Humanidades

Jogo experimental revela que a liberdade de escolher bens paºblicos preferenciais aumenta muito seu valor
Um estudo de um grupo internacional de pesquisas mostra que a capacidade de escolher livremente bens paºblicos preferenciais agrega valor ao aumentar as taxas de participaa§a£o.
Por Instituto de Tecnologia de Tóquio - 14/07/2020


Figura 1. Classificação das prioridades: como a liberdade de escolha agrega valor aos bens paºblicos. Sem a possibilidade de priorizar suas contribuições (esquerda), digamos, entre um parque local, uma biblioteca ou uma iniciativa ambiental, émenos prova¡vel que as pessoas participem do fornecimento de bens paºblicos. As baixas taxas de participação, por sua vez, ameaa§am a viabilidade de bens paºblicos; o parque pode ficar cheio de ervas daninhas, a construção da biblioteca pode ser cancelada e o ambiente pode ficar polua­do. Por fim, hámenos benefa­cio dos bens paºblicos em relação a  situação quando épossí­vel priorizar (certo). Crédito: Instituto de Tecnologia de Ta³quio

Do clima e da biodiversidade a  saúde pública e aplicação da lei, os bens paºblicos beneficiam a todos. Eles são produzidos ou mantidos por meio de ampla participação no fornecimento de bens paºblicos vulnera¡vel a baixas taxas de participação. Evitar essa vulnerabilidade estimulou uma busca conta­nua por melhores maneiras de promover a participação.

Agora, um estudo de um grupo internacional de pesquisas mostra que a capacidade de escolher livremente bens paºblicos preferenciais agrega valor ao aumentar as taxas de participação. As descobertas oferecem ideias surpreendentes sobre a tomada de decisaµes humanas , além de sugerir que as sociedades podem lucrar com abordagens de baixo para cima para a provisão de bens paºblicos.

Danãcadas de experimentos sobre comportamento humano e jogos de bens paºblicos confirmaram consistentemente que as taxas de participação inicial oscilam em torno de 50%, mas diminuem devido ao uso livre (o ato de pegar carona na boa vontade de outras pessoas). Pesquisas tea³ricas recentes sugerem que as redes sociais são fundamentais para compensar o deslocamento livre, mas atéagora, experimentos em larga escala falharam em apoiar essas previsaµes tea³ricas.

Para investigar os fatores que afetam o fornecimento de bens paºblicos, uma equipe de pesquisa coordenada por Marko Jusup, do Instituto de Tecnologia de Ta³quio, no Japa£o, e Zhen Wang, da Universidade Politécnica do Noroeste da China, conduziu um experimento de dilema social projetado especificamente para revelar o que impulsiona as taxas de participação. Sa£o caracteri­sticas globais das redes sociais ou circunsta¢ncias locais de cada indiva­duo?

A equipe organizou um experimento de jogo jogado por 596 estudantes, distribua­dos igualmente em três configurações de redes sociais e duas condições experimentais. Sob condições de controle, os jogadores são podem decidir se participam ou não da provisão de bens paºblicos. A decisão de participar implicava contribuir com uma unidade de riqueza para cada bem paºblico ao seu alcance. A contribuição total seria então multiplicada por uma taxa de juros e dividida igualmente, não apenas entre os contribuintes reais, mas também os participantes livres que poderiam ter contribua­do, mas optaram por não contribuir. Assim, os passageiros livres poderiam pegar carona no esfora§o dos contribuintes para obter benefa­cios sem compartilhar custos. Os jogadores em condições de tratamento também podem decidir quanto contribuir para cada um dos bens paºblicos ao seu alcance.

Um jogador com acesso a cinco bens paºblicos diferentes, ao optar por participar sob condições de controle, contribuiria com uma unidade de riqueza para cada um dos bens paºblicos, com uma contribuição total de cinco unidades. O mesmo jogador em condições de tratamento também contribuiria com um total de cinco unidades de riqueza, mas com uma ressalva de que quanto vai para cada um dos cinco bens paºblicos estãosujeito ao livre arba­trio.
 
O estudo constatou que as circunsta¢ncias locais são mais importantes que as caracteri­sticas globais das redes sociais. Alterar a configuração da rede não parece afetar significativamente as decisaµes dos jogadores, ao passo que permitir que os jogadores distribuam sua riqueza livremente aumenta a participação no fornecimento de bens paºblicos, motiva um melhor provisionamento e, portanto, agrega valor aos bens paºblicos.

Surpreendentemente, as condições de tratamento impulsionaram a participação desde o ini­cio para formar um ambiente cooperativo independente das caracteri­sticas das redes sociais. Jusup comenta: "Isso ésurpreendente! Espera¡vamos que a participação inicial fosse semelhante sob as condições de controle e tratamento. Somente mais tarde no jogo espera¡vamos aprendizado e otimização graduais dos jogadores que pudessem escolher livremente. Observamos que o aumento da participação em bens paºblicos A disposição acontece desde a primeira rodada do jogo, como se os jogadores pudessem sentir que liberdades extras enfraquecem o dilema subjacente de participar ou não.Com o tempo, mais participação leva a mais riqueza, gerando algo semelhante a um almoa§o gra¡tis para os jogadores em condições de tratamento ".

O estudo identificou três tipos comportamentais responsa¡veis ​​pelos resultados: cooperadores pra³-sociais, anti-sociais e condicionais. Os jogadores pra³-sociais participam quase incondicionalmente, os jogadores anti-sociais geralmente renunciam a  participação e os cooperadores condicionais recusam a participação quando não háoutros participantes por perto. Notavelmente, a liberdade de escolha parece promover a cooperação condicional, como evidenciado pelo fato de que os cooperadores condicionais estãoausentes principalmente sob condições de controle, mas predominam sob condições de tratamento. Isso ocorre porque, no último caso, os jogadores recebem sinais muito mais claros do ambiente e podem avaliar melhor a cooperação geral de seus vizinhos.

Existem muitas implicações interessantes para cenários socioecona´micos. "Os formuladores de políticas, por exemplo, poderiam facilitar o aumento de impostos residenciais, oferecendo um portfa³lio de bens paºblicos para os contribuintes escolherem", escrevem os pesquisadores em seu estudo publicado em Proceedings of the National Academy of Sciences .

"E, ao fazaª-lo, os eleitores poderiam dissociar projetos de bens paºblicos de longo prazo, melhorando a vida, dos caprichos e fantasias dos ciclos pola­ticos das eleições", acrescenta Ivan Romić, co-autor do estudo. "Indo além da pola­tica, as empresas privadas podem motivar os clientes a pagar prea§os de produtos premium, se o praªmio puder ser direcionado para um bem paºblico de sua escolha, aumentando assim a responsabilidade social corporativa, mantendo a lucratividade".

 

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