Para compreender a nosmesmos e nosso lugar no universo, “devemos ter humildade, mas também respeito pra³prioâ€, escreve o fasico em um novo livro.

“Experimentar a profunda harmonia entre dois universos diferentes - o universo das belas ideias e o universo do comportamento fasico - foi para mim uma espanãcie de despertar espiritual. Tornou-se minha vocação. Nãofiquei desapontado. †- Frank Wilczek Créditos: Imagem: Christine Daniloff, MIT, banco de imagens
Na primavera de 1970, as faculdades de todo opaís explodiram com protestos estudantis em resposta a Guerra do Vietna£ e ao tiroteio da Guarda Nacional contra estudantes manifestantes na Kent State University. Na Universidade de Chicago, onde Frank Wilczek era estudante de graduação, aulas regulares eram “improvisadas e semivolunta¡rias†em meio a turbulaªncia, como ele se lembra.
Foi durante essa anãpoca turbulenta que Wilczek encontrou um conforto inesperado e uma nova compreensão do mundo na matemática. Ele decidiu assistir a uma aula com o professor de física Peter Freund, que, com um zelo "pra³ximo ao aªxtase", conduziu os alunos por meio de teorias matemáticas de simetria e maneiras pelas quais essas teorias podem prever comportamentos no mundo fasico.
Em seu novo livro, “Fundamentals: Ten Keys to Realityâ€, publicado hoje pela Penguin Press, Wilczek escreve que as lições foram uma revelação: “Experimentar a profunda harmonia entre dois universos diferentes - o universo das belas ideias e o universo da física comportamento - foi para mim uma espanãcie de despertar espiritual. Tornou-se minha vocação. Nãofiquei desapontado. â€
Wilczek, que éo Professor de Fasica Herman Feshbach no MIT, desde então fez contribuições inovadoras para a nossa compreensão fundamental do mundo fasico, pelo qual foi amplamente reconhecido, principalmente em 2004 com o Praªmio Nobel de Fasica, com o qual compartilhou fasicos David Gross e David Politzer. Ele também éautor de vários livros populares de ciência sobre física e história da ciência
Em seu novo livro, ele destila a compreensão coletiva dos cientistas do mundo fasico em 10 grandes temas filosãoficos, usando as teorias fundamentais da física, da cosmologia a meca¢nica qua¢ntica, para reformular as idanãias de Espaço, tempo e nosso lugar no universo.
“Com o progresso, passamos a considerar as pessoas e criaturas como tendo valor intranseco e merecedoras de profundo respeito, assim como nósâ€, escreve ele. “Quando nos vemos como padraµes na matéria, énatural trazr nosso carculo de parentesco muito amplo.â€
“As pessoas lutam contra o que éo mundo,†Wilczek disse ao MIT News . “Eles não estãopreocupados em saber exatamente o que éa lei de Coulomb, mas querem saber mais sobre questões como os antigos gregos perguntavam: O que éo Espaço? Que horas anã? Então, no final, cheguei a 10 afirmações, nos naveis da filosofia, mas apoiadas em fatos muito concretos, para organizar o que sabemos. â€
Uma montanha-russa renascida
Wilczek escreveu a maior parte do livro no inicio desta primavera, no meio de outra anãpoca tumultuada, no inicio de uma pandemia global. Seu neto nasceu quando Wilczek estava trazndo a estrutura de seu livro e, no prefa¡cio, o fasico escreve que viu o bebaª comea§ar a construir um modelo do mundo, com base em suas observações e interações com o meio ambiente, “ com curiosidade insacia¡vel e poucos preconceitos. â€
Wilczek diz que os cientistas podem tirar uma dica da maneira como os bebaªs aprendem - construindo e podando modelos mais detalhados do mundo, com uma perspectiva aberta e imparcial semelhante. Ele pode se lembrar de ocasiaµes em que sentiu sua própria compreensão do mundo mudar fundamentalmente. O curso da faculdade sobre simetria matemática foi um dos primeiros exemplos. Mais recentemente, o surgimento da inteligaªncia artificial e do aprendizado de ma¡quina o levou a repensar "o que éo conhecimento e como ele éadquirido".
Ele escreve: “O processo de nascer de novo pode ser desorientador. Mas, como um passeio na montanha-russa, também pode ser estimulante. E traz este presente: para aqueles que nascem de novo, no caminho da ciaªncia, o mundo passa a parecer fresco, laºcido e maravilhosamente abundante. â€
“Padrões em questãoâ€
O livro de Wilczek contanãm ampla oportunidade para os leitores reformularem sua visão do mundo fasico. Por exemplo, em um capatulo intitulado “Ha¡ muito Espaçoâ€, ele escreve que, embora o universo seja vasto, háoutra escala de vastida£o em nós. Para ilustrar seu ponto de vista, ele calcula que existem cerca de 10 octilhaµes de a¡tomos que constituem o corpo humano. Isso écerca de 1 milha£o de vezes o número de estrelas no universo visível. As multidaµes dentro e fora de nosnão são contradita³rias, diz ele, mas podem ser explicadas pelo mesmo conjunto de regras físicas.
E, de fato, o universo, em toda a sua diversidade, pode ser descrito por um conjunto surpreendentemente pequeno de regras, conhecidas coletivamente como o Modelo Padra£o da Fasica, embora Wilczek prefira chama¡-lo por outro nome.
“O chamado Modelo Padra£o éo culminar de milaªnios de investigação, permitindo-nos entender como a matéria funciona, de forma muito completaâ€, diz Wilczek. “Portanto, chama¡-lo de modelo e padrãoéuma espanãcie de oportunidade perdida de realmente transmitir a s pessoas a magnitude do que foi alcana§ado pela humanidade. a‰ por isso que gosto de chama¡-lo de 'núcleo'. a‰ um corpo central de compreensão a partir do qual podemos construir. â€
Wilczek leva o leitor a muitos dos principais experimentos, teorias e revelações que os fasicos fizeram na construção e validação do modelo padrãoe suas descrições matemáticas do universo.
Incluadas nesta viagem cientafica muitas vezes alegre são breves menções das próprias contribuições de Wilczek, como seu trabalho ganhador do Nobel que estabelece a teoria da cromodina¢mica qua¢ntica; sua caracterização do a¡xion, uma partacula tea³rica que ele batizou em homenagem a um saba£o em pa³ de mesmo nome (“Era curto, cativante e se encaixaria bem ao lado de pra³ton, naªutron, elanãtron e paonâ€, escreve ele); e sua introdução do anyon - um tipo inteiramente novo de partacula que não éum fanãrmion nem um ba³son.
Em abril, e depois separadamente em julho, os cientistas fizeram as primeiras observações de anyons, quase 40 anos depois que Wilczek propa´s pela primeira vez sua existaªncia.
“Eu estava comea§ando a achar que isso nunca aconteceriaâ€, diz Wilczek, que estava terminando seu livro quando as descobertas se tornaram públicas. “Quando finalmente aconteceu, foi uma bela surpresa.â€
A descoberta de anyons abre possibilidades para que aspartículas sejam usadas como blocos de construção para computadores qua¢nticos e marca outro marco em nossa compreensão do universo.
Ao encerrar seu livro, Wilczek escreve sobre “complementaridade†- um conceito em física que se refere a duas teorias aparentemente contrastantes, como as teorias de onda e partacula da luz, que podem explicar separadamente o mesmo conjunto de fena´menos. Ele aponta para muitas teorias complementares da física ao longo do livro e estende a ideia a filosofia e a s maneiras pelas quais aceitar visaµes contrastantes do mundo pode nos ajudar a expandir nossa experiência.
“Com o progresso, passamos a considerar as pessoas e criaturas como tendo valor intranseco e merecedoras de profundo respeito, assim como nósâ€, escreve ele. “Quando nos vemos como padraµes na matéria, énatural trazr nosso carculo de parentesco muito amplo.â€