Humanidades

Do exa­lio pola­tico dos anos 1960 a acadêmico visitante da EGC: o tea³rico do desenvolvimento Celso Furtado
Buscando segurança depois de ser exilado de seupaís natal, o Brasil, Furtado aceitou um convite para vir para Yale em 1964. Ele se tornaria um importante estudioso do desenvolvimento.
Por Lisa Qian - 03/04/2021


Cortesia

O afamado economista brasileiro Celso Furtado acabava de ser destitua­do de seus direitos pola­ticos quando um correspondente do New York Times lhe entregou um convite .

Era abril de 1964 e um novo governo militar havia tomado o poder em um golpe de estado e removido Furtado de seu posto governamental, rotulando-o de comunista. O convite que o jornalista fez foi do departamento de economia de Yale, propondo que Furtado viesse passar o primeiro ano de seu exa­lio em New Haven como professor visitante e acadêmico do Centro de Crescimento Econa´mico (EGC). Diante da perspectiva de ser preso por qualquer atividade pública no Brasil nos pra³ximos dez anos e sabendo que muitos de seus ex-funciona¡rios já haviam sido detidos, Furtado aceitou a oferta de Yale.

Juventude e carreira no Brasil

Furtado éfrequentemente descrito como um dos mais proeminentes economistas latino-americanos do século 20, conhecido tanto por seu trabalho pola­tico na criação de programas de desenvolvimento econa´mico no Brasil quanto por seu trabalho acadêmico teorizando a evolução das economias latino-americanas. Embora seu tempo em Yale tenha sido curto, o impacto que ele teve sobre seus alunos e colegas estendeu-se muito além de seu ano em New Haven.

Antes do golpe de 1964, Furtado havia sido diretor da SUDENE, uma agaªncia governamental que ele fundou em 1960, que promoveu um programa inovador de desenvolvimento econa´mico regional na regia£o mais pobre do Nordeste do Brasil, e Ministro do Planejamento no governo deposto. Segundo alguns relatos, ele foi responsável por convencer o presidente Kennedy a comprometer US $ 131 milhões em fundos da Aliana§a para o Progresso para o Nordeste .

Como diretor da SUDENE, Furtado conheceu Werner Baer, ​​professor assistente de Yale e do Centro de Crescimento Econa´mico. Baer morou no Brasil por um ano como parte do Programa de Estudos de Paa­s da EGC , que enviava jovens professores ao campo para pesquisar as economias depaíses em desenvolvimento. Ao saber da demissão de Furtado do cargo de diretor e dos termos de seu exa­lio pola­tico impostos pelo novo governo militar, Baer pressionou a EGC para fazer um convite e encorajou Furtado a aceitar a oferta.

Furtado éfrequentemente descrito como um dos mais proeminentes economistas latino-americanos da 20 ª século, conhecido tanto por seu trabalho pola­tica de criação de programas de desenvolvimento econa´mico no Brasil e seu trabalho acadêmico teorizando a evolução das economias latino-americanas. Embora seu tempo em Yale tenha sido curto, o impacto que ele teve sobre seus alunos e colegas estendeu-se muito além de seu ano em New Haven.

Antes do golpe de 1964, Furtado havia sido diretor da SUDENE, agaªncia governamental fundada por ele em 1960, que promovia um programa inovador de desenvolvimento econa´mico regional na regia£o mais pobre do Nordeste do Brasil, e ministro do Planejamento no governo deposto. Segundo alguns relatos, ele foi responsável por convencer o presidente Kennedy a comprometer US $ 131 milhões em fundos da Alliance for Progress para o Nordeste .

Como diretor da SUDENE, Furtado conheceu Werner Baer, ​​professor assistente de Yale e do Centro de Crescimento Econa´mico. Baer morou no Brasil por um ano como parte do Programa de Estudos de Paa­s da EGC , que enviava jovens professores ao campo para pesquisar as economias depaíses em desenvolvimento. Ao saber da demissão de Furtado do cargo de diretor e dos termos de seu exa­lio pola­tico impostos pelo novo governo militar, Baer pressionou a EGC para fazer um convite e encorajou Furtado a aceitar a oferta.

O tempo de Furtado em Yale e suas contribuições para a economia do desenvolvimento

Este foi um ponto baixo na vida de Furtado - logo depois de chegar a New Haven em setembro de 1964, ele escreveu em seu dia¡rio “nova vida, sem trabalho, filhos pequenos”. No entanto, Furtado logo começou a ver esse período de transição de forma mais positiva.

“O primeiro lugar onde ele pa´de se sentir seguro foi Yale”, disse Cla³vis Cavalcanti MA '65. Cavalcanti havia trabalhado com Furtado como estagia¡rio na SUDENE antes do golpe e chegou a Yale na mesma anãpoca que Furtado, mas como parte do programa  que oferecia mestrado em desenvolvimento para estudantes internacionais.

Outro novo aluno brasileiro de graduação neste programa, Edmar Bacha MA '65 M.Phil. '67 Ph.D. 68 antecipou ansiosamente a chegada de Furtado. Na graduação, Bacha havia lido um dos livros de Furtado, A Formação Econa´mica do Brasil , livro que ele ainda possui atéhoje.

“Eu mal conseguia imaginar que em pouco tempo viveria um ano inteiro com o autor desse cla¡ssico da literatura econa´mica brasileira”, escreveu Bacha. “Eu mal conseguia conter o desejo de conhecaª-lo pessoalmente.”

Cavalcanti lembrou que Lloyd Reynolds , diretor do EGC, em sua primeira palestra do ano, falou calorosamente ao Centro sobre acolher a perspectiva estruturalista de Furtado, como foi chamada. Como estruturalista, Furtado acreditava que as condições hista³ricas, as relações sociais e as instituições determinavam a trajeta³ria do desenvolvimento. Uma de suas principais contribuições foi a teorização de que ospaíses mais pobres não estavam em uma fase de evolução de seu desenvolvimento econa´mico, mas sim que sua pobreza refletia processos hista³ricos específicos que poderiam manter opaís subdesenvolvido.

Na EGC, as funções de Furtado inclua­am o ensino de um semina¡rio semanal e pesquisa. Junto com a professora assistente Andrea Maneschi, ele pesquisou um modelo tea³rico de desenvolvimento econa´mico latino-americano. Ao compreender melhor a estagnação quepaíses como o Chile e a Argentina enfrentaram, seu objetivo era melhorar as perspectivas econa´micas das nações.

“Acho que foi um interlaºdio muito produtivo para ele, apenas poder interagir com todos esses jovens economistas”, disse Maneschi.

A influaªncia de Furtado foi igualmente produtiva para seus colegas e alunos.

“Passamos muitas, muitas, muitas horas conversando sobre diferentes abordagens para analisar o desenvolvimento regional”, David Barkin MA '63 Ph.D. '66, um estudante de graduação na anãpoca que fez amizade com Furtado, disse. “Isso enriqueceu e alimentou meu compromisso de fazer minha pesquisa de doutorado em um projeto de desenvolvimento regional no Manãxico.”

De Yale, Furtado tinha coisas boas a dizer em uma entrevista de 13 de abril de 1965 para o Yale Daily News , no final de sua estada.

“Tive a melhor impressão das escolas americanas”, disse ele. “Em termos relativos, a universidade americana éuma força mais liberal do que a europeia. Tem um papel mais provocador, uma abordagem mais progressista. ”

Depois de partir de Yale

Apa³s seu ano em Yale, Furtado mudou-se para a Frana§a, onde passou o resto de seu exa­lio, exceto por um período na Universidade de Cambridge. Ele voltou a Yale mais uma vez, em 1972, para participar de uma sanãrie de semina¡rios do Economic Growth Center . Quando o governo civil voltou ao Brasil, ele foi nomeado embaixador do Brasil na Comunidade Econa´mica Europanãia e, posteriormente, de 1986 a 1990, foi Ministro da Cultura do Brasil. Seus últimos escritos se concentraram em abordar a crise da da­vida do Brasil no final dos anos 1980 e a desigualdade entre as regiaµes do Brasil. Além disso, questionou a própria ideia de crescimento econa´mico, apontando os custos ignorados da destruição ambiental e esgotamento dos recursos naturais. Em uma anãpoca em que o crescimento era amplamente considerado inerentemente positivo, suas ideias eram visiona¡rias.

Furtado morreu em 2004, no Rio de Janeiro.

“Furtado foi um grande defensor tea³rico na escola latino-americana de desenvolvimento econa´mico”, disse Barkin. “Ele foi um analista extraordinariamente perspicaz e reinterpretador da história econa´mica.”

 

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