Humanidades

O populismo paµe em risco democracias em todo o mundo
O fracasso dos principais partidos pola­ticos em abordar uma ideologia em rápida expansão que visa semear a desconfianção do governo e excluir pessoas marginalizadas estãocolocando em risco as democracias em todo o mundo, afirmam os estudiosos
Por Melissa de Witte - 11/03/2020

A ascensão do populismo - um argumento pola­tico que coloca as pessoas comuns contra uma elite corrupta do governo - estãocolocando em risco a democracia, disseram os estudiosos de Stanford em um novo white paper divulgado hoje.

Quando lideres populistas desacreditam instituições e funções formais, a democracia estãosendo prejudicada e esvaziada, alerta a cientista pola­tica de Stanford e coautora de artigos Anna Grzymala-Busse .


A cientista pola­tica de Stanford, Anna Grzymala-Busse, écoautora
de um white paper que examina a ameaça que o populismo global
representa para a democracia. (Crédito da imagem: Andrew Brodhead)

Aqui, Grzymala-Busse discute o que estãoem jogo para as democracias em todo o mundo se a reta³rica populista continuar se firmando. Como Grzymala-Busse aponta, as queixas dos populistas sobre falhas do governo não são totalmente infundadas. a‰ por isso que Grzymala-Busse e os co-autores do artigo - que incluem o diretor do Instituto Freeman Spogli de Estudos Internacionais (FSI), Michael McFaul , ex-embaixador dos EUA na Raºssia, e os cientistas pola­ticos Francis Fukuyama e Didi Kuo - argumentam que o populismo éum problema pola­tico que requer soluções políticas.

Seu artigo, Populismos Globais e Seus Desafios , divulgado em 11 de mara§o pelo Instituto Freeman Spogli de Estudos Internacionais (FSI), descreve o que os principais partidos pola­ticos devem fazer para proteger as democracias dos populistas, incluindo estratanãgias como recuperar o Estado de Direito e defender a democracia. normas e valores.
 

Por que alguns pola­ticos acham os argumentos populistas tão atraentes?

O populismo argumenta que as elites são corruptas e o povo precisa de uma melhor representação, mas faz muito poucos compromissos pola­ticos além dessa cra­tica. Tem havido uma crescente desconfianção em relação a partidos e pola­ticos, especialmente devido a vários esca¢ndalos de financiamento e eleições. E assim as pessoas acreditam prontamente que esses atores são corruptos e não são confia¡veis.

a‰ uma mensagem que écreda­vel nos dias de hoje. a‰ também uma mensagem que não liga os pola­ticos a nenhum outro compromisso ideola³gico ou pola­tico.
 

Por que o populismo estãoem ascensão?

As causas imediatas são os fracassos dos principais partidos pola­ticos - partidos da centro-esquerda e centro-direita - para atender a s preocupações dos eleitores e responder com políticas distintas. Na Europa e nos Estados Unidos, muitos eleitores que apa³iam os populistas querem uma mudança da pola­tica como de costume, que consideram insensa­vel e irresponsável, e que temem perder o status cultural e econa´mico. Eles percebem que os pola­ticos falharam em responder a  imigração, ao livre comanãrcio, a  cooperação internacional e aos avanços tecnola³gicos e a s ameaa§as que representam para muitos eleitores.
 

De acordo com sua pesquisa, o que torna a reta³rica populista prejudicial a  governana§a democra¡tica?

Os pola­ticos e governos populistas vaªem as instituições formais da democracia liberal como criações corruptas geradas por elites do establishment corrupto - e assim sistematicamente ocultam e minam essas instituições, como tribunais, agaªncias reguladoras, servia§os de inteligaªncia, imprensa e assim por diante. Eles justificam esses ataques como substituindo instituições desacreditadas e corruptas por outras que servem "o povo" - ou, em outras palavras, partidos populistas e pola­ticos. Além disso, precisamente porque os populistas afirmam representar "o povo", eles precisam definir o povo primeiro e isso geralmente significa excluir populações vulnera¡veis ​​e marginalizadas, como minorias religiosas ou anãtnicas e imigrantes.

Por exemplo, na Hungria, o partido populista governante colocou os tribunais sob controle pola­tico, aboliu as agaªncias reguladoras e canalizou fundos para jornais e ma­dia aliados. Na Pola´nia, o presidente do partido populista governante se refere a seus oponentes como "um tipo pior de poloneses".
 

No curto prazo, o que pode ser feito para combater os efeitos do populismo?

Voto! Vote em pola­ticos e partidos que fazem promessas creda­veis, que não querem simplesmente reprimir cra­ticas ou que vaªem seus oponentes como inimigos e que estãocomprometidos com as regras democra¡ticas do jogo. Ao mesmo tempo, precisamos entender, e não apenas condenar, por que tantos eleitores acham os pola­ticos populistas atraentes.


E a longo prazo?

Os principais partidos pola­ticos precisam se diferenciar com credibilidade, tornar-se muito mais receptivos aos seus eleitores e articular e defender consistentemente as regras democra¡ticas do jogo. Nossa pesquisa mostra que, onde os principais partidos pola­ticos são fortes, os populistas tem muito menos chance de fazer incursaµes. Esses partidos também responderiam muito mais a s preocupações dos eleitores sobre o status econa´mico e cultural, que também motivam o apoio populista.


Algumas das conclusaµes do artigo são do Global Populisms , um projeto patrocinado pela Fundação Hewlett no Centro de Democracia, Desenvolvimento e Estado de Direito da FSI (CCDRL).

Grzymala-Busse éMichelle e Kevin Douglas Professor de Estudos Internacionais na Escola de Ciências Humanas e Ciências e membro saªnior da FSI. Ela também éco-lider da iniciativa The Changing Human Experience , que faz parte da Long-Range Vision de Stanford .

Fukuyama ébolsista saªnior do Olivier Nomellini no Instituto Freeman Spogli de Estudos Internacionais (FSI), diretor do mestrado em pola­tica internacional Ford Dorsey e diretor de Mosbacher do CCDRL.

McFaul étambém Ken Olivier e Angela Nomellini Professora de Estudos Internacionais em Ciência Pola­tica na Escola de Humanidades e Ciências; e o membro saªnior de Peter e Helen Bing da Instituição Hoover e um membro saªnior da FSI.

Kuo épesquisador saªnior e diretor associado de pesquisa do CCDRL.

 

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