Acontece que éporque não somos coordenados dessa forma, esclarece uma nova pesquisa
Ilustração de Roger Chouinard
Vocaª já ficou conversando com alguém e não conseguiu descobrir como sair dessa? Que tal se encontrar em uma conversa realmente interessante, mas terminar prematuramente? Vocaª não estãosozinho, e tudo porque somos descoordenados - conversacionalmente, pelo menos.
Um novo estudo analisando 932 conversas entre pares de pessoas descobriu que a maioria das conversas não termina quando os participantes querem. Alguns acham que as conversas são muito curtas, enquanto outros acham que se prolongam muito, pois muitas pessoas estão, sem daºvida, a s vezes dolorosamente, conscientes. Na verdade, apenas cerca de 2 por cento das conversas terminaram quando ambas as pessoas queriam, de acordo com a pesquisa.
“Muitas pessoas laªem isso e presumem que a descoberta éque as pessoas querem ir antes do fim, porque acho que éa experiência mais normal que as pessoas temâ€, disse Adam Mastroianni, um Ph.D. estudante do Departamento de Psicologia de Harvard que ajudou a conduzir o estudo. “A maioria das pessoas diz isso, mas muitas pessoas dizem o contra¡rio: que querem que continue. Na verdade, se vocêapenas olhar para a média, entre as pessoas que querem ir [da conversa] logo e as pessoas que querem ir mais tarde, elas realmente se cancelam. â€
O trabalho destaca que a maioria das conversas termina em um hora¡rio diferente do que as pessoas desejam, sinalizando um problema cla¡ssico de coordenação que provavelmente ocorre porque as pessoas não querem parecer rudes.
“Isso acontece por dois motivos. Uma éque as pessoas não querem falar pela mesma quantidade de tempo, então tem que resolver esse problema de coordenação. Dois, eles não sabem o que a outra pessoa quer, então, por mais que eles queiram resolver esse problema, eles não podem fazer isso porque para fazer isso vocêprecisa saber o que a outra pessoa quer e eles teriam que saber o que vocêqueria â€, Disse Mastroianni. “Vocaª não para de falar abruptamente com alguém e vai embora porque não égentil.â€
O estudo foi publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences. O professor de psicologia de Harvard Daniel Gilbert foi um dos outros coautores do estudo, junto com psica³logos da Universidade da Pensilva¢nia e da Universidade da Virgania.
Quando se trata de comunicação humana, a conversa éessencial. No entanto, os psica³logos estãoapenas comea§ando a estudar o ato em si, em oposição a aspectos dele como persuasão ou preconceito. Os pesquisadores aqui queriam aprender sobre uma parte ba¡sica, mas complicada das conversas - seus finais - para ver quais insights eles poderiam oferecer sobre o comportamento social fundamental.
“Os humanos são o animal mais social do planeta e a conversa éo pa£o com manteiga da vida socialâ€, disse Gilbert, o professor de psicologia Edgar Pierce. “Podemos não viver apenas de pa£o, mas morremos sem ele. Uma compreensão cientafica da conversa - como ela comea§a, se desdobra e termina - dificilmente poderia ser mais importante. â€
Mastroianni se inspirou nas festas das quais tinha que comparecer (pré-COVID), nas quais tinha medo de ficar preso em conversas das quais não poderia escapar educadamente. Ele se perguntou: e se as duas pessoas em uma conversa se sentissem como refanãns?
“Os humanos são o animal mais social do planeta e a conversa éo pa£o com manteiga da vida social. Podemos não viver apenas de pa£o, mas morremos sem ele. â€
- Daniel Gilbert, Edgar Pierce Professor de Psicologia
A equipe conduziu dois estudos menores dentro do maior para determinar as diferenças entre a duração das conversas e quanto tempo as pessoas queriam que durassem antes de encerrar as coisas.
Em uma parte do estudo, os pesquisadores trouxeram 252 estranhos. Os participantes foram divididos e orientados a falar sobre qualquer coisa por pelo menos um minuto e até45 minutos.
Quase 69 por cento relataram um ponto em que se sentiram prontos para a conversa terminar, enquanto cerca de 31 por cento relataram não ter esse sentimento. Em média, os participantes queriam que a conversa durasse quase um minuto a mais do que realmente era.
Ao todo, apenas cerca de 2 por cento das conversas terminaram quando ambas as partes queriam e apenas 30 por cento das conversas terminaram quando pelo menos uma das pessoas queria. Em cerca de 46 por cento das conversas, ambas as partes relataram querer que as conversas terminassem antes deles, enquanto em apenas 10 por cento das conversas ambos disseram que queriam que durasse mais do que o esperado, embora um deles tenha optado por encerra¡-la.
Os pesquisadores sugerem que essas discrepa¢ncias se resumem a não saber quando a outra pessoa queria cortar a conversa e as duas pessoas escondiam suas intenções para serem educadas. Os participantes, por exemplo, estimaram erroneamente quanto tempo seu parceiro queria que a conversa durasse cerca de 64%.
“Nãoéapenas que as pessoas querem coisas diferentes; étambém que eles realmente não sabem o que a outra pessoa quer â€, disse ele.
A outra parte do estudo analisou as conversas entre pessoas que se conheciam. Pouco mais de 800 participantes responderam a pesquisas online sobre sua conversa mais recente e quanto tempo ela durou. A maioria das conversas foi com o ca´njuge, um membro da familia ou um amigo.
Cerca de 66 por cento descobriram que havia um ponto durante a conversa em que se sentiam prontos para terminar e, em média, os participantes desejavam que suas conversas durassem quase dois minutos a mais. Eles também sentiram que seus parceiros de conversa queriam continuar falando quase seis a oito minutos a mais do que a conversa realmente era. Ambos os números sugeriam que nenhuma das partes obteve a duração da conversa que estavam procurando.
Os pesquisadores planejam mais trabalho olhando para uma das pea§as mais essenciais da conexão social, incluindo a expansão deste estudo para observar pessoas conversando em grupos.