Campus

Equipe da Unicamp conquista segundo lugar em Torneio Internacional de Fa­sicos
A final foi disputada entre Brasil, Raºssia e Ucra¢nia no último domingo, 4 de julho, sendo a equipe russa a melhor colocada.
Por Unicamp - 08/07/2021


Grupo comemorou a colocação em reunia£o após a final da competição

A equipe Quantum Coaches, da Unicamp, conquistou o segundo lugar no 13º Torneio Internacional de Fa­sicos, competição que envolve desafios e problemas na área de Fa­sica. A final foi disputada entre Brasil, Raºssia e Ucra¢nia no último domingo, 4 de julho, sendo a equipe russa a melhor colocada. Integram a Quantum Coaches seis alunos de graduação e de mestrado do Instituto de Fa­sica Gleb Wataghin (IFGW), e dois lideres da equipe, professores do IFGW. O grupo consagrou-se como o representante brasileiro na competição após a vencer a etapa nacional, eliminata³ria, e disputou o torneio mundial com outros 11países.

Foi a primeira vez que a equipe da Unicamp participou da disputa internacional, conhecida pela sigla IPT, do inglês International Physicists' Tournament. “Estamos muito felizes com o resultado e foi uma confirmação muito grande do potencial que a nossa universidade e o nossopaís tem de produzir ciência de qualidade”, diz o capitão do grupo, o mestrando em Fa­sica Felipe Mazzi. 

O professor Leandro Tessler, responsável por impulsionar a ideia do grupo na Unicamp e um dos lideres da equipe, destaca a importa¢ncia do resultado e ressalta o comprometimento dos alunos para que isso ocorresse. “a‰ um feito muito importante porque éa melhor participação do Brasil na história do campeonato. Os nossos alunos são muito sanãrios e motivados, isso fez toda a diferença. Eles levaram a sanãrio a participação e conseguiram montar uma equipe com um conhecimento e um traquejo a³timo em Fa­sica”.

Superando equipes consagradas 

A competição no IPT acontece atravanãs da resolução de problemas que ainda não tem uma solução definitiva na Fa­sica, e envolve também conhecimentos de outras áreas. Todos os anos a organização internacional do torneio lana§a uma lista de problemas, que são utilizados também na etapa nacional. Na disputa, conhecida como Lutas de Fa­sica, uma equipe propaµe sua solução, outra apresenta uma oposição e, dependendo da disputa, uma terceira apresenta uma revisão do problema e a sa­ntese das propostas das outras. As notas são atribua­das por um jaºri, formado por fa­sicos. 

A equipe da Unicamp já havia sido classificada na etapa nacional em 2019, após vencer as equipes da Universidade de Sa£o Paulo (USP) e da Universidade Federal do ABC (UFABC). No entanto, pelas dificuldades da pandemia, optaram por não competir na etapa internacional. Mas, após uma vencerem novamente a eliminata³ria seguinte, os integrantes decidiram participar da fase internacional de 2021, que ocorreu de forma online. O segundo lugar consagrou a equipe com o melhor resultado que o Brasil já teve no torneio. 

Felipe aponta que a equipe se surpreendeu com a colocação, pelo fato de disputar com equipes que tem já tradição no IPT, competição que ocorre já há13 anos. “Na³s competimos contra a Raºssia e a Ucra¢nia na final. A Raºssia étricampea£ e a Ucra¢nia tetracampea£. Sa£opaíses muito experientes, que inclusive inventaram o torneio, e nospegamos eles logo de cara, na classificação. Disputamos com os favoritos e conseguimos supera¡-los”, avalia. 

Maria Carolina Volpato, graduanda em Fa­sica e também integrante da equipe, ressalta que o significado da vita³ria no torneio éespecialmente importante no contexto atual. “Essa colocação émuito importante pelo momento em que a gente vive, de negacionismo. E mostra que mesmo com todas as dificuldades conseguimos ter um trabalho tão bem feito”. 

O grupo que disputou o torneio foi composto pelos alunos Felipe Mazzi (capitão), Maria Carolina Volpato, Leonardo Falabella, Anderson Vulto, Ana Elisa Dellamatrice Barioni e Joa£o Pedro Carlini Minchillo. Os professores lideres de equipe são Leandro Tessler e Pierre-Louis de Assis. A Quantum Coaches foi uma das equipes com maior representatividade feminina na competição.

Preparação para o torneio

O ponto de partida para a formação de uma equipe na Unicamp foi a criação de uma disciplina eletiva pelo professor Leandro Tessler, em 2019. O docente havia participado como jurado da competição, em uma etapa nacional, e animou-se com a possibilidade da Unicamp participar. “Gostei muito do que aconteceu no torneio, émuito interessante. Quando voltei para a Unicamp propus uma disciplina, para graduação e mestrado, a fim de formar uma equipe para a competição. A disciplina foi em inglês e quando saiu a lista de problemas comea§amos a nos organizar para dividir os problemas em grupos e resolvaª-los”, conta.

Além do aprendizado em Fa­sica, exercitar o inglês e aprender a trabalhar em grupo são aprendizados concomitantes que o professor pontua como novidades na disciplina. “Ela desenvolve o que se chama de soft skills, como trabalhar em grupo, organizar um relacionamento humano em uma situação tensa, tendo que lidar com os erros dos outros e com os seus pra³prios erros. Isso num curso de Fa­sica éuma novidade, pois geralmente a Fa­sica éuma atividade muito individual”. 

Outro ponto importante do curso, segundo o docente, éo fato dos alunos terem de resolver problemas do mundo real, mobilizando ferramentas tea³ricas e experimentais para propor soluções. Aos interessados, o professor deixa o convite para que se matriculem na disciplina, da qual podem participar alunos de qualquer curso de graduação ou pós-graduação. Ela seráaberta novamente, no segundo semestre acadêmico de 2021, sob o ca³digo F076 para graduação e FI266 para a pa³s. 

Ampliando a formação

A experiência da disciplina e do torneio, apontam Felipe e Maria Carolina, éenriquecedora, agregando a  formação elementos de aprendizado que muitas vezes não existem no curra­culo dos cursos de graduação. O fato de terem de propor soluções a problemas em aberto, lidando experimental e teoricamente com eles, realizando discussaµes em grupo e tendo o desafio de comunicar as soluções claramente e em inglês são aprendizados que citam. 

“Na³s temos contato com experiências que não existem no curra­culo, que élidar com problemas que não tem resposta. O principal aprendizado éque o processo émuito pra³ximo de como a ciência de fato acontece: encontrar um fena´meno sem explicação, propor um modelo, testar esse modelo e depois defender para outros times”, aponta Felipe.

Para o mestrando, todo esse aprendizado, desde a primeira competição nacional que participou, trouxe mais a¢nimo a  sua formação. “Foi um marco na minha formação, renovou totalmente meu interesse pela Fa­sica. Aquilo que me fez escolher a Fa­sica no começo da graduação se renovou. Tudo que aprendemos no curso acaba sendo usado de alguma forma na competição”.

Maria Carolina evidencia ainda a contribuição para a autonomia do estudante, o que a ajudou também nas atividades de iniciação cienta­fica. “Nãoépegar um livro e reproduzir na questão, vocêvai pegar um problema e ver como atacar esse problema, e vocêvai passar horas pensando nisso. Isso ajudou também na minha iniciação cienta­fica, pois o professor não precisa ficar toda hora ajudando. Vocaª cria uma certa autossuficiaªncia, uma independaªncia para correr atrás”, observa.

De forma semelhante, o professor do IFGW Pierre Louis de Assis, lider do grupo junto ao professor Leandro, salienta os aprendizados que os estudantes podem ter com a experiência da competição. “a‰ um torneio de duelos, émais competitivo e a resolução de problemas émais experimental. Os alunos tem que construir um experimento, coletar dados, tratar dados, o que émuito importante aprenderem. Montar um experimento do zero e tomar todas as decisaµes éalgo que dificilmente temos na graduação”.

Esta­mulo a  formação de novas equipes no Brasil

A equipe Quantum Coaches espera que novas equipes venham a se formar nopaís, para estimular trocas e elevar oníveldas equipes brasileiras. Por enquanto, somente USP, Unicamp e UFABC tem grupos formados. A UFABC foi a Universidade pioneira em participar dos torneios, e sua equipe foi a primeira a se classificar para a etapa internacional. Na ocasia£o, em 2018, foram para a final da competição e conquistaram o terceiro lugar.

Além de estimularem a formação de outras equipes, os estudantes também apontam que alunos interessados em participar do grupo da Unicamp podem entrar em contato. “Deixamos o convite para todo mundo que quiser participar. Nãoprecisa ser da Fa­sica necessariamente. Entender a física éimportante, mas háoutra parte de desenvolvimento, então deixamos aberto a todo mundo que tenha interesse”, diz Maria Carolina. O contato pode ser feito atravanãs da pa¡gina da Quantum Coaches no Facebook.

Para interessados em criar equipes em outras universidades, os professores Leandro Tessler e Pierre Louis, que também são membros do comitaª nacional do torneio, disponibilizam os seus e-mails para contato: tessler@unicamp.br / plouis@unicamp.br 

 

.
.

Leia mais a seguir