Os mercados de aa§aµes estãocambaleando a medida que o medo e a incerteza sobre a pandemia global aumentam. Pedimos a William Goetzmann, da Yale SOM, cuja pesquisa inclui história financeira, para colocar a volatilidade em perspectiva hista³rica.
John Poole, presidente do Banco Federal Americano, tranquilizou uma multida£o
de ansiosos depositantes em fevereiro de 1931. Foto: Popperfoto via Getty Images.
Vocaª acha que a grande liquidação nos mercados financeiros estãosendo impulsionada por expectativas racionais ou hálguma outra força em ação?
A flutuação do mercado de ações parece ser motivada por várias coisas, incluindo grave incerteza sobre a escala da recessão global e as consequaªncias para os lucros das empresas; a possibilidade de colapso do sistema financeiro e a incapacidade de financiar nega³cios no curto prazo, mesmo que as perspectivas futuras de lucro sejam boas; e margem chama investidores que resultam em liquidações de valores mobilia¡rios. Nãoestãoclaro que o mercado atual esteja se comportando irracionalmente, já que este éum evento global quase sem precedentes.Â
"Se soubanãssemos que havia um tempo certo em que isso terminaria - uma luz no fim do taºnel - acho que isso prejudicaria os prea§os e as expectativas dos ativos".
Existem bons precedentes hista³ricos para tentar entender a crise atual?
A epidemia de gripe de 1918 éuma referaªncia natural. Milhaµes morreram. O mundo entrou em uma recessão global em 1920. No entanto, édifacil separar os efeitos da Primeira Guerra Mundial dos efeitos da pandemia. Portanto, não podemos usar facilmente esse evento como modelo.Â
Este ano éo 300º aniversa¡rio do primeiro e maior colapso global do mercado de ações, que começou na Frana§a com a empresa do Mississippi que possuaa o territa³rio da Louisiana. Ele se espalhou em alguns meses para a Gra£-Bretanha e, finalmente, para a Holanda. As ações subiram 8 ou 10 vezes. Os especuladores ficaram ricos, mas os mercados faliram e os prea§os voltaram a cair.Â
Durante o crash de 28 e 29 de outubro de 1929, o mercado caiu de 12% a 13% a cada dia. No crash de 1987, o mercado caiu quase 23%, recuperando atéo final do ano. No acidente de 2008, caiu mais de 20% em uma semana. O acidente de 1973 levou mais tempo para se materializar.Â
Observe algo: grandes acidentes são muito, muito raros. Ha¡ algumas pesquisas psicológicas de Eric J. Johnson e Amos Tversky que conectam notacias de um raro desastre com uma crena§a crescente de que um desastre raro não relacionado pode acontecer. Talvez ver choques raros como a notacia de que Tom Hanks e sua esposa tenham testado positivo para o varus desencadeie uma sensação de que coisas ruins inesperadas sejam mais prova¡veis.
Minha pesquisa com a Dasol Kim sobre quedas analisa todos os grandes declanios em um período de 12 meses nas bolsas de valores do mundo. Houve mais de 1.000 acidentes com mais de 50% em um ano. Houve 8.549 acidentes anuais na escala que vimos. Quando o declanio aumenta, a probabilidade de recuperação no pra³ximo ano aumenta drasticamente.
O que sabemos sobre o comportamento do investidor após um acidente?
"O século XX teve todos os tipos de eventos terraveis - pandemias, guerras e desastres - com efeitos muito maiores sobre as populações. As economias globais se desenterraram desses buracos muito mais profundos".
Os pesquisadores Ulrike Malmendier e Stefan Nagel estudaram o comportamento de investimento de pessoas que viveram a Grande Depressão e aquelas que experimentaram alta inflação durante a vida. Essas experiências de vida fizerammudanças permanentes e estãoassociadas a maiores expectativas de maus momentos e alta inflação. Nos últimos tempos, o investimento das famalias no mercado de ações diminuiu; émais baixo agora do que em meados dos anos 2000. Isso pode ser devido a preocupações contanuas sobre uma quebra no mercado. Tambanãm sabemos de pesquisas com investidores realizadas pelo Centro Internacional de Finana§as da Yale SOM para o professor Robert Shiller que as expectativas das pessoas em relação a um colapso do mercado são fortemente influenciadas pelas notacias. Notacias negativas tem um impacto maior do que notacias positivas.
Embora parea§a que uma vacina esteja a pelo menos um ano de distância, acho que as notacias sobre o desenvolvimento de uma cura ou uma vacina reduzira£o a incerteza a longo prazo. A gripe de 1918-1919 reapareceu algumas vezes e, mesmo em 1920, as pessoas não sabiam que havia terminado. Se soubanãssemos que havia um tempo certo em que isso terminaria - uma luz no fim do taºnel -, acho que isso afetaria os prea§os e as expectativas dos ativos.
O século XX teve todos os tipos de eventos terraveis - pandemias, guerras e desastres - com efeitos muito maiores nas populações. As economias globais se desenterraram desses buracos muito mais profundos. Sa³ espero que nossas políticas sejam flexaveis o suficiente para experimentar soluções.