ou danãficit cognitivo”, destaca o médico.

A dona de casa Helena Manrique Oehler, 82 anos, da cidade de Chavantes, em Sa£o Paulo, foi uma das pacientes beneficiadas. Segundo a filha Sandra Regina Oehler, o aparelho auditivo de dona Helena sofreu dano e foi enviado a  assistaªncia técnica da empresa. “Minha ma£e ficou cerca de 20 dias sem o aparelho. Nesse período, ela teve muita dificuldade para nos ouvir e conversar. Sem o aparelho, ela praticamente não escutava nada. Precisa¡vamos falar muito alto. Ela assistia TV em pée bem perto da televisão. Foi uma limitação a mais nessa situação toda de pandemia”, relata.

Apa³s o conserto, Sandra levou o AASI da ma£e a  Divisão de Saúde Auditiva do HRAC-USP juntamente com a pré-moldagem anterior e, assim, foi possí­vel a confecção de novos moldes mesmo sem a paciente estar presente, além da regulagem do aparelho. “Depois do conserto, foi tudo muito rápido. Minha ma£e já se adaptou novamente e estãoescutando normalmente com o aparelho. Esse atendimento durante a pandemia foi muito importante para nós”, pontua Sandra.

De mara§o a setembro de 2020, foram realizados 571 atendimentos presenciais pela Divisão de Saúde Auditiva do HRAC , incluindo a adaptação e reposição de aparelhos auditivos de amplificação sonora e acompanhamento dos dispositivos eletra´nicos adaptados. Esse total inclui familiares de usuários acima de 60 anos e pacientes até60 anos.

A campanha premiada tem como autores as fonoaudia³logas Valdanãia Vieira de Oliveira, Tyuana Sandim da Silveira Sassi, Juliana Nogueira Chaves, Jerusa Roberta Massola Oliveira, a‰rika Cristina Bucuvic, Eliane Aparecida Techi Castiquini, Ticiana Cristina Freitas Zambonato, Elaine Cristina Moreto Paccola e Cla¡udia Danielle Pelanda Zampronio, além do médico Luiz Fernando Manzoni Lourena§one, e contou com o apoio do superintendente do HRAC, Carlos Ferreira dos Santos.

 

.
.

Leia mais a seguir