Humanidades

Sociedades antigas da£o lições para as cidades modernas
Essa descoberta vem de um estudo publicado hoje na revista Science Advances e liderado por Scott Ortman, arqueólogo da Universidade do Colorado Boulder.
Por Universidade do Colorado em Boulder - 19/06/2020


Reconstrução em 3D de uma comunidade de Pueblo do norte do Rio Grande, datada
do século XIV, com base em pesquisa de vea­culos aanãreos não tripulados.
Crédito: imagens UAV da Archaeogeophysical Associates, Inc.,
reconstrução por Richard Friedman.

As cidades modernas de hoje, de Denver a Dubai, podiam aprender uma coisa ou duas das antigas comunidades Pueblo que antes se estendiam pelo sudoeste dos Estados Unidos. Para iniciantes, quanto mais pessoas moram juntas, melhores os padraµes de vida.

Essa descoberta vem de um estudo publicado hoje na revista Science Advances e liderado por Scott Ortman, arqueólogo da Universidade do Colorado Boulder. Ele éum de um número crescente de antiqua¡rios que argumentam que o passado do mundo pode ser a chave do seu futuro. Que lições as pessoas que vivem hoje podem tirar dos sucessos e fracassos das civilizações centenas ou milhares de anos atrás?

Recentemente, Ortman e Jose Lobo, da Universidade Estadual do Arizona, mergulharam profundamente nos dados das cidades agra­colas que pontilhavam o Vale do Rio Grande entre os séculos 14 e 16. As metra³poles modernas devem observar: Amedida que as aldeias de Pueblo se tornavam maiores e mais densas, sua produção per capita de alimentos e outros bens também parecia aumentar.

Ruas movimentadas, em outras palavras, podem levar a cidada£os em melhor situação.

"Vimos um crescente retorno a  escala", disse Ortman, professor assistente do Departamento de Antropologia, que também éafiliado ao Instituto Santa Fanã, no Novo Manãxico. "Quanto mais pessoas trabalham juntas, mais produzem por pessoa".

Se a mesma coisa éverdadeira hoje permanece uma questãoem aberto, especialmente em meio aos impactos sem precedentes da pandemia do COVID-19 nas cidades e na proximidade humana. Mas os resultados do ensolarado sudoeste sugerem que éuma ideia que vale a pena explorar.

"O registro arqueola³gico pode nos ajudar a aprender sobre questões com as quais nos preocupamos hoje, de maneiras que não podemos fazer usando os dados disponí­veis para as sociedades modernas", disse Ortman.

Os bons pratos

A pesquisa éum desdobramento de um esfora§o que Ortman lidera, chamado Social Reactors Project, que explorou padraµes de crescimento em civilizações da Roma antiga ao mundo Inca.

a‰ uma tentativa de perseguir uma idanãia proposta pela primeira vez no século 18 por Adam Smith, muitas vezes conhecido como o pai da economia moderna. Em The Wealth of Nations, Smith defendeu os benefa­cios fundamentais do tamanho do mercado - que, se vocêfacilitar o comanãrcio de mais pessoas, a economia crescera¡.

Basta olhar para qualquer cidade dos EUA onde vocêpode encontrar um sala£o de cabeleireiro ao lado de uma padaria ao lado de uma creche para cachorros.
 
"Amedida que as pessoas interagem com mais frequência, uma pessoa pode fazer e fazer menos coisas e obter mais do que precisa de seus contatos sociais", disse Ortman.

O problema, explicou, éque esse crescimento "impulsionado por aglomerações" édifa­cil de isolar nas grandes e complexas cidades de hoje. O mesmo não se aplica ao vale do Rio Grande.

Antes da chegada dos espanha³is no século XVI, centenas de aldeias atravessavam a regia£o perto do que éhoje Santa Fanã. Esses assentamentos variavam em tamanho, de algumas dezenas de moradores a até3.000 pessoas, a maioria das quais ganhava a vida cultivando culturas como milho e algoda£o.

Esse estilo de vida de subsistaªncia não significava que essas comunidades eram simples.

"A visão tradicional na história antiga era que o crescimento econa´mico não ocorreu atéo ini­cio da revolução industrial", disse Ortman.

Ele e Lobo decidiram colocar essa suposição a  prova. A dupla vasculhou um banco de dados exaustivo de achados arqueola³gicos da regia£o - capturando tudo, desde o número e tamanho de quartos nas comunidades de Pueblo atéa cera¢mica, desde pilhas de lixo.

Eles descobriram uma tendaªncia clara: quando as aldeias ficavam mais populosas, seus moradores pareciam melhorar em média - exatamente como Smith previra. Os Espaços de convivaªncia aumentaram de tamanho e as fama­lias coletaram mais cera¢mica pintada.

"Vocaª pode pensar nisso como mais conjuntos de pratos para compartilhar refeições juntos", disse Ortman.

Conexa£o social

Esse crescimento, descobriu a equipe, também parecia seguir um padrãoque os pesquisadores do Projeto Reatores Sociais viram em várias civilizações ao longo da história. Toda vez que as aldeias dobravam de tamanho, os indicadores de crescimento econa´mico aumentavam em média 16%.

Ortman disse que o efeito não acontece da mesma maneira em todos os lugares. Fatores como desigualdade e racismo, por exemplo, podem manter os moradores urbanos trabalhem juntos, mesmo quando vivem em Espaços apertados.

Ortman acrescentou que essas comunidades de Pueblo tem uma lição importante para as sociedades modernas: quanto mais pessoas se conectam com outras pessoas, mais pra³speras elas se tornam.

"Todas as outras coisas são iguais, a urbanização deve levar a melhorias nas condições materiais de vida das pessoas em todos os lugares", disse ele. "Suspeitamos que épor isso que o mundo continua a se urbanizar, apesar de todos os problemas associados".

 

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