Humanidades

Uso de ma­dia social impulsionado pela busca por recompensas, semelhante a animais que procuram comida
Nosso uso de ma­dia social, especificamente nossos esforços para maximizar “curtidas”, segue um padrãode “aprendizado por recompensa”, conclui um novo estudo feito por uma equipe internacional de cientistas.
Por James Devitt - 28/02/2021


Crédito da foto: libre de droit / Getty Images

Nosso uso de ma­dia social, especificamente nossos esforços para maximizar “curtidas”, segue um padrãode “aprendizado por recompensa”, conclui um novo estudo feito por uma equipe internacional de cientistas. Suas descobertas, que aparecem na revista Nature Communications , revelam paralelos com o comportamento de animais, como ratos, em busca de recompensas alimentares.

“Esses resultados estabelecem que o engajamento na ma­dia social segue princa­pios ba¡sicos de aprendizagem de recompensa entre espanãcies”, explica David Amodio, professor da New York University e da University of Amsterdam e um dos autores do artigo. “Essas descobertas podem nos ajudar a entender por que a ma­dia social passa a dominar a vida dia¡ria de muitas pessoas e fornece pistas, emprestadas de pesquisas sobre aprendizado de recompensa e dependaªncia, de como o envolvimento online problema¡tico pode ser abordado.”

Em 2020, mais de quatro bilhaµes de pessoas passaram várias horas por dia, em média, em plataformas como Instagram, Facebook, Twitter e outros fa³runs mais especializados. Esse envolvimento generalizado na ma­dia social foi comparado por muitos a um va­cio, no qual as pessoas são levadas a buscar feedback social on-line positivo, como "curtir", por meio da interação social direta e atémesmo de necessidades ba¡sicas como comer e beber.

Embora o uso da ma­dia social tenha sido estudado extensivamente, o que realmente leva as pessoas a se envolverem, a s vezes obsessivamente, com outras pessoas nas redes sociais émenos claro.

Para examinar essas motivações, o estudo da Nature Communications , que também incluiu cientistas da Universidade de Boston, da Universidade de Zurique e do Instituto Karolinska da Suanãcia, testou diretamente, pela primeira vez, se o uso da ma­dia social pode ser explicado pela maneira como nossas mentes processam e aprenda com as recompensas.

Para fazer isso, os autores analisaram mais de um milha£o de postagens em ma­dia social de mais de 4.000 usuários no Instagram e em outros sites. Eles descobriram que as pessoas espaa§am suas postagens de uma forma que maximiza o número de "curtidas" que recebem em média: elas postam com mais frequência em resposta a uma alta taxa de curtidas e com menos frequência quando recebem menos curtidas.

Os pesquisadores então usaram modelos computacionais para revelar que esse padrãoestãode acordo com mecanismos conhecidos de aprendizado de recompensa, um conceito psicola³gico estabelecido hámuito tempo que postula que o comportamento pode ser impulsionado e reforçado por recompensas.

Mais especificamente, sua análise sugeriu que o engajamento na ma­dia social éimpulsionado por princa­pios semelhantes que levam animais não humanos, como ratos, a maximizar suas recompensas alimentares em uma Skinner Box - uma ferramenta experimental comumente usada em que animais são colocados em um compartimento , acessar os alimentos realizando certas ações (por exemplo, pressionando uma determinada alavanca).

Os pesquisadores então corroboraram esses resultados com um experimento online, no qual participantes humanos podiam postar imagens engraçadas com frases, ou "memes", e receber curtidas como feedback em uma plataforma semelhante ao Instagram. Consistente com a análise quantitativa do estudo, os resultados mostraram que as pessoas postaram com mais frequência quando receberam mais curtidas - em média.

“Nossas descobertas podem ajudar a compreender melhor por que a ma­dia social domina a vida dia¡ria de tantas pessoas e também pode fornecer pistas para maneiras de combater o comportamento online excessivo”, disse Bja¶rn Lindstra¶m da Universidade de Amsterda£, principal autor do artigo.

Os outros autores do estudo são David Schultner da Universidade de Amsterda£, Martin Bellander do Instituto Karolinska da Suanãcia, Allen Chang da Universidade de Boston e Philippe Tobler da Universidade de Zurique.

A pesquisa foi apoiada, em parte, por uma bolsa da Organização Holandesa de Pesquisa Cienta­fica (VICI 016.185.058).

 

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