O inicio da pandemia COVID-19 causou uma queda acentuada nos padraµes de vida e aumento da insegurança alimentar nospaíses em desenvolvimento em todo o mundo.
Um municapio perto da costa de Freetown, Serra Leoa, áfrica Ocidental. (© Shutterstock)
O inicio da pandemia COVID-19 causou um declanio acentuado nos padraµes de vida e aumento da insegurança alimentar empaíses em desenvolvimento em todo o mundo, de acordo com um novo estudo realizado por uma equipe internacional de economistas.
O estudo, publicado em 5 de fevereiro na revista Science Advances, fornece a primeira visão aprofundada dos efeitos socioecona´micos iniciais da crise de saúde empaíses de baixa e média renda, usando microdados detalhados coletados de dezenas de milhares de famalias em novepaíses .Â
Os pesquisadores realizaram 16 pesquisas por telefone representativas emnívelnacional e subnacional de abril a julho de 2020 em Bangladesh, Burkina Faso, Cola´mbia, Gana, Quaªnia, Nepal, Filipinas, Ruanda e Serra Leoa. Em todos essespaíses, os entrevistados relataram quedas no emprego, na renda e no acesso a mercados e servia§os, que se traduzem em altos naveis de insegurança alimentar. Muitas famalias relataram não conseguir atender a s necessidades nutricionais ba¡sicas.Â
“ COVID-19 e seu choque econa´mico representam uma forte ameaça aos residentes depaíses de baixa e média renda - onde reside a maior parte da população mundial - que carecem das redes de segurança social que existem nospaíses ricosâ€, disse Mushfiq Mobarak, professor de diretor de economia e corpo docente da Iniciativa de Pesquisa em Inovação e Escala de Yale (Y-RISE), e o autor correspondente do estudo. “As evidaªncias que coletamos mostram consequaªncias econa´micas terraveis, incluindo aumento da insegurança alimentar e queda da renda, que, se não for controlada, pode colocar milhões de famalias vulnera¡veis ​​na pobrezaâ€.
Em todas as pesquisas, a porcentagem de entrevistados que relatou perdas de renda variou de 8% no Quaªnia a 86% na Cola´mbia. A mediana, ou ponto manãdio da variação, foi de impressionantes 70%. A porcentagem de perda de empregos relatada variou de 6% em Serra Leoa a 51% na Cola´mbia, com uma mediana de 29%.Â
“ Pintar um quadro abrangente do impacto econa´mico desta crise global requer a coleta de dados harmonizados de todo o mundoâ€, disse Edward Miguel, professor de economia da Universidade da Califa³rnia-Berkeley e coautor do estudo. “Nosso trabalho éum exemplo emocionante de colaboração frutafera entre equipes de pesquisa de uma variedade de instituições que trabalham em váriospaíses simultaneamente para melhorar nossa compreensão de como COVID-19 afetou os padraµes de vida empaíses de baixa e média renda.â€
Porcentagens significativas de entrevistados nas pesquisas relataram ter sido forçados a faltar a s refeições ou reduzir o tamanho das porções, incluindo 48% das famalias rurais do Quaªnia, 69% das famalias sem terra e agracolas em Bangladesh e 87% das famalias rurais em Serra Leoa - onívelmais alto de insegurança alimentar. Famalias mais pobres geralmente relataram taxas mais altas de insegurança alimentar, embora as taxas fossem substanciais mesmo entre a metade superior de cada amostra. Â
O aumento acentuado da insegurança alimentar relatado entre as criana§as foi particularmente alarmante, dados os efeitos negativos potencialmente grandes a longo prazo da subnutrição, de acordo com o estudo.
Os resultados da pesquisa de Bangladesh e do Nepal sugerem que os naveis de insegurança alimentar foram muito mais altos durante a pandemia do que durante a mesma temporada nos anos anteriores.
Na maioria dospaíses, uma grande parte dos entrevistados relatou acesso reduzido aos mercados, provavelmente devido a bloqueios e outras restrições implementadas para conter a propagação do varus. A disponibilidade de apoio social de governos ou organizações não governamentais variou amplamente nas pesquisas, mas as altas taxas de insegurança alimentar relatadas sugerem que o apoio era insuficiente mesmo quando presente, descobriram os pesquisadores.Â
Além de aumentar a insegurança alimentar, o estudo mostra que a pandemia e as medidas de contenção que a acompanham minaram vários outros aspectos do bem-estar domanãstico. Em todos ospaíses, as escolas foram fechadas durante a maior parte ou todo o período da pesquisa. Os entrevistados também relataram acesso reduzido aos servia§os de saúde, incluindo cuidados pré-natais e vacinação. Combinados, esses fatores podem ter efeitos prejudiciais a longo prazo em criana§as em particular, observam os pesquisadores.Â
“ O choque econa´mico da pandemia nessespaíses, onde a maioria das pessoas depende do trabalho casual para alimentar suas famalias, causa privações que tem consequaªncias adversas a longo prazo, incluindo mortalidade excessivaâ€, disse o coautor do estudo Ashish Shenoy, professor de agricultura e economia de recursos na Universidade da Califa³rnia, Davis. “Nossas descobertas ressaltam a importa¢ncia de coletar dados de pesquisas para entender os efeitos da crise e informar respostas políticas eficazes. Demonstramos a eficácia de pesquisas por telefone em larga escala para fornecer esses dados cruciais. â€
As circunsta¢ncias atuais podem exigir programas de proteção social que priorizem o enfrentamento da pobreza imediata e da subnutrição antes de abordar as causas subjacentes mais profundas da desigualdade e da privação econa´mica, afirmam os pesquisadores. Eles sugerem que os legisladores considerem a identificação de famalias pobres usando telefones celulares e dados de satanãlite e, em seguida, fornea§am-lhes transferaªncias de dinheiro ma³veis.Â
Os pesquisadores também recomendam o apoio a servia§os ba¡sicos, como águae luz, por meio de subsadios e remoção de penalidades para contas não pagas. Eles observam uma ligação fundamental entre conter COVID-19 e fornecer alavio econa´mico, uma vez que famalias que enfrentam escassez aguda podem estar menos dispostas do que outras a seguir as regras de distanciamento social enquanto buscam oportunidades para atender a s necessidades ba¡sicas.Â
Além de pesquisadores de Yale e Y-RISE, o estudo incluiu parceiros das seguintes instituições: University of California-Berkeley; O Banco Mundial; Inovações para Ação contra a Pobreza; Universidade da Califa³rnia-Davis; Northwestern University; Universidade de Basel, Suaa§a; Universidade de Princeton; Busara Center for Behavioral Economics, Nairobi, Quaªnia; Universidade de Stanford; Centro de Ciências Sociais WBZ de Berlim; Universidade Columbia; Centro Internacional de Crescimento, Londres; Vyxer Remit Kenya, Busia, Kenya; Universidade americana; Universidade de Goettingen, Alemanha; Universidade de Harvard; e a Universidade de Wageningen, Holanda.