Humanidades

Estudo destaca o papel importante da ma­dia em desmistificar a desinformação do COVID-19
De 2.000 artigos de nota­cias sobre COVID-19 publicados entre 1 de janeiro a 30 de abril de 2020, a equipe da NTU analisou 164 artigos de nota­cias.
Por Universidade Tecnológica de Nanyang - 12/07/2021


Pixabay

Um estudo da Universidade Tecnola³gica de Nanyang, Cingapura (NTU Cingapura) descobriu que conforme o tipo de desinformação do COVID-19 retificado pela grande ma­dia de Cingapura evoluiu ao longo da pandemia, o papel desempenhado pela ma­dia em desmascarar esses mitos se tornou cada vez mais importante aos cidada£os na luta dopaís para controlar o surto.

De 2.000 artigos de nota­cias sobre COVID-19 publicados entre 1 de janeiro a 30 de abril de 2020, a equipe da NTU analisou 164 artigos de nota­cias.

A equipe observou que as nota­cias que corrigiam a desinformação cienta­fica e relacionada a  saúde do COVID-19 eram dominantes no ini­cio do surto devido a  incerteza em torno da natureza do coronava­rus, mas depois diminua­ram ao longo dos primeiros quatro meses da pandemia.

Enquanto isso, informações falsas sobre políticas e medidas governamentais implementadas durante o surto foram cada vez mais relatadas e posteriormente corrigidas, descobriram os pesquisadores de comunicação da Escola de Comunicação e Informação Wee Kim Wee da NTU (NTU WKWSCI).

O tipo de desinformação corrigido na ma­dia convencional também evoluiu ao longo dos quatro meses, mudando de desinformação fabricada - definida como alegações inventadas e completamente falsas - para desinformação reconfigurada, definida como uma mistura de informações autaªnticas e fabricadas.

Um exemplo de conteaºdo fabricado corrigido pela grande ma­dia inclui falsas alegações, alegando que uma estação MRT foi fechada para desinfecção devido ao COVID-19 quando estava operacional. Um exemplo de desinformação reconfigurada retificada pela grande ma­dia inclui uma postagem no WhatsApp sobre um motorista de entrega de comida sendo multado em US $ 300 por usar uma ma¡scara de pano quando o motorista estava, de fato, se aproximando do policial para obter ajuda.

Os resultados do estudo destacam como as crises de saúde pública, como a pandemia COVID-19 em curso, podem ser o terreno fanãrtil para a desinformação, bem como o potencial da ma­dia convencional para desempenhar um papel importante em desmascarar mitos como parte dos esforços pandaªmicos mais amplos dopaís.
 
O professor May Oo Lwin, presidente da Escola de Comunicação e Informação Wee Kim Wee e principal autor do estudo, disse: "No ini­cio da pandemia, va­amos informações incorretas que eram claramente falsas com base em dicas visuais e de texto claras, mas como a pandemia evoluiu com as últimas fases e ondas infodaªmicas, os estilos de desinformação e apresentação tornaram-se mais sofisticados e mais difa­ceis para o paºblico leigo discernir. "

"a‰ aqui que a grande ma­dia, com sua importa¢ncia social, amplo alcance e papel como fonte de informação confia¡vel para o paºblico em tempos de incerteza, pode desempenhar um papel crucial na disseminação oportuna da correção da desinformação e evitar que as pessoas sejam enganadas e agir sobre desinformação potencialmente prejudicial. a‰ importante combater a propagação de desinformação, que pode minar os principais esforços de comunicação da saúde pública e piorar a pressão sobre os sistemas de saúde pública. "

O estudo foi publicado na revista cienta­fica Health Communication em junho.

Evolução da desinformação

De mais de 2.000 artigos de nota­cias sobre COVID-19 identificados a partir de um banco de dados por meio de palavras-chave relacionadas ao coronava­rus e desinformação, a equipe da NTU selecionou 164 artigos exclusivos específicos de Cingapura para análise com base em critanãrios como artigos com palavras-chave mencionadas no tí­tulo e no lead.

Nesses 164 artigos, a equipe encontrou 100 declarações exclusivas de desinformação que foram corrigidas 305 vezes. Destas 100 alegações únicas, 59% das alegações de desinformação relatadas pela grande ma­dia de nota­cias foram baseadas em informações fabricadas, enquanto os 41% restantes foram desinformação reconfigurada.

Para estudar como a cobertura do jornal principal e a correção da desinformação do COVID-19 variaram ao longo do cronograma da pandemia em Cingapura, os pesquisadores dividiram o estudo em diferentes esta¡gios:

fase de pré-surto (1 de janeiro a 22 de janeiro);

esta¡gio inicial de surto, entre o primeiro caso COVID-19 e imediatamente antes donívelde
Condição do Sistema de Resposta a Surto de Doena§a (Dorscon) ser elevado para laranja (23 de janeiro a 6 de fevereiro);

primeira onda do surto, (7 de fevereiro a 4 de abril); e

segunda onda do surto (5 de abril a 30 de abril).

No esta¡gio de pré-surto, a desinformação fabricada foi responsável por 87% das correções publicadas na grande ma­dia. No entanto, na segunda onda do surto, a proporção de desinformação retificada fabricada publicada na grande ma­dia caiu para 48%.

Mais da metade (55%) da desinformação corrigida na fase de pré-surto era sobre ciência e saúde, mas esse número caiu gradualmente para apenas 8% na segunda onda do surto. Enquanto isso, a proporção de desinformação relacionada a políticas e medidas governamentais que foi corrigida saltou de 11% no ini­cio para 42% durante a segunda onda.

Os pesquisadores também descobriram que a desinformação sobre as políticas e medidas governamentais (68%), bem como sobre ciência e saúde (66%) encontrada nas redes sociais, era mais prova¡vel de ser fabricada. A desinformação relacionada a golpes tinha maior probabilidade de ser reconfigurada, ou seja, uma mistura de informações autaªnticas e fabricadas (88%).

O professor associado Edson Tandoc Jr. da Escola de Comunicação e Informação Wee Kim Wee e coautor do artigo disse: "Enquanto a ma­dia verifica o que se torna viral, as checagens de fatos também refletem a tendaªncia de desinformação circulando por aa­. Vemos que os tipos de desinformação que se espalham são afetados pela situação real e, atécerto ponto, éisso que os torna virais, porque parecem oportunos e relevantes para o que estãoacontecendo.

"Nos esta¡gios iniciais da pandemia, a maior parte da desinformação centrou-se no que estãoacontecendo fora de Cingapura, bem como na origem e remanãdios para COVID-19; quando atingiu Cingapura e medidas estavam sendo postas em prática , as mensagens de desinformação passaram a ser sobre embaixadores do distanciamento social multando infratores ou motoristas sendo multados por usarem máscaras de pano. "

A confianção na ma­dia de Cingapura aumentou em meio a  pandemia

A importa¢ncia da ma­dia no combate a  desinformação durante uma crise de saúde foi reiterada em uma pesquisa separada com mais de 2.000 cingapurianos encomendada pelo Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo (RISJ) da Universidade de Oxford, que descobriu que a confianção na ma­dia aumentou em meio a preocupações persistentes por causa da desinformação durante a pandemia.

A pesquisa, feita em colaboração com pesquisadores do Centro de Integridade da Informação e da Internet (IN-cube) em NTU WKWSCI fez parte do recentemente publicado Reuters Institute Digital News Report 2021, e descobriu que 50% disseram que podiam confiar na maioria dos o conteaºdo de nota­cias que eles consomem, contra 42% no mesmo período do ano passado, antes da pandemia de COVID-19 atingir Cingapura.

Essa confianção crescente nas nota­cias existe ao lado de uma preocupação persistente com informações falsas online. Quase dois tera§os dos entrevistados (64,8%) continuaram preocupados com informações falsas online, uma queda marginal em relação ao ano passado (65,8%).

A Assoc Proc Tandoc, que também édiretor do IN-cube da NTU, disse que "essas descobertas em Cingapura, que constataram que o interesse pelas nota­cias, mesmo nos meios de comunicação tradicionais, aumentou durante a pandemia COVID-19, são consistentes com as de muitospaíses em todo o mundo. O aumento do interesse pelas nota­cias durante a pandemia pode explicar o aumento nonívelde confianção na ma­dia, já que o paºblico confiava nas nota­cias para acompanhar o surto. "

 

.
.

Leia mais a seguir