Humanidades

Estudo revela um padrãouniversal de viagens em quatro continentes
Globalmente, as pessoas seguem uma 'lei de visitaa§a£o' - uma relação inversa entre distância e frequência das visitas.
Por Peter Dizikes - 29/01/2021


Para conduzir o estudo, os pesquisadores usaram dados ana´nimos de celulares de grandes provedores de comunicações para rastrear o movimento de pessoas nas áreas metropolitanas de Abidjan, Costa do Marfim; Boston (mostrado aqui); Braga, Lisboa e Porto, Portugal; Dakar, Senegal; e Cingapura.

O que explica a frequência com que as pessoas viajam para um determinado lugar? Sua intuição pode sugerir que a distância éum fator-chave, mas as evidaªncias empa­ricas podem ajudar os pesquisadores de estudos urbanos a responder a  pergunta de forma mais definitiva.

Um novo artigo de uma equipe do MIT, com base em dados globais, descobriu que as pessoas visitam lugares com mais frequência quando precisam viajar distâncias menores para chegar la¡.

“O que descobrimos éque existe uma relação inversa muito clara entre o quanto longe vocêvai e com que frequência vocêvai la¡â€, diz Paolo Santi, um cientista pesquisador do Senseable City Lab no MIT e coautor do novo artigo . “Vocaª raramente vai a lugares distantes e geralmente tende a visitar lugares pra³ximos a vocêcom mais frequência. Diz-nos como organizamos as nossas vidas. ”

Ao examinar dados de telefones celulares em quatro continentes, os pesquisadores foram capazes de chegar a uma nova descoberta distinta na literatura de estudos urbanos.

“Podemos fazer compras todos os dias em uma padaria a algumas centenas de metros de distância, mas vamos apenas uma vez por maªs para a boutique chique a quila´metros de nossa vizinhana§a. Esse tipo de noção intuitiva nunca foi testado empiricamente. Quando fizemos isso, encontramos uma lei incrivelmente regular e robusta - que chamamos de lei de visitação ”, diz Carlo Ratti, coautor do artigo e diretor do Senseable City Lab, que liderou o projeto de pesquisa.

O artigo, “A lei de visitação universal da mobilidade humana,” foi publicado hoje na Nature .

O artigo écoautor de Markus Schla¤pfer, pesquisador do Projeto de Complexidade Urbana no Laborata³rio de Cidades do Futuro ETH em Cingapura; Lei Dong, pesquisador da Universidade de Pequim, em Pequim; Kevin O'Keeffe, um pa³s-doutorado no Laborata³rio da Cidade Senseable do MIT; Santi, diretor de pesquisa do Istituto di Informatica e Telematica, CNR (Conselho Nacional de Pesquisa da Ita¡lia); Michael Szell, professor associado de Ciência de Dados na IT University of Copenhagen; Hadrien Salat do Laborata³rio de Cidades do Futuro, Centro de Singapura-ETH; Samuel Anklesaria, pesquisador do MIT Senseable City Lab; Mohammad Vazifeh, um pa³s-doutorando saªnior no MIT Senseable City Lab; Ratti; e Geoffrey West, professor e ex-presidente do Santa Fe Institute. Schla¤pfer, Dong, Santi e Szell também são ex-membros do Senseable City Lab.

Para conduzir o estudo, os pesquisadores usaram dados ana´nimos de celulares de grandes provedores de comunicações para rastrear o movimento de pessoas nas áreas metropolitanas de Abidjan, Costa do Marfim; Boston; Braga, Lisboa e Porto, Portugal; Dakar, Senegal; e Cingapura.

Os dados de telefones celulares são ideais para esse tipo de estudo porque estabelecem a área de residaªncia das pessoas e os destinos para os quais elas viajam. Em alguns casos, os pesquisadores definiram as áreas visitadas usando Espaços de grade tão pequenos quanto 500 metros quadrados. No geral, os pesquisadores mapearam mais de 8 bilhaµes de dados de indicação de localização gerados por mais de 4 milhões de pessoas, mapeando o movimento por um período de meses em cada local.

E, em cada caso, de cidade em cidade, a mesma "lei inversa" da visitação se manteve, com os dados mapeados seguindo um padrãosemelhante: a frequência das visitas diminuiu em distâncias maiores e as áreas de maior densidade foram preenchidas com pessoas que tinha, no total, feito viagens mais curtas. Na medida em que houve alguma variação desse padra£o, os maiores desvios envolveram sites com funções ata­picas, como portos e parques tema¡ticos.

O pra³prio jornal mede os dados e apresenta um modelo de movimento, no qual as pessoas procuram os locais mais pra³ximos que oferecem determinados tipos de atividade. Ambos sustentam a “teoria do lugar central”, uma ideia desenvolvida na década de 1930 pelo estudioso alema£o Walter Christaller, que busca descrever a localização de cidades e vilas em termos das funções que oferecem a s pessoas de uma regia£o.

Os estudiosos observam que a semelhança no movimento observada em áreas urbanas muito diferentes ajuda a reforçar a conclusão geral.

“Esse comportamento generalizado não éapenas algo que vocêobserva em Boston”, diz Santi. “Do ponto de vista cienta­fico, estamos adicionando evidaªncias sobre um padrãogeneralizado de comportamento.”

Os pesquisadores também esperam que a descoberta e os manãtodos por trás dela possam ser aplicados de forma útil ao planejamento urbano. Santi sugere que esse tipo de estudo pode ajudar a prever comomudanças substanciais no layout fa­sico de uma cidade afetara£o o movimento dentro dela. O manãtodo também permite examinar como asmudanças na geografia urbana afetam o movimento humano ao longo do tempo.

“A lei de visitação pode ter muitas aplicações prática s - desde o projeto de uma nova infraestrutura atéo planejamento urbano”, acrescenta Ratti. “Por exemplo, poderia ajudar a implementar o conceito de 'Cidade de Quinze Minutos', que visa reorganizar o espaço fa­sico em torno de bairros onde se pode caminhar e que se tornou muito popular durante a pandemia de Covid-19. Nossa lei sugere que podemos de fato capturar uma grande fração de todas as viagens urbanas em um raio de quinze minutos, deixando o resto - talvez 10 por cento - mais longe. ”

O apoio a  pesquisa foi fornecido pela National Science Foundation, a AT&T Foundation, a Singapore-MIT Alliance for Research and Technology (SMART), o MIT Center for Complex Engineering Systems, Audi Volkswagen, BBVA, Ericsson, Ferrovial, GE, o MIT Senseable City Lab Consortium, John Templeton Foundation, Eugene e Clare Thaw Charitable Trust, o programa do Escrita³rio de Pesquisa do Exanãrcito dos EUA em Minerva, a Fundação Nacional de Pesquisa de Cingapura e a Fundação Nacional de Ciências Naturais da China.

 

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