Humanidades

Estudo: Remover 'maçãs podres' das forças policiais provavelmente não reduzira¡ significativamente as reclamações de uso da força
Conduzido por pesquisadores da Universidade da Pensilva¢nia e da Universidade de Princeton, o estudo foi publicado na Criminology & Public Policy , uma publicaça£o da American Society of Criminology.
Por American Society of Criminology - 22/06/2021


Pixabay

A ideia de que um pequeno número de "maçãs podres" éresponsável por uma parcela desproporcional de queixas contra policiais ganhou força considera¡vel nas últimas quatro décadas. Um novo estudo considerou atéque ponto a ma¡ conduta policial pode ser reduzida com a remoção de policiais identificados no ini­cio de suas carreiras como estando em risco de ma¡ conduta. O estudo concluiu que substituir os 10 por cento principais da pola­cia identificados como sendo os mais prova¡veis ​​de gerar reclamações de uso da força com policiais que não o fizeram ou tem menos probabilidade de fazaª-lo reduziria as reclamações de uso da força em apenas 6 por cento acima um período de 10 anos.

Conduzido por pesquisadores da Universidade da Pensilva¢nia e da Universidade de Princeton, o estudo foi publicado na Criminology & Public Policy , uma publicação da American Society of Criminology.

"Nossa análise sugere que a remoção de policiais previsivelmente problemáticos provavelmente não tera¡ um grande impacto nas reclamações dos cidada£os pelo uso da força", explica Aaron Chalfin, professor assistente de criminologia da Universidade da Pensilva¢nia, que liderou o estudo. “Além disso, prever quem sera£o os policiais problemáticos édifa­cil, então uma ideia melhor éprojetar sistemas de alerta antecipado para deter o comportamento problema¡tico e promover maior responsabilidade”.

As análises dos departamentos de pola­cia dos Estados Unidos sugerem que uma pequena parcela dos policiais responde por uma grande parcela das queixas sobre ma¡ conduta contra a pola­cia. Uma estimativa comum éque os 2% mais importantes dos oficiais respondem por cerca de 50% das ma¡s condutas conhecidas. Essas estata­sticas sugerem que os esforços de reforma devem se concentrar em eliminar as "maçãs podres", mas, como os autores mostram, tal ca¡lculo éenganoso.

Neste estudo, os pesquisadores usaram dados de várias fontes, incluindo: 1) queixas de cidada£os que envolveram policiais de Chicago entre 2012 e 2017 e 2) dados de uso da força dos relatórios de resposta ta¡tica do Departamento de Pola­cia de Chicago de abril de 2011 a abril de 2016, com foco nos 11.283 diretores empregados pelo departamento em setembro de 2017 e retrocedendo cinco anos para cada diretor. Os dados foram disponibilizados ao paºblico pelo Projeto de Dados da Pola­cia Cidada£ do Instituto Invisível, que hospeda uma coleção de quase 250.000 queixas contra policiais de Chicago feitas desde 1988. O estudo acompanhou policiais de Chicago contratados entre 2000 e 2007 por 10 anos, oficiais de escala£o pelo número de reclamações que receberam no ini­cio de suas carreiras para prever o risco futuro de ter uma reclamação arquivado contra eles.

Os pesquisadores descobriram que, entre setembro de 2012 e setembro de 2017, 2.885 queixas contra policiais de Chicago envolveram o uso da força. Olhando para trás, os 10 por cento dos oficiais responsa¡veis ​​por 70 por cento das reclamações, levando muitos observadores a postular que o Departamento de Pola­cia de Chicago poderia reduzir consideravelmente as reclamações por uso da força removendo um pequeno número de "maçãs podres".
 
Para determinar se esse seria o resultado mais prova¡vel, os pesquisadores realizaram uma simulação de pola­tica: primeiro, eles identificaram policiais de alto risco usando informações geradas durante o período probata³rio de 18 meses no ini­cio da carreira, o que os pesquisadores chamaram de sistema de alerta precoce. Em seguida, eles determinaram que havia uma persistaªncia considera¡vel nas reclamações sobre a carreira de um policial, sugerindo que, em média, os policiais identificados como de alto risco no ini­cio de sua carreira persistiam em ser caracterizados como de alto risco posteriormente.

Em seguida, os pesquisadores simularam a substituição dos policiais de alto risco por policiais com menos probabilidade de ter reclamações de uso da força (usando uma variedade de configurações diferentes de policiais) para estimar a proporção de reclamações de cidada£os em um período de 10 anos que seria atenuada unicamente pela demissão de policiais com alto risco de reclamações de uso da força.

O estudo estimou que remover os 10 por cento do topo da força policial (uma tarefa muito difa­cil, uma vez que as taxas atuais de rescisão são de aproximadamente 0,2 por cento ao ano) com policiais retirados do meio da distribuição de policiais reduziria o total de reclamações em apenas 4,6 por cento e o uso - queixas de força de trabalho 6,1 por cento. Essas estimativas, que são bastante pequenas, refletem a dificuldade de identificar "maçãs podres" no ini­cio da carreira dos oficiais e sugerem que um foco em ca¡lculos que identificam "maçãs podres" olhando para trás (por exemplo, os 10% principais dos oficiais acabam respondendo por 70% das queixas) apresentam uma visão enganosa do problema no policiamento.

Os efeitos de demitir os 10 por cento dos oficiais de alto risco com base nas classificações dos oficiais de probabilidade de uso da força durante um período de experiência de cinco anos (em vez do período de experiência de 18 meses) foram maiores, de 16 por cento. Mas os autores alertam que demitir um número tão grande de oficiais após cinco anos de serviço seria politicamente desafiador.

“Os sistemas de alerta precoce que simplesmente identificam oficiais problemáticos e os incapacitam, seja por meio de demissão ou transferaªncia, provavelmente não levara£o a grandes reduções no uso da força”, sugere Jacob Kaplan, um pa³s-doutorado na Universidade de Princeton, coautor do estudo. "Mas os sistemas de alerta antecipado que são combinados com supervisão rigorosa e responsabilidade genua­na podem ter um efeito maior, gerando efeitos de dissuasão ou de transbordamento entre os policiais que provavelmente não sera£o sinalizados como de alto risco, ou mudando a cultura departamental."

O que énecessa¡rio nos departamentos de pola­cia, dizem os autores, são medidas amplas para melhorar as prática s de gestãoe aumentar a responsabilidade. Para esse fim, eles sugerem que os formuladores de políticas fornea§am incentivos para relatórios e descobertas melhores e mais completas de ma¡ conduta policial .

Entre as limitações do estudo, os autores observam que, embora os sistemas de alerta precoce dos departamentos de pola­cia não sejam uma panaceia, eles poderiam produzir maismudanças nas reclamações de uso da força acima e além das estimativas deste estudo. Além disso, eles observam que sua simulação não identificou a promessa de sistemas de alerta precoce de forma mais geral ou quais seriam os efeitos em escala.

Além disso, os autores observam que em uma cidade como Chicago, mesmo uma pequena redução proporcional nas reclamações de uso da força pode se traduzir em centenas de reclamações a menos por ano. Isso, por sua vez, poderia economizar milhões de da³lares em acordos de ações judiciais, bem como melhorar as relações entre a pola­cia e a comunidade.

 

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