Com e-books gratuitos, élana§ada a Coleção Jurema - sabedorias ancestrais e direitos humanos
Colea§a£o éorganizada pela Diretoria de Cultura e pela Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp

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Foi lana§ada pela Diretoria de Cultura (DCult) da Pra³-Reitoria de Extensão e Cultura (ProEC) e pela Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH) da Unicamp a "Coleção Jurema - sabedorias ancestrais e direitos humanos". Dois e-books, disponibilizados de forma gratuita, inauguram a coleção. O primeiro volume intitula-se “Casa dos Saberes Ancestrais: Dia¡logos com Sabedorias Indagenasâ€, e foi lana§ado no dia 18 de mara§o. Já o segundo volume, lana§ado no dia seguinte, tem como título “Os direitos humanos a prova do tempo: Reflexaµes breves sobre o presente e o futuro da humanidade".Â
O livro Casa dos Saberes Ancestrais: Dia¡logos com Sabedorias Indagenas éa obra inaugural da coleção e foi organizado pelo diretor da DCult, professor Wenceslau Oliveira, e pela professora da Faculdade de Educação (FE) Alik Wunder. “A obra édesdobrada de um processo de abertura da Unicamp que se iniciou faz muitos anosâ€, disse Wenceslau na abertura do lana§amento do e-book, referenciando a greve estudantil de 2016 que culminou na aprovação das cotas anãtnico-raciais em 2017.
O professor também lembrou da importa¢ncia do Projeto Oca, hoje rebatizado de Casa dos Saberes Ancestrais, que nasceu em 2017 a fim de que a Universidade se tornasse um espaço aberto para a diversidade de saberes. Além disso, pontuou a importa¢ncia da concretização do ebook no período da pandemia. “Esse e-book foi um modo de nos fazermos vivos em meio a morte e ao luto trazidos tanto pela pandemia quanto pela necropolatica de nossos governantes, que se aproveitaram dela para deixar morrer muitas gentes de muitos povos indagenasâ€, completou.
Jurema: sambolo de resistência
A diretora da DEDH, Nanãri de Barros Almeida, ressaltou a escolha do nome “Juremaâ€, a¡rvore que possui ligação com tradições indagenas e afro-brasileiras, para a coleção. “[Jurema] evoca aquilo que émais precioso no horizonte daquilo que a gente chama modernamente de direitos humanos, que éa dignidade da vida como um valor inegocia¡vel e irrepreensavel. A questãohoje écomo pensar os direitos humanos e me parece que a possibilidade da leitura por meio da ancestralidade traz coisas preciosas para a nossa visão de direitos humanos na Universidadeâ€.
O lana§amento da obra inaugural da Coleção Jurema contou também com a participação do reitor da Unicamp, Marcelo Knobel; do pra³-reitor de Cultura e Extensão, Fernando Hashimoto, e do estudante de Engenharia Elanãtrica da Unicamp, Arlindo Baranã, da etnia Baranã.
“Posso afirmar que a criação do Vestibular Indigena, a possibilidade de termos esses estudantes na Universidade éuma das ações que mais me orgulho de ter realizado. O Vestibular ainda éalgo recente, com duas turmas que entraram, e temos muito para crescer, aprender e aprimorar nesse processo de chegada dos estudantes indagenas e na consolidação desse aprendizado que a UNiversidade tem que ter com essa populaçãoâ€, afirmou o reitor.Â
Partilha de saberes
No evento, houve ainda uma conversa com as liderana§as indagenas Daniel Munduruku, educador e escritor, e Ailton Krenac, ambientalista, fila³sofo e escritor. Ambos são também autores do e-book. A mediação da mesa foi realizada por Arlindo Barée pelas professoras da Unicamp Alik Wunder e Vera´nica Fabrini. Os significados da ancestralidade, a partilha de saberes entre o mundo acadêmico e as tradições indagenas foram alguns dos temas abordados.Â
Sintetizando a proposta da Casa dos Saberes, Arlindo Baréfez a leitura do trecho que escreveu para o e-book: “[...] não se trata de um lugar, mas de uma utopia. Procurando em uma tradução da minha langua-ma£e, o que seria utopia em nheengatu? Seria, numa tradução mais próxima, não de um lugar, mas um ideal de vida. Curiosamente então, não se trata de um “não lugarâ€, mas de um possível lugar, um ideal final, que éa base central nos pensamentos nas cosmologias e nas epistemologias amerandias ou perspectivas de indagenas no Brasilâ€.Â
Daniel Munduruku iniciou sua fala reverenciando a todos os mortos pela Covid-19, entre eles mais de mil indagenas. Com a homenagem, lembrou que não se pode deixar cair no esquecimento a gravidade da situação. “O esquecimento nos torna indiferentes e a indiferença éum ato de violênciaâ€, disse.
Em relação a Casa dos Saberes Ancestrais, para Munduruku éimportante ressaltar que resulta de sonhos pensados pelos ancestrais e antepassados. “Isso éimportante porque nos compromete. Quando pensamos que somos o resultado de um sonho, isso faz com que a gente se comprometa na construção e na realização desse sonhoâ€, afirmou Munduruku. “Na minha tese tem um capatulo que diz que nossomos aqueles por quem esperamos, justamente para lembrar que somos os construtores do hoje, que foi sonhado antes pelos nossos ancestraisâ€, completou. Para ele, assim, a Casa éum encontro de partilhas e de encontros.Â
Krenac saudou a iniciativa do Vestibular Indagena, cuja primeira edição ocorreu em 2019 na Unicamp, cumprimentando as equipes que recebem e orientam os estudantes indagenas na sua chegada a Universidade. O fila³sofo e escritor indicou a necessidade de que a entrada dos indagenas no espaço universita¡rio sobreponha as fronteiras impostas desde o período colonial. “O que éde nosexigido para que esses Espaços sejam preenchidos e que a presença da ancestralidade se faz de maneira fluada? Me ocorreu que o que éexigido de noséuma disposição amorosa. Com uma disposição amorosa a gente vai aproximar a nossa experiência dos corpos com daquela experiência dos corpos d’a¡gua, dos rios, que são tão maravilhosos que tem a potaªncia de estabelecer lugares mas não enunciam fronteirasâ€, refletiu.
Os Direitos Humanos a prova do tempo
A segunda obra da coleção Jurema, “Os Direitos Humanos a prova do tempo: Reflexaµes breves sobre o presente e o futuro da humanidadeâ€, coordenada pela professora Nanãri de Barros Almeida, foi lana§ada no dia 19 de mara§o. O e-book reaºne uma sanãrie de artigos acerca de direitos humanos publicados nos canais de comunicação da Unicamp a convite da DEDH. Participaram do lana§amento, além de Nanãri, o diretor da DCult, Wenceslau de Oliveira Jr. A mesa de discussão ficou a cargo da procuradora do Ministanãrio Paºblico do Trabalho 15ª regia£o, Clarissa Ribeiro Schinestsck, e da promotora do Ministanãrio Paºblico e assessora da Procuradoria Geral de Justia§a na área de direitos humanos e inclusão social Cristiane Hillal.
Cristiane Hillal abordou as parcerias entre Unicamp e Ministanãrio Paºblico, que se aproximaram pela defesa de valores em comum, como a ciaªncia, a efetivação dos direitos humanos e do Estado Democra¡tico de Direito. Diversas frentes de parceria estãosendo realizadas, a tradução de materiais sobre violência de gaªnero e violência doméstica que podera£o ser distribuados para refugiados. “Acredito que estamos nessa encruzilhada e acho que esse encontro entre universidade, ministanãrio paºblico e sociedade civil éum encontro da reflexa£o como um corpo que merece Espaço, merece ser reconhecido por existir e por todas suas potaªncias, espero que a gente aproveite muito essa oportunidade, embora os tempos sejam tão duros, que a gente possa trilhar mais caminhos juntos unindo conhecimentos a prática s transformativas da realidade social que da£o um sentido comum a s nossas vidasâ€, refletiu.
A procuradora do MPT 15ª regia£o, Clarissa Schinestsck, também ressaltou o estreitamento entre Unicamp e MPT e a importa¢ncia desse laa§o, que envolve diversos institutos da Unicamp. Reabilitação de trabalhadores mutilados em ambiente de trabalho e ações de saúde e de conscientização para profissionais de servia§os de entrega são algumas dessas frentes de parceria. Para a procuradora, o apoio cientafico éimportante para dar concretude ao trabalho do MPT. “Eu vejo essa parceria como extremamente importante, a parceria entre academia e o Ministanãrio Paºblico do Trabalho, para que a gente possa trazer todo esse conhecimento de ponta que égerado na Universidade Estadual de Campinas, aliando aos poderes que o MPT tem para dar efetividade aos direitos humanosâ€, apontou.