Humanidades

Segredos de cartas seladas do século 17 revelados por scanners de raios-X odontola³gicos
Pela primeira vez no mundo, uma equipe internacional de pesquisadores leu uma carta fechada do Renascimento europeu - sem quebrar seu selo ou danifica¡-lo de qualquer forma.
Por Queen Mary, Universidade de Londres - 02/03/2021


O Letterpacket DB-1627 foi virtualmente desdobrado e lido pela primeira vez desde que foi escrito há300 anos. A carta contanãm uma mensagem de Jacques Sennacques datada de 31 de julho de 1697, para seu primo Pierre Le Pers, um comerciante francaªs, pedindo uma ca³pia autenticada de um aviso de a³bito de um certo Daniel Le Pers. Tambanãm évisível uma marca d' águano centro do papel contendo a imagem de um pa¡ssaro. Crédito: Arquivo do grupo de pesquisa de história de desbloqueio

Pela primeira vez no mundo, uma equipe internacional de pesquisadores leu uma carta fechada do Renascimento europeu - sem quebrar seu selo ou danifica¡-lo de qualquer forma.

A pesquisa, publicada na Nature Communications , descreve como um scanner de raios-X usado em pesquisas odontola³gicas e 'desdobramento virtual' permitiu a  equipe interdisciplinar ler o conteaºdo de uma carta dobrada de forma segura e intrincada que permaneceu fechada por 300 anos, preservando seu evidaªncias físicas valiosas.

Um scanner de microtomografia de raios-X altamente sensa­vel, desenvolvido nos laboratórios de pesquisa odontola³gica da Queen Mary University de Londres, foi usado para digitalizar um lote de cartas fechadas de um porta-malas do século 17 cheio de correspondaªncias não entregues.

Os remetentes dessas cartas as fechavam usando 'letterlocking' - o processo hista³rico de dobrar e prender intrincadamente uma folha de papel plana para se tornar seu pra³prio envelope. O bloqueio de letras era uma prática comum para comunicação segura antes de os envelopes modernos entrarem em uso e éconsiderado o elo perdido entre as antigas técnicas de segurança de comunicação física e a criptografia digital moderna.

Atéagora, esses pacotes de cartas são podiam ser estudados e lidos cortando-os, muitas vezes danificando os documentos hista³ricos. Agora, a equipe pa´de examinar o conteaºdo das cartas sem danificar irrevogavelmente os sistemas que as protegiam.

O professor Graham Davis, da Queen Mary University of London, disse: "Projetamos nosso scanner de raios-X para ter uma sensibilidade sem precedentes para mapear o conteaºdo mineral dos dentes, o que éinestima¡vel na pesquisa odontola³gica. Mas essa alta sensibilidade também tornou possí­vel resolver certos tipos de tinta em papel e pergaminho. a‰ incra­vel pensar que um scanner projetado para olhar os dentes nos levou tão longe. "

O Dr. David Mills, da Queen Mary University of London, disse: "Conseguimos usar nossos scanners para o hista³rico de raios-X. A tecnologia de varredura ésemelhante aos toma³grafos médicos, mas usando raios-X muito mais intensos que nos permitem veja os minaºsculos traa§os de metal na tinta usada para escrever essas cartas. O resto da equipe foi então capaz de pegar nossas imagens digitalizadas e transforma¡-las em letras que puderam abrir virtualmente e ler pela primeira vez em mais de 300 anos. "
 
Este processo revelou o conteaºdo de uma carta datada de 31 de julho de 1697. Ela contanãm um pedido de Jacques Sennacques a seu primo Pierre Le Pers, um comerciante francaªs em Haia, para uma ca³pia autenticada de um aviso de a³bito de um certo Daniel Le Pers (completo transcrição e imagens dispona­veis). A carta da¡ uma visão fascinante sobre a vida e as preocupações das pessoas comuns em um período tumultuado da história europeia, quando as redes de correspondaªncia mantinham fama­lias, comunidades e comanãrcio juntos em grandes distâncias.

Seguindo a varredura por microtomografia de raios-X dos pacotes de cartas, a equipe internacional aplicou algoritmos computacionais a s imagens de varredura para identificar e separar as diferentes camadas da carta dobrada e "desdobra¡-la virtualmente".

Um baaº de cartas do século XVII legado ao museu postal holandaªs em Haia. O baaº pertencia a um dos mais ativos postmaster e postmistress da anãpoca, Simon e Marie de Brienne, um
casal no coração das redes de comunicação europeias. A arca contanãm um arquivo
extraordina¡rio: 2600 cartas "trancadas" enviadas de toda a Europa para este eixo de
comunicação, nenhuma das quais nunca foi entregue. Pacotes de cartas selados deste baaº
foram digitalizados por microtomografia de raios-X e "virtualmente desdobrados" para
revelar seu conteaºdo pela primeira vez em séculos. Crédito: Arquivo do
grupo de pesquisa de história de desbloqueio.

Os autores sugerem que o manãtodo de desdobramento virtual e a categorização das técnicas de dobragem podem ajudar os pesquisadores a entender essa versão hista³rica da criptografia física, ao mesmo tempo em que preservam sua herana§a cultural.

“Este algoritmo nos leva direto ao coração de uma carta fechada”, explica a equipe de pesquisa. "a€s vezes, o passado resiste ao escruta­nio. Podera­amos simplesmente ter aberto essas cartas, mas, em vez disso, reservamos um tempo para estuda¡-las por suas qualidades ocultas, secretas e inacessa­veis. Aprendemos que as letras podem ser muito mais reveladoras quando são deixado fechado. Usar o desdobramento virtual para ler uma história a­ntima que nunca viu a luz do dia - e nunca chegou a seu destinata¡rio - érealmente extraordina¡rio. "

 

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