Pesquisa faz diagnóstico dos efeitos da crise da Covid-19 no setor da Economia Criativa
O estudo sugere que seja facilitado o acesso ao cranãdito, a renegociaa§a£o de davidas de impostos e de empréstimos e cranãditos concedidos, a retomada das aa§aµes de fomento e a preparaça£o para o novo mercado de consumo pa³s-Covid-19

A Economia Criativa esperava que 2020 fosse um ano promissor, mas ainda no primeiro trimestre, assim como os demais setores, foi fortemente afetada pela paralisação das atividades por conta da pandemia do novo coronavarus. Na tentativa de compreender os efeitos da crise nas atividades do setor, a FGV Projetos, em parceria com o SEBRAE e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa de Sa£o Paulo, desenvolveu a “Pesquisa de Conjuntura do Setor de Economia Criativa osEfeitos da Crise da Covid-19â€. O trabalho foi coordenado pelo gerente executivo da FGV Projetos, Luiz Gustavo de Medeiros Barbosa.
Apesar de contar com grandes empresas em todos os ramos de atuação e promover muitos postos de trabalho em algumas áreas, o setor de Economia Criativa écomposto, em grande parte, por micro e pequenas empresas e profissionais auta´nomos (formalizados ou não), que não possuem capital de giro suficiente para suportar grandes períodos sem faturamento. De acordo com o estudo, o setor tem sofrido um grande impacto por conta da crise da Covid-19. 88,6% indicaram ter sofrido com queda do faturamento. O resultado éinfluenciado diretamente pelo fato de grande parte das atividades do setor necessitar de presença física. 63,4% dos entrevistados afirmaram não ser possível desenvolver suas atividades enquanto perdurarem as medidas de isolamento social e restrição de contato.
Outro dado que chama atenção na pesquisa éque a maior parte dos entrevistados acredita que as medidas restritivas ainda ira£o durar por mais de cinco meses. Essas medidas, de acordo com os entrevistados, impactaram fortemente os projetos que vinham sendo desenvolvidos ou que seriam iniciados. Cerca de 50% tiveram seus projetos suspensos e outros 42% tiveram projetos cancelados. Além disso, cerca de 38% perderam patrocanios captados antes do inicio da pandemia e, entre os que tiveram projetos cancelados, 63% não tem certeza sobre sua realização após a normalização das atividades.
O impacto econa´mico teve como consequaªncia demissaµes no setor e endividamento. Apenas 19,3% informaram ter demitido desde o inicio da pandemia. Poranãm, medidas como suspensão dos contratos de trabalho, redução de sala¡rio com complemento do seguro desemprego e redução de jornada de trabalho com redução de sala¡rios foram adotados pelo setor. O endividamento também faz parte da realidade das empresas do setor. Dos 40,8% que responderam ter davidas/empréstimos em aberto, 20% já estãocom alguns de seus compromissos em atraso. Essa busca por cranãdito, no entanto, não tem sido fa¡cil. 35,1% dos respondentes indicou que procurou por essa alternativa, mas apenas 4,6% conseguiram aprovação. Dos que ainda não buscaram socorro financeiro, 44,6% acreditam que ira£o precisar de cranãdito para que o nega³cio continue funcionando.
Os participantes também elencaram as principais medidas de enfrentamento a crise que poderiam ajudar a Economia Criativa a sobreviver ao período. De acordo com eles, seria importante a abertura de editais para o setor cultural e criativo com recursos do Fundo Nacional de Cultura e da participação da Cultura nas loterias federais; a ampliação do fomento a cultura por parte das empresas estatais; e a renegociação dos prazos de pagamentos de empréstimos e cranãditos concedidos.
Diante desse cena¡rio, o estudo avalia que, a partir da segunda quinzena de mara§o, o setor sofreu com a paralisação praticamente total de suas atividades, um cena¡rio que perdurou atéo maªs de julho. A pesquisa avalia que a partir de então serápossível comea§ar a se buscar um reequilabrio dos nega³cios, passando por um período de estabilização por aproximadamente 12 meses, seguido de uma recuperação econa´mica, que devera¡ ser iniciada somente a partir do segundo semestre de 2021.
Como resultado, o estudo mostra que a reação do setor tende a ser lenta e motivada, em um primeiro momento, pelo aumento do consumo de tecnologia, principalmente compras via internet, operações de streaming e games. Somente em uma segunda etapa seráretomado o consumo em lojas físicas e, por último, a realização de eventos corporativos e culturais. Com a redução média de 43,9% do volume de produção das atividades, as perdas econa´micas na comparação com 2019 sera£o significativas. A expectativa éque o PIB do setor encolha 31,8% em 2020 e que, em 2021, fique 4,5% abaixo do resultado de 2019. Isso significa uma perda de R$69,2 bilhaµes, ou 18,2% na produção total do período.
Do ponto de vista da geração de empregos, o impacto deve se estender também para setores que não são apenas do mercado criativo, mas que dependem dele para manterem suas atividades. Dados da Firjan apontam que a Economia Criativa gerava 837 mil vagas formais em 2019. Com o avanço da Covid-19, éesperado o fechamento de 215 mil postos de trabalho. O estudo avalia que as medidas que já estãoem curso, como a MP 936, são importantes, mas não sera£o suficientes para conter as demissaµes. Nesse cena¡rio, a pesquisa estima que o alongamento dessas medidas de incentivo a manutenção de empregos pode salvar mais de 48 mil postos de trabalho somente no setor.
Por fim, a pesquisa indica que éimportante entender o impacto econa´mico que o setor estãosofrendo para justificar ações que o atenuem e auxiliem nas atividades dos diversos segmentos criativos a se recuperarem. As caracteristicas do setor dificultam a transferaªncia das atividades para o universo digital e, mesmo as empresas que conseguem migrar tem tido dificuldades para monetizar esses novos modelos de nega³cios. Outra ressalva feita pelo estudo diz respeito a presença de trabalhadores free lancers e informais, que estãosofrendo impactos mais severos do que empresas que ainda possuem acessos a recursos que eles não conseguem acessar.
Para auxiliar a recuperação do setor, o estudo sugere que seja facilitado o acesso ao cranãdito, a renegociação de davidas de impostos e de empréstimos e cranãditos concedidos, a retomada das ações de fomento e a preparação para o novo mercado de consumo pa³s-Covid-19.
O estudo completo estãodisponavel no portal.fgv.br