Humanidades

Nenhumpaís imune ao choque econa´mico da COVID-19, mas as nações asia¡ticas se recuperara£o mais rapidamente
O estudo usa quarenta anos de dados trimestrais para prever uma longa recessão global resultante do coronava­rus, com as bases de manufatura da China e do Leste Asia¡tico previstas para se sair melhor do que a maioria das economias ocidentais.
Por Fred Lewsey - 02/12/2020


Um caminhante solita¡rio em um distrito comercial de Leeds, Reino Unido, durante o confinamento. Crédito: Gary Butterfield


Qualquer análise do COVID-19 deve ir além da identificação do choque econa´mico e levar em consideração seus efeitos não lineares e repercussaµes entre ospaíses

Kamiar Mohaddes

O PIB global caira¡ três por cento abaixo das estimativas pré-pandemia atéo final de 2021, com muitospaíses ocidentais observando efeitos "mais profundos e duradouros" em comparação com a China e outras economias asia¡ticas, sugere um estudo.  

Além disso, as nações que adotaram bloqueios menos ra­gidos - a Suanãcia, por exemplo - também não estara£o protegidas das perdas econa´micas da COVID-19, devido a repercussaµes de outrospaíses.

Publicado pelo National Bureau of Economic Research , o estudo macroecona´mico captura a volatilidade econa´mica causada pelos últimos quarenta anos de “eventos raros”. Ele usa esses dados hista³ricos para prever os efeitos de longo prazo da pandemia nas economias individuais.  

A pesquisa sugere que o crescimento econa´mico serábloqueado em pelo menos 80% das nações avana§adas do mundo e em muitas economias de mercado emergentes devido ao “excesso de incerteza global”.   

Dois economistas de Cambridge conduziram o estudo com uma equipe internacional de pesquisadores. Eles argumentam que a pandemia levara¡ a uma “queda significativa na produção mundial” - cujas consequaªncias podem durar grande parte da década que se inicia.

“A pandemia COVID-19 éum choque global como nenhum outro, envolvendo interrupções simulta¢neas tanto na oferta quanto na demanda em uma economia mundial interconectada”, disse o co-autor Dr. Kamiar Mohaddes, economista da Cambridge Judge Business School.

“As infecções reduzem a oferta de trabalho e a produtividade, enquanto bloqueios, fechamentos de empresas e distanciamento social também causam interrupções no fornecimento. Do lado da demanda, a redunda¢ncia e a perda de renda por morte, quarentena e desemprego, além da piora das perspectivas econa´micas, reduzem o consumo das fama­lias e o investimento das empresas. ”

O estudo de Mohaddes, um Fellow do King's College em Cambridge, e colegas, incluindo M. Hashem Pesaran, Fellow do Trinity College, usa as revisaµes da previsão de crescimento do PIB do FMI entre janeiro e abril de 2020 para identificar o choque econa´mico do COVID-19.

A equipe de pesquisa criou um modelo de 33países cobrindo 90% da economia global, usando dados de 1979 em diante - em particular os raros choques econa´micos - para prever a faixa de perda de PIB prova¡vel de ser sofrida por cada nação e regia£o como resultado de a pandemia. O estudo considera os efeitos “não lineares” da volatilidade econa´mica global.

“As técnicas desenvolvidas neste estudo tem como objetivo capturar os efeitos de eventos raros, como COVID-19, e contabilizar interconexões e transbordamentos entrepaíses e mercados”, disse Mohaddes, que trabalhou com colegas do Fundo Moneta¡rio Internacional da Universidade Johns Hopkins e o Federal Reserve Bank de Dallas.  

O estudo sugere que os EUA e o Reino Unido provavelmente experimentara£o efeitos mais profundos e duradouros, enquanto a China tem mais de 50% de chance de sua economia melhorar muito mais rápido do que suas principais contrapartes ocidentais. As probabilidades para a área do euro são “distorcidas negativamente”, mas éprova¡vel que experimente uma recuperação mais rápida e robusta do que os EUA atéo final de 2021.

“Puxadas pela China, a maioria das economias emergentes da asia tem uma chance maior de desempenho melhor do que a média global”, disse Mohaddes. Ele argumenta que a China e outrospaíses da regia£o podem se sair melhor globalmente graças a s suas bases de manufatura.

Economias com fortes indaºstrias de servia§os se mostraram resilientes no passado, pois a manufatura estava mais exposta a s flutuações do mercado, mas o COVID-19 e a era digital mudaram isso de cabea§a para baixo: os servia§os sofrem porque as pessoas ficam em casa em massa enquanto os bens ainda são comercializados por meio plataformas online.

“Os mercados emergentes não asia¡ticos se destacam por sua vulnerabilidade e sofrera£o um colapso significativo da produção em 2020, com menos de 30% de chance de não sofrer uma perda de produção atéo final de 2021. Turquia, áfrica do Sul e Ara¡bia Saudita certamente vera¡ pelo menos oito trimestres de atividade econa´mica gravemente deprimida ”, disse Mohaddes.  

O estudo da¡ muita atenção aopaís natal de Mohaddes, a Suanãcia, onde o governo adotou uma abordagem marcadamente diferente, com pouco no caminho do distanciamento social obrigata³rio e bloqueios adotados pela maioria dospaíses.

“A economia sueca também vera¡ uma grande queda no PIB, muito semelhante a outras economias europeias”, disse ele. “Nossas estimativas para a Suanãcia ilustram que nenhumpaís estãoimune a s consequaªncias econa´micas da pandemia, devido a s interconexões e a  natureza global do choque.”

O estudo prevaª taxas de juros mais baixas nas principais economias avana§adas - cerca de 100 pontos-base ou 1 ponto percentual abaixo das taxas pré-COVID. “A crise aumenta a economia por precaução e reduz a demanda de investimentos”, disse Mohaddes.

No entanto, ele alerta que o mesmo não pode ser dito com certeza sobre economias de mercado emergentes em regiaµes como a Amanãrica Latina, onde as taxas de endividamento podem aumentar rapidamente, com implicações para o “servia§o da da­vida”.    

Os ca¡lculos do estudo envolvem as “Dimensões temporais e transversais” dos dados que levam em consideração os fatores reais e financeiros da atividade econa´mica, bem como fatores comuns, como os prea§os do petra³leo e a volatilidade global. Os modelos específicos de cadapaís incluem o crescimento do produto, a taxa de ca¢mbio real, bem como os prea§os reais das ações e as taxas de juros de longo prazo, quando dispona­veis.

Mohaddes acrescentou: “Dada a sua natureza sem precedentes, qualquer análise do COVID-19 tem que ir além de identificar o choque econa´mico e levar em conta seus efeitos não lineares e transbordamentos entrepaíses, bem como a incerteza em torno das previsaµes. a‰ isso que tratamos com nosso modelo economanãtrico. ”

 

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