Humanidades

Ações de universidades públicas evidenciam importa¢ncia da ciência no combate a  covid
Levantamento mostra mais de 2 mil iniciativas de institutos federais e universidades para combater efeitos da pandemia em todo o Paa­s
Por Ivanir Ferreira - 01/10/2020


USP contribuiu direta ou indiretamente com 413 ações, o que corresponde a cerca de 20% de todas as produções cienta­ficas do Brasil. Imagem extraa­da do boletim: https://bit.ly/universidades-contra-covid osFotomontagem: Jornal da USP
 
Um mapeamento realizado por pesquisadores do Projeto Ciência Popular, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, registrou mais de 2 mil ações realizadas pelas universidades e institutos federais brasileiros para combater os efeitos da pandemia da covid-19 em todo o Brasil. O levantamento envolveu várias regiaµes metropolitanas brasileiras e já éconsiderado o maior, atéo momento. A maior concentração ficou por conta da Regia£o Sudeste, com 896 ações mapeadas atéo momento (44.7%), seguida do Nordeste (567), Sul (266), Centro-Oeste (142) e Norte (134).

Segundo o coordenador da pesquisa, Ergon Cugler, o objetivo évalorizar a produção cienta­fica e mostrar o quanto estas instituições de ensino e pesquisa contribua­ram na busca de soluções (tratamentos, testes, vacinas, equipamentos de prevenção e suporte hospitalar) e no desenvolvimento de estratanãgias para a criação de políticas públicas de saúde para minimizar os impactos da pandemia na população. “O mapeamento da¡ visibilidade ao potencial e comprometimento da ciência brasileira para enfrentar crises”, diz o pesquisador ao Jornal da USP.

Pelo levantamento, as Universidades Paºblicas Federais se destacaram com 868 ações mapeadas (43.3%), seguidas das Universidades Paºblicas Estaduais (616) e Institutos Federais (396). No que diz respeito ao tripéque norteia as universidades, a expressiva maioria (77.8%) ou 1.560 das iniciativas ficaram na categoria de extensão universita¡ria, além de ações voltadas a  pesquisa (340) e ao ensino (105). A USP contribuiu direta ou indiretamente com 413 ações, o que corresponde a aproximadamente 20% de todas as produções cienta­ficas do Brasil.

Imagem extraa­da do boletim: https://bit.ly/universidades-contra-covid

Respiradores, EPIs, análises laboratoriais e pesquisas

Dentre as 2.005 ações levantadas, o maior grupo (21%) diz respeito a  disseminação de informações e divulgação cienta­fica (ex: portal de nota­cias ou outras informações); seguido de 323 ações (16.1%) de produção de EPIs (ex: face shield, ma¡scara ou luvas); 233 (11.6%) de orientações ou apoio ao isolamento social (ex: psicossocial, nutricional, atividade física ou entretenimento); 168 (8.4%) de estudos biola³gicos ou no campo da saúde; 150 (7.5%) produção de desinfetantes (ex: a¡lcool ou águasanita¡ria); 148 (7.4%) estudos ou projeções socioecona´micas; 116 (5.8%) rede de solidariedade ou doações de alimentos; 105 (5.2%) produção de testes para covid-19; 104 (5.2%) de apoio ao atendimento (ex: leitos, estrutura ou profissionais); 81 (4.0%) produção de respiradores e/ou equipamentos de apoio a s UTIs; 70 (3.5%) de capacitação de profissionais da saúde; e, demais ações, somam 86.

Imagem extraa­da do boletim: https://bit.ly/universidades-contra-covid
 
Além das ações voltadas diretamente a  sociedade civil e aos profissionais da saúde, Cugler relata que diversas iniciativas mostram o papel determinante das Universidades e Institutos Federais no apoio ao poder paºblico para o enfrentamento da crise emnívelmunicipal e regional, tanto na colaboração nos gabinetes de crise, quanto na produção de insumos estratanãgicos. Sobre o paºblico-alvo beneficiado pelas ações, o mapeamento identificou 64 iniciativas voltadas para os gestores e poder paºblico; 1.453 para a população e sociedade civil; 353 para profissionais da saúde; 44 para cientistas e pesquisadores; e 55 para a comunidade escolar.

Segundo o pesquisador, a ideia não foi promover competição entre as instituições mostrando que uma regia£o produziu mais que a outra, mas divulgar a capilaridade das pesquisas cienta­ficas por todo o territa³rio brasileiro. “Mesmo diante do desmonte das estruturas que da£o suporte ao desenvolvimento cienta­fico e da desvalorização da ciência por parte do poder paºblico, percebemos nessa incursão pelo Brasil que os pesquisadores brasileiros, mesmo sem apoio, não hesitam em enfrentar a crise e fazem o melhor dentro de suas respectivas áreas de atuação”, diz.

Imagem extraa­da do boletim: https://bit.ly/universidades-contra-covid
 
Coleta de dados

Inicialmente, os pesquisadores buscaram as informações por meio dos sites disponí­veis nas instituições. Depois, os dados começam a se avolumar tanto que foi preciso recorrer a outra metodologia, diz Yasmin Pinheiro, pesquisadora do Ciência Popular. Contataram as instituições e disponibilizaram pela internet um formula¡rio para preenchimento. O mapeamento foi categorizado em formato de dados abertos e as próprias intuições passaram a inserir as informações na base de dados.

Yasmin diz que o objetivo não éesgotar a totalidade das ações, nem tampouco produzir indicadores estata­sticos que estipulem proporcionalmente a realidade de produção dentre as universidades e institutos mapeados. Poranãm, “a construção coletiva de uma base de dados e sua ampla divulgação permite reforçar o papel e a importa¢ncia da pesquisa cienta­fica brasileira e possibilita eventuais manuseios da base de dados para fins cienta­ficos, como cruzamentos e estudos sobre a produção cienta­fica no combate a  covid-19”, diz.

Plataforma Ciência Popular

Além dos dados abertos e da publicação dos Boletins, o Projeto Ciência Popular conta com a Empresa Jaºnior de Sistemas de Informação (Sa­ntese Jr.) da EACH no desenvolvimento de uma plataforma on-line que serálana§ada em breve para potencializar a divulgação das iniciativas.

O Projeto Ciência Popular estãosob a coordenação de Ergon Cugler de Moraes Silva e Pamela Quevedo Joia Duarte da Costa, ambos do curso de Gestãode Pola­ticas Paºblicas da EACH. Tambanãm participam do projeto os pesquisadores: Guilherme Silva Lamana Camargo, Leta­cia Figueiredo Collado e Yasmin de Sousa Pinheiro, sob orientação dos professores JoséCarlos Vaz e Gisele da Silva Craveiro, da EACH, por meio do Observatório Interdisciplinar de Pola­ticas Paºblicas JoséRenato de Campos Araaºjo (OIPP), do Grupo de Estudos em Tecnologia e Inovações na GestãoPaºblica (Getip) e do Colaboratório de Desenvolvimento e Participação (Co:Lab).

 

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