Humanidades

Um 'vanãu da escurida£o' reduz o vianãs racial nas paradas de tra¢nsito
Motoristas negros são presos pela pola­cia menos a  noite, quando sua raça éobscurecida pelo 'vanãu da escurida£o', revela estudo de Stanford
Por Tom Abate - 05/05/2020

O maior estudo de todos os tempos sobre supostos perfis raciais durante paradas de tra¢nsito descobriu que negros, que são parados com mais frequência do que brancos por dia, tem muito menos probabilidade de serem parados após o pa´r do sol, quando "um vanãu de escurida£o" mascara sua raça.

Como mais evidaªncias de vianãs no tra¢nsito param, os pesquisadores de Stanford
descobriram que, embora os negros tendam a ser puxados com mais
frequência do que os brancos, a disparidade diminui a  noite,
quando um "vanãu de escurida£o" esconde seu rosto.
(Crédito da imagem: Simba Munemo, Upsplash)

Esse éum dos vários exemplos de vianãs sistema¡tico que emergiu de um estudo de cinco anos que analisou 95 milhões de registros de paradas de tra¢nsito, arquivados por policiais com 21 agaªncias de patrulha estaduais e 35 forças policiais municipais de 2011 a 2018.

O estudo liderado por Stanford também descobriu que, quando os motoristas eram parados, policiais revistavam os carros de negros e hispa¢nicos com mais frequência do que brancos. Os pesquisadores também examinaram um subconjunto de dados de Washington e Colorado, dois estados que legalizaram a maconha, e descobriram que, embora essa mudança tenha resultado em menos buscas em geral e, portanto, em buscas de negros e hispa¢nicos, as minorias ainda eram mais propensas do que os brancos a ter seus filhos. carros revistados após uma parada.

"Nossos resultados indicam que a pola­cia para e as decisaµes de busca sofrem vianãs racial persistente e apontam o valor de intervenções políticas para atenuar essas disparidades", escrevem os pesquisadores na edição de 4 de maio da revista Nature Human Behavior .

O artigo culmina uma colaboração de cinco anos entre Cheryl Phillips , de Stanford , professora de jornalismo cujos alunos obtiveram os dados brutos por meio de solicitações de registros paºblicos, e Sharad Goel , professora de ciência e engenharia de gerenciamento cuja equipe de ciência da computação organizou e analisou os dados.

Goel e seus colaboradores, que inclua­ram Ravi Shroff, professor de estata­stica aplicada na Universidade de Nova York, passaram anos analisando os dados, eliminando registros incompletos ou com períodos incorretos, para criar o banco de dados de 95 milhões de registros que era o base para sua análise. "Nãohácomo exagerar a dificuldade dessa tarefa", disse Goel.

A criação desse banco de dados permitiu a  equipe encontrar evidaªncias estata­sticas de que um "vanãu da escurida£o" imunizava parcialmente os negros contra o tra¡fego. Esse termo e ideia existem desde 2006, quando foram utilizados em um estudo que comparou a corrida de 8.000 pilotos em Oakland, Califa³rnia, que foram interrompidos a qualquer hora do dia ou da noite durante um período de seis meses. Mas as conclusaµes desse estudo foram inconclusivas, porque a amostra era muito pequena para provar uma ligação entre a escurida£o do canãu e a corrida dos pilotos parados.

A equipe de Stanford decidiu repetir a análise usando o conjunto de dados muito maior que eles coletaram. Primeiro, eles restringiram o leque de varia¡veis ​​que precisavam analisar, escolhendo uma hora especa­fica do dia - por volta das 19 horas - quando as causas prova¡veis ​​para uma parada eram mais ou menos constantes. Em seguida, eles aproveitaram o fato de que, nos meses anteriores e posteriores ao hora¡rio de vera£o todos os anos, o canãu fica um pouco mais escuro ou mais claro, dia após dia. Por terem um banco de dados tão grande, os pesquisadores conseguiram encontrar 113.000 pontos de tra¡fego, de todos os locais em seu banco de dados, ocorridos naqueles dias, antes ou depois do rela³gio avana§ar ou recuar, quando o canãu estava ficando mais escuro ou mais escuro. mais leve por volta das 19:00, hora local.

Esse conjunto de dados forneceu uma amostra estatisticamente va¡lida com duas varia¡veis ​​importantes - a corrida do motorista sendo interrompida e a escurida£o do canãu por volta das 19h. A análise não deixou daºvidas de que quanto mais escuro ficava, menor a probabilidade de um piloto preto seria parado. O inverso era verdadeiro quando o canãu estava mais claro.

Mais do que qualquer descoberta, o impacto mais duradouro da colaboração pode ser do Stanford Open Policing Project, que os pesquisadores começam a disponibilizar seus dados para repa³rteres investigativos e conhecedores de dados e para realizar oficinas para ajudar os repa³rteres a aprender como usar os dados para fazer reportagens locais. Por exemplo, os pesquisadores ajudaram os repa³rteres da organização de nota­cias sem fins lucrativos, com sede em Seattle, a Investigate West, a entender os padraµes nos dados de histórias que mostram tendaªncias nas buscas policiais de nativos americanos. Esse relatório levou a Patrulha do Estado de Washington a rever suas prática s e aumentar o treinamento de oficiais. Da mesma forma, os pesquisadores ajudaram os repa³rteres do Los Angeles Times a analisar dados que mostravam como a pola­cia revistava motoristas minorita¡rios com muito mais frequência do que brancos. Isso resultou em uma história que fazia parte de uma sanãrie investigativa maior que provocoumudanças nas prática s do Departamento de Pola­cia de Los Angeles.

Goel e Phillips planejam continuar colaborando por meio de um projeto chamado Big Local News que ira¡ explorar como a ciência de dados pode lana§ar luz sobre questões públicas, como confiscos de bens civis - casos em que a pola­cia estãoautorizada a apreender e vender propriedades associadas a um crime. Reunir e analisar registros de quando e onde essas apreensaµes ocorrem, a quem e como essas propriedades são descartadas ajudara¡ a esclarecer como essa prática estãosendo usada. A Big Local News também estãotrabalhando em esforços colaborativos para padronizar as informações de casos disciplinares da pola­cia.

"Esses projetos demonstram o poder de combinar ciência de dados com jornalismo para contar histórias importantes", disse Goel.

 

.
.

Leia mais a seguir