As mulheres eram governantes ou os emblemas de poder usados ​​por elas tinham apenas valor simba³lico? Esta éa questãona qual a equipe de pesquisa estãointeressada.
Parte dos bens funera¡rios encontrados na sepultura 38 em La Almoloya. Crédito: Grup ASOME-UAB
As mulheres da classe dominante podem ter desempenhado um papel importante na governana§a de El Argar, uma sociedade que floresceu no sudeste da Penansula Ibanãrica entre 2200 e 1550 aC e que nos últimos dois séculos de sua existaªncia se desenvolveu na primeira organização estatal do Mediterra¢neo Ocidental.
Estas são as conclusaµes a que chegaram pesquisadores da Universitat Auta²noma de Barcelona (UAB) que conduziram um estudo analisando o conteaºdo de uma tumba principesca (Sepultura 38), contendo dois indivíduos e uma grande quantidade de itens valiosos. A tumba foi descoberta em 2014 no satio arqueola³gico de La Almoloya em Pliego, Murcia, sob o que mais tarde foi identificado como o sala£o governante de um edifacio palaciano.
“La Almoloya e a sepultura principesca 38 pertencem a estes excepcionais achados arqueola³gicos, que de vez em quando permitem vislumbrar os saºditos dominantes e os objectos emblema¡ticos das primeiras sociedades estatais emergentes na Europa durante a Idade do Bronzeâ€, afirma Vicente Lull, um dos coordenadores do estudo. Publicada na Antiguidade , esta pesquisa deu aos arqueólogos uma visão sobre o poder polatico e econa´mico da classe dominante em El Argar.
O enterro, localizado em um grande jarro de cera¢mica, apresentava dois indivaduos: um homem de 35 a 40 anos e uma mulher de 25 a 30 anos. Ao lado deles estava uma sanãrie de cerca de 30 objetos valiosos e prestigiosos, muitos dos quais foram feitos ou embelezados com prata e quase todos pertencentes a mulher. Havia um repertório muito completo de joias e objetos pessoais: pulseiras, tampaµes para as orelhas, colares, espirais e recipientes com oferendas de animais. O item mais nota¡vel foi um diadema de prata encontrado na cabea§a da mulher.
Um estudo detalhado do diadema encontrado em La Almoloya e sua comparação com quatro outros encontrados no século 19 nos taºmulos de mulheres ricas no satio de El Argar, que da¡ nome a sociedade e cultura argaric, aponta para o fato de que todos deles, apesar de serem notadamente uniformes, eram pea§as altamente exclusivas. Eles foram criados em uma oficina de ourives como a recentemente descoberta em Tira del Lienzo, outro satio Argaric escavado pela mesma equipe da UAB alguns anos atrás.
“A singularidade dessas diademas éextraordina¡ria. Eram objetos simba³licos feitos para essas mulheres, transformando-as em sujeitos emblema¡ticos da classe dominanteâ€, explica Cristina Rihuete, que também participou do estudo. "Cada pea§a éúnica, compara¡vel a objetos funera¡rios pertencentes a classe dominante de outras regiaµes, como Bretanha, Wessex e Unetice, ou no Mediterra¢neo oriental do século 17 aC, contempora¢neo de nosso taºmulo 38."
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Segundo os pesquisadores, a opulaªncia dos bens funera¡rios encontrados nos taºmulos das mulheres da elite de El Argar, nos quais os diademas tem particular importa¢ncia, éum indicativo do papel destacado desempenhado por essas mulheres na governana§a de alguns desses assentamentos. . a‰ o caso de La Almoloya, bera§o da sociedade Argar e centro do poder polatico e econa´mico mais relevante da regia£o.
As mulheres eram governantes ou os emblemas de poder usados ​​por elas tinham apenas valor simba³lico? Esta éa questãona qual a equipe de pesquisa estãointeressada. E sua resposta éque provavelmente eles eram os governantes: "Na sociedade argarica, as mulheres das classes dominantes eram enterradas com diademas, enquanto os homens eram enterrados com espada e punhal. Os bens funera¡rios enterrados com estes homens eram em menor quantidade e qualidade. Como as espadas representam o instrumento mais eficaz para reforçar as decisaµes políticas , os homens dominantes de El Argar podem ter desempenhado um papel executivo, embora a legitimação ideola³gica e, talvez, o governo , estiveram nas ma£os de algumas mulheres ", argumentam.
Vista aanãrea do assentamento. Crédito: Grup ASOME-UAB
Biologicamente não relacionado, mas com descendaªncia compartilhada
De acordo com as análises genanãticas conduzidas no Instituto Max Planck, os indivíduos enterrados na sepultura 38 eram contempora¢neos e morreram simultaneamente ou pra³ximos um do outro em meados do século 17 aC. Eles não eram parentes, mas tinham uma filha, que foi encontrada enterrada perto deles. A mulher tinha várias anomalias congaªnitas, junto com marcas nas costelas que poderiam indicar que ela tinha uma infecção pulmonar no momento da morte. Enquanto isso, o homem também apresentava desgaste nos ossos, indicativo de intensa atividade física, possivelmente passeios a cavalo.
Um valor de 900 sala¡rios dia¡rios
Os objetos de metal do Grave 38 também se destacam em termos quantitativos. O peso total da prata éde aproximadamente 230 g, o que equivale a 27,5 siclos, moeda usada durante a anãpoca de Hamurabi, o governante da Babila´nia, na primeira metade do século 18 AEC (contempora¢neo de El Argar), e adaptado por outras economias do Oriente Manãdio e do Egeu. Assim, a prata encontrada em La Almoloya seria suficiente para pagar cerca de 938 sala¡rios dia¡rios ou comprar 3.350 kg de cevada.
Notavelmente, o peso manãdio das três espirais de prata de tamanho manãdio usadas por ambos os indivíduos éde 8,44 g, o que corresponde ao peso do shekel mesopota¢mico (8,33 g). Além disso, os pesos de outras espirais de prata encontradas na sepultura 38 são praticamente frações ou multiplicações dessa figura. "Esta pode ser uma distribuição aleata³ria ou pode indicar um sistema padronizado de pesos e medidas que espelham exemplos orientais contempora¢neos. Mais pesquisas são necessa¡rias para determinar isso, mas a possibilidade de detectar um sistema manãtrico por trás das espirais de prata éuma indicação adicional da extensão do controle econa´mico exercido pela classe dominante em El Argar â€, ressalta Roberto Risch, coautor do estudo.
Unidade polatica entre as regiaµes de Argaric
Ao contra¡rio dos taºmulos encontrados em El Argar, onde não háconhecimento do espaço em que foram colocados, os bens funera¡rios no Sepultura 38 e o diadema ofereceram a possibilidade de interpretar a sua localização dentro de um cena¡rio arquiteta´nico. "A presença de objetos emblema¡ticos enterrados em um lugar tão importante como éo 'parlamento' de La Almoloya poderia representar a unidade polatica entre as regiaµes a¡rgaras durante o último período desta sociedade, no século 17 AC. O edifacio foi destruado em um incaªndio logo depois dos enterros â€, explica Rafael Mica³, também codiretor do projeto.
A sociedade El Argar e a importa¢ncia de La Almoloya
A sociedade El Argar floresceu de 2.200 a 1550 aC no sudeste da Penansula Ibanãrica (Murcia e Almeraa), e representa uma sociedade do inicio da Idade do Bronze com centros urbanos e construções monumentais, uma divisão de trabalho desenvolvida, enterros intramuros com assimetrias marcantes no funera¡rio gastos entre indivaduos, fronteiras políticas e violência institucionalizada no contexto de uma sociedade estatal de classe. Os assentamentos mais importantes são El Argar, La Bastida e La Almoloya.
A descoberta da sepultura 38 em La Almoloya, escavada em 2014 por pesquisadores do grupo de pesquisa ASOME (Arqueoecologia Social Mediterra nia), afiliado ao Departamento de Pranã-história da UAB, evidenciou a riqueza arqueola³gica única do local. Uma localização privilegiada e estratanãgica que ajudou esta sociedade a prosperar por mais de seis séculos. As descobertas realizadas, incluindo um edifacio com funções políticas e Grave 38, confirmaram a sua importa¢ncia como centro de releva¢ncia polatica e econa³mica dentro do territa³rio polatico de El Argar. A diadema encontrada em La Almoloya éa única preservada na Espanha.