Quase um ano atrás, quando a professora de história das ciências sociais do Caltech propa´s uma aula sobre a história das epidemias para o semestre de inverno de 2021, ela não tinha ideia de que ainda estaraamos nas garras do COVID-19.

A Grande Peste de Londres, 1665
Quase um ano atrás, quando a professora de história das ciências sociais do Caltech, Tracy Dennison, propa´s uma aula sobre a história das epidemias para o semestre de inverno de 2021, ela não tinha ideia de que ainda estaraamos nas garras do COVID-19. "Então, quando dezembro de 2020 chegou", diz ela, "pensei que ninguanãm iria querer fazer este curso porque esta¡vamos todos muito cansados ​​da epidemia. Quem iria querer passar 10 semanas falando sobre epidemias?"
No final das contas, ela não poderia estar mais errada. Mais alunos do que ela poderia acomodar correram para se inscrever no H / HPS 155, Crises de mortalidade e mudança social: doença epidaªmica de 1300 atéo presente. E Dennison ficou feliz por ela ter proposto isso, "porque eu acho que isso me fora§ou a dar uma nova olhada em algumas dessas coisas também".
Em uma conversa recente, Dennison falou sobre bodes expiata³rios, bloqueios, campanhas antivacinação e muito mais, da Peste Negra ao COVID-19.
Como este curso se relaciona com seus interesses de pesquisa?
Meus interesses são em economia polatica hista³rica, e este éum curso sobre o contexto social de doenças e crises de saúde pública ao longo de 800 anos. Como, por exemplo, as autoridades políticas lidaram com as crises de saúde pública? Que tipo de resposta social existia? Quais foram os aspectos econa´micos? Tem sido muito interessante para os alunos ver quantas das preocupações que temos hoje são evidentes em várias crises de saúde pública a partir de meados do século 14 atéo século 21. No semestre da primavera, a segunda parte deste curso, ministrado por [Robert M. Abbey Professor de Hista³ria] Diana Kormos-Buchwald, examinara¡ a história médica de epidemias anteriores.
O que seu curso cobriu?
Comea§amos com a Peste Negra medieval e depois examinamos a peste no inicio da Europa moderna, no Impanãrio Otomano e na andia do século XIX. A partir daa, estudamos a ca³lera na Alemanha e na Inglaterra, seguida pela varaola e safilis na Europa e nos Estados Unidos. Depois disso, saltamos para o século 20 e cobrimos a gripe "espanhola" e o HIV / AIDS, e então olhamos para todos esses desde o pandemia do coronavarus.
Quais são algumas das semelhanças que vocênotou?
Com a Peste Negra no século 14, vemos muita agitação social. Existem teorias da conspiração e vemos muitos bodes expiata³rios, como em: "Deve ter sido esse grupo de fora o responsável por trazer essa doença para nós." Grupos minorita¡rios em diferentes comunidades na Europa, como os catala£es na Espanha, ou judeus em muitos lugares, foram perseguidos e vistos como vetores de doena§as.
E então, quando temos surtos no inicio do período moderno, vemos a introdução de medidas de saúde pública como a quarentena, e as pessoas resistiram a elas vigorosamente, fazendo tudo o que podiam para não serem presas, fugindo da lei, mentindo sobre os sintomas. Tambanãm vemos ansiedade quanto aos custos das epidemias. Observamos autoridades políticas em toda a Europa tentando esconder surtos ou minimiza¡-los por preocupação com os efeitos econa´micos de admitir uma crise de saúde pública.
Durante um grande surto de peste em Florena§a no século 17, a cidade pagou para colocar todos em quarentena e garantiu que eles tivessem pa£o e rações de vinho. Mas foi um custo enorme, não apenas para apoiar a todos durante a quarentena, mas também para fechar a cidade. E, claro, naquela anãpoca, vocêestava essencialmente trancado em sua casa, muitas vezes com um guarda na frente, e não tinha permissão para sair de jeito nenhum. Portanto, não ésurpreendente que, quando as pessoas ouviram que poderia haver quarentena em suas estradas ou em suas casas, muitas delas simplesmente decolaram.
Tivemos algumas discussaµes interessantes em aula sobre a história das compensações entre a saúde pública e as liberdades individuais. Como vocêencontra o meio-termo? a‰ algo que as pessoas nos séculos 17 e 18 já estavam discutindo. E, como agora, havia a preocupação de que as autoridades pudessem tirar proveito das crises de saúde pública para reprimir comportamentos que as ameaa§avam. Portanto, as pessoas temiam que as medidas de saúde pública pudessem ser muito restritivas, mas, ao mesmo tempo, havia poucas ferramentas disponíveis para controlar as crises de saúde pública.
Outra área em que encontramos semelhanças éem torno das vacinas. Desde o momento em que a vacina contra a varaola foi introduzida, por volta de 1800, havia movimentos antivacinação muito fortes na Gra£-Bretanha e nos Estados Unidos. Mesmo quando os dados mostravam que era muito eficaz, as pessoas ainda a viam como nova e arriscada, e havia muitas resistências, alguns deles motivados pela religia£o, alguns por medo, alguns por falta de confianção nas autoridades.
Os estudantes ficaram realmente impressionados com o efeito desproporcional que a atual pandemia teve sobre os grupos pobres e marginalizados da sociedade. E isso éalgo que, novamente, foi um grande problema em epidemias anteriores.
Como não experimentamos esse tipo de surto em escala global em nossas vidas, tendemos a imaginar que serácompletamente diferente porque as sociedades estãomuito mais avana§adas agora. Nãopodemos imaginar que possam haver essas semelhanças com as sociedades pré-modernas.
De que outras maneiras o curso abriu os olhos dos alunos?
Acho que ajudou muito os alunos ver que as soluções para muitos dos problemas atuais - sobre como obter a conformidade com as medidas de saúde pública, por exemplo - não são tão a³bvias. Por que as pessoas resistem a s medidas de saúde pública? As pessoas no passado evitavam a quarentena no passado porque eram egocaªntricas e não se importavam com a crise de saúde pública? Ou era porque seu sustento estava em perigo ou porque sentiam que isso lhes dava algum tipo de controle, alguma forma de arbatrio em suas vidas?
Quais foram algumas outras descobertas surpreendentes?
Bem, existe essa noção de que as pessoas simplesmente aceitaram seu destino. Pessoas morriam jovens, a mortalidade infantil era alta, a mortalidade infantil era alta, muitas doenças eram endaªmicas, e eles simplesmente lidaram com isso e aceitaram que fazia parte da vida e rezaram para que fossem poupados.
Na verdade, isso não bem verdade. Na anãpoca, as pessoas fizeram o possível para tomar medidas para evitar que ficassem doentes, para tentar entender como a doença se propagava. Eles não tinham nosso conhecimento cientafico, mas tentaram aprender com a observação. Na Europa do século 17, as pessoas comea§am a perceber que hálgo sobre o tecido. Eles não sabiam que havia um vetor de pulga de rato para a peste, mas notaram que as pessoas que estavam perto de roupas pareciam pegar a peste. E assim, quando se suspeitasse de peste, queimavam todo o pano, toda a roupa de cama.
Mesmo antes da teoria dos germes, as pessoas aprendiam por meio da observação e da experiência e agiam com base no entendimento que tinham. Mesmo que suas teorias fossem sobre humores e miasmas (ar desagrada¡vel), eles estavam claramente fazendo conexões. Eles viram que havia surtos maiores nas áreas mais populosas e mais pobres da cidade, então raciocinaram que precisavam melhorar as condições. E foi aceito que medidas como quarentena e cordaµes sanita¡rios [barreiras usadas para impedir a propagação de doenças infecciosas] eram necessa¡rias para reduzir a propagação de doenças como a peste.
Quais foram algumas das principais lições do curso?
Nossas memórias de epidemias são muito curtas. Continuamos ouvindo que as coisas nunca mais sera£o as mesmas, mas não éo que a história nos diz. Algumas coisas podem mudar, mas o tipo de reorganização social profunda que se poderia esperar éimprova¡vel. E as coisas que fazem mudança serácoisas que já estavam de mudança de coisas que apenas necessa¡ria uma cotovelada adicional nessa direção. Além disso, as pessoas hoje podem estar se comportando de maneiras que não estãoajudando na crise de saúde pública, mas sempre foi assim. Se tivanãssemos uma perspectiva mais ampla, perguntaraamos: por que sempre existe esse tipo de resistência? E o que pode ser feito para lidar melhor com isso na próxima vez?