Humanidades

Em vez de distanciamento social, pratique a socialização distante, pede ao psica³logo de Stanford
As mesmas tecnologias que as pessoas culparam por destruir a sociedade podem ser nossa melhor chance de permanecermos juntos durante o surto de COVID-19, diz Jamil Zaki, de Stanford.
Por Melissa de Witte - 19/03/2020



O distanciamento social - limitando voluntariamente o contato fa­sico com outras pessoas - tem sido vital para ajudar a retardar a propagação do novo coronava­rus. Mas éimportante que as pessoas permanea§am conectadas - caso contra¡rio, uma crise de saúde física e mental a longo prazo pode seguir a viral, alerta o psica³logo de Stanford Jamil Zaki .

Aqui, Zaki, professor associado de psicologia na Escola de Ciências Humanas e Ciências de Stanford e diretor do Laborata³rio de Neurociências Sociais de Stanford , discute estratanãgias para permanecer conectado, comea§ando com a reformulação do "distanciamento social" para o "distanciamento fa­sico" para destacar como as pessoas podem permanea§am juntos mesmo estando separados.

A pesquisa de Zaki examina como a empatia funciona e como as pessoas podem aprender a ter empatia de maneira mais eficaz. Recentemente, ele foi autor de  A guerra pela bondade: construindo empatia em um mundo fraturado .
 

Quais são alguns dos impactos psicola³gicos que surgem com o distanciamento social e a proteção no local?

O distanciamento social évital para retardar a propagação do COVID-19, mas também empurra a necessidade fundamental de conexão entre os seres humanos. Especialmente em tempos difa­ceis, as pessoas sentem vontade de comiserar, confortar e ser consoladas uma pela outra. As experiências mostram que o apoio dos entes queridos suaviza nossa resposta ao estresse e atéa resposta de nossos cérebros a choques elanãtricos dolorosos. Por outro lado, a solida£o épsicologicamente venenosa; aumenta insa´nia, depressão, bem como problemas imunológicos e cardiovasculares. De fato, a solida£o crônica produz um risco de mortalidade semelhante ao de fumar 15 cigarros por dia.

Precisamos fazer a coisa certa em prol da saúde pública e do abrigo no local agora, mas, se isso produz uma solida£o crônica e generalizada, uma crise de saúde física e mental a longo prazo pode seguir essa viral.
 

A solida£o pode ser evitada?

Acho que devera­amos comea§ar reformulando o que estamos fazendo agora. "Distanciamento social" era o termo errado para comea§ar. Devera­amos pensar neste momento como um “distanciamento fa­sico” para enfatizar que podemos permanecer socialmente conectados, mesmo estando separados. De fato, encorajo todos nosa praticar a "socialização distante". Ironicamente, as mesmas tecnologias que frequentemente culpamos por destruir nosso tecido social podem ser nossa melhor chance, agora, de mantaª-lo unido.
 

Quais são algumas estratanãgias para lidar com o sentimento de solida£o? Como amigos e familiares podem ficar conectados?

O FaceTime, o Zoom e outras ferramentas como essas são nossos amigos agora. Sabemos usar essas ferramentas para reuniaµes e ensino, mas por que parar por aa­? Na minha opinia£o, também devemos usa¡-los para interações muito menos formais - o “descontrole” digital. Quando nos encontramos pessoalmente, não esperamos que cada minuto seja produtivo ou cintilante. Na³s nos divertimos, brincamos e brincamos, e esses "momentos intermediários" são vitais para um senso de conexa£o. Encontre maneiras de replica¡-los online.

No meu laboratório, por exemplo, temos uma sala de caféonde as pessoas se reaºnem e fazem pausas juntas. Criamos um canal de zoom chamado "a sala de cafanã", destinado explicitamente a não fazer nada juntos. Da mesma forma, considere cozinhar a mesma refeição com alguém no FaceTime e virtualmente tilintar de copos, ou ter encontros on-line em que as criana§as podem jogar os mesmos jogos ou desenhar a mesma imagem de referaªncia.

A tecnologia écertamente uma grande ajuda, mas e as pessoas que tem acesso limitado a essas ferramentas? 

Infelizmente, as pessoas que são mais vulnera¡veis ​​aos estragos do COVID-19, principalmente os idosos, também são mais suscetíveis ao isolamento incapacitante e menos familiarizadas com a tecnologia. Este éum momento para ajuda¡-los a acessar a tecnologia sempre que possí­vel, para ter paciaªncia em nossas orientações de configuração de novo software. Mas existem outras maneiras de se conectar também. Fico emocionado com va­deos de italianos cantando juntos em suas varandas , um simples ato de solidariedade e unia£o que nos lembra que estamos nesse momento juntos, mesmo quando separados.
 

O que vocêacha que falta ou engana na discussão sobre a nova pandemia de coronava­rus?

Nos retratos da ma­dia, as pessoas geralmente reagem a desastres tornando-se egoa­stas e violentas, como se as luzes se apagassem e as regras desaparecessem lhes permitissem liberar seus verdadeiros eus anti-sociais. Vimos isso na esteira da crise do COVID-19, por exemplo, em cenas de pessoas brigando entre si por papel higiaªnico. Mas a verdade mais comum éo oposto. Apa³s desastres, as pessoas saem de suas casas para ajudar umas a s outras, ficando na fila por horas para doar sangue, abrigando e ajudando estranhos, ignorando limites ta­picos ou raça e classe no que Rebecca Solnit chama de "carnaval da compaixa£o". Esse instinto saiu em pa¢nico durante a semana passada; se precisar ser aprimorado, pesquise a hashtag #COVIDkindness. Mas aqui também a epidemia torna as coisas difa­ceis,

Uma coisa a lembrar, poranãm, éque mesmo a decisão de se distanciar socialmente éum ato de bondade. Pessoas jovens e sauda¡veis ​​correm um risco relativamente baixo, mesmo que pegem o COVID-19, o que significa que sua decisão de se isolar éuma maneira de proteger os membros mais vulnera¡veis ​​de sua comunidade. Eu acho que apenas essa realização pode ajudar. Atéa decisão de isolar éum ato de solidariedade - que tomamos sozinhos, mas também juntos.
 

Como vocêe sua familia se protegeram, o que vocêachou uma estratanãgia útil?

A coisa mais útil para nosfoi diminuir nossas expectativas. O trabalho não prosseguira¡ rapidamente; nossas ambições podem descansar por enquanto. Deixar ir nos permitiu gostar de estar juntos - pelo menos algumas vezes. Na³s temos dois pré-escolares!

 

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