O design pode ser simples, mas um padrãode chevron gravado em um osso de veado hámais de 50.000 anos sugere que os neandertais tinham sua própria tradição arta­stica antes que os humanos modernos chegassem ao local, disseram os pesquisadores na segunda-feira (5).

A gravura, descoberta em uma caverna alema£ onde os neandertais viveram dezenas de milhares de anos atrás, não tem nenhuma utilidade a³bvia de acordo com pesquisadores que dizem que o artefato lana§a uma nova luz sobre a capacidade de criatividade das espanãcies malfadadas.

A grande maioria das obras de arte da Idade da Pedra descobertas na Europa são atribua­das ao Homo sapiens e os especialistas hámuito sugerem que os neandertais, entre nossos parentes mais pra³ximos, são começam a criar objetos simba³licos depois de se misturarem com eles.

Mas usando a datação por radiocarbono, os arqueólogos determinaram que o artefato recanãm-descoberto tinha pelo menos 51.000 anos - anterior a  chegada do Homo sapiens na Europa central em cerca de 10.000 anos, de acordo com a pesquisa publicada na revista Nature Ecology and Evolution .

"A influaªncia cultural de H. sapiens como o aºnico fator explicativo para expressaµes culturais abstratas em neandertais não pode mais ser sustentada", diz o estudo.

Dirk Leder, um dos autores e pesquisador do Departamento de Arqueologia do Departamento de Herana§a da Baixa Saxa´nia, disse a  AFP que o osso representa claramente um meio de expressão.

“Estamos muito convencidos de que comunica uma ideia, uma história, algo significativo para um grupo”, disse ele.

O fa³ssil esculpido foi encontrado em um sa­tio arqueola³gico conhecido chamado Einhornhoehle - ou "Caverna do Unica³rnio".

Localizados nas montanhas da Alemanha central, os caçadores de tesouros procuraram la¡ desde a Idade Manãdia pelo que acreditavam ser fa³sseis de unica³rnios.

Foi na década de 1980 que os cientistas encontraram pela primeira vez evidaªncias de um assentamento Neandertal da Idade do Gelo em Einhornhoehle e o novo osso éde uma escavação sob uma entrada desmoronada da caverna onde os artefatos foram descobertos em 2017.

O osso, do péde um raro veado gigante extinto, tem cerca da metade do tamanho de um baralho de cartas (cerca de 5,5 centa­metros de comprimento, 4 centa­metros de largura) e três centa­metros de espessura.

Seis linhas diagonais que se cruzam intencionalmente esculpidas nele formam uma espanãcie de desenho em forma de divisa que cobre grande parte de umasuperfÍcie.

“O item não tem uso prático”, observa o estudo.

"Em vez disso, o pra³prio padrãogeomanãtrico constitui o elemento central."

O estudo relata que uma sanãrie de experimentos tentando recriar o objeto usando ossos de vaca mostra que provavelmente foi fervido uma ou duas vezes antes de ser esculpido com sa­lex.

"O complexo processo de produção que levou a  criação das incisaµes, seu arranjo sistema¡tico e a escassez de cervos gigantes ao norte dos Alpes, apoia a noção de um ato intencional e de significado simba³lico ", diz o estudo.

Os pesquisadores disseram que algumas descobertas do mesmo período atribua­das aos neandertais incluem pea§as de sa­lex, rocha sãolida e dentes marcados intencionalmente com marcas cruzadas ou em zigue-zague.

O osso de veado, no entanto, destaca-se como "uma das expressaµes culturais mais complexas dos neandertais conhecidas atéagora", afirma.

Leder disse que, ao contra¡rio da arte do Homo sapiens, os vários objetos marcados atribua­dos aos neandertais não são realmente compara¡veis ​​uns aos outros, talvez porque suas populações vivam em aglomerados menores e mais espalhados.

“Parece apoiar a ideia de que dentro da população que se comunica com essas coisas, o significado dos sa­mbolos não foi transmitido para a próxima geração ou simplesmente desapareceu”, disse ele.

Mas o fato de a nova descoberta ser anterior ao Homo sapiens significa que os neandertais podem ter deixado um legado mais duradouro.

“A ideia sempre foi que o grande Homo sapiens estava dando ideias inteligentes para outras espanãcies”, disse Leder.

"Nos últimos anos, um punhado de jornais estãodefendendo a ideia de que poderia ter sido o contra¡rio", disse ele.

Em junho, os cientistas fizeram outra descoberta que pode alterar fundamentalmente nossa compreensão da evolução humana: o cra¢nio de um homem de cérebro grande que foi preservado quase perfeitamente por mais de 140.000 anos.

A descoberta no nordeste da China apelidada de "Homem Draga£o" representa uma nova espanãcie de povo antigo, mais intimamente relacionado a nosdo que os Neandertais.