Humanidades

A entonação birracial que os homens usammudanças quando falam sobre raça
As pessoas mudam a maneira de falar com base nas pessoas com quem estãofalando e no assunto que estãodiscutindo.
Por Universidade da Pensilvânia - 22/07/2021


Nicole Holliday éprofessora assistente no Departamento de Lingua­stica da Escola de Artes e Ciências. Crédito: Universidade da Pensilva¢nia

Em um estudo com homens birraciais com educação universita¡ria, com idades entre 18 e 32, a sociolinguista Nicole Holliday descobriu que, quando questionado sobre raça, esse grupo frequentemente mencionava a pola­cia sem ser questionado e discutia o assunto usando tom de voz geralmente associado a falantes brancos.

As pessoas mudam a maneira de falar com base nas pessoas com quem estãofalando e no assunto que estãodiscutindo.

Essa éa ideia por trás de uma teoria lingua­stica chamada design de a¡rbitro. a€s vezes, o efeito édivertido, como um estudo que mostra um sotaque australiano amplificado quando um australiano estãoem uma sala com um canguru empalhado. Mas a s vezes o efeito pode ser surpreendente, como a pesquisa da sociolinguista da Penn, Nicole Holliday, publicada recentemente no Journal of English Linguistics.

Especificamente, Holliday descobriu que quando homens birraciais - no caso deste trabalho, aqueles com um pai branco e um pai negro - falaram sobre raça e pola­cia, eles usaram a entonação mais geralmente associada a falantes brancos do que a falantes afro-americanos.

“O que érealmente interessante aqui éque eu os estava entrevistando sobre suas experiências, sobre raça, como eles pensavam sobre si mesmos e sobre a sociedade. Nunca perguntei sobre a pola­cia, mas eles continuaram me contando essas histórias”, diz ela. "Houve uma mudança sutil, mas percepta­vel, para um estilo mais usado por alto-falantes brancos."

Grande parte da pesquisa de Holliday se concentra nas maneiras como a voz se move para cima e para baixo durante a conversa e quais palavras ficam estressadas quando. "Em uma conversa normal, aumentamos o tom de nossa voz para enfatizar palavras especa­ficas em uma frase", diz ela. "A maneira como isso acontece com os alto-falantes preto e branco pode ser diferente."

Para sua tese de doutorado , que concluiu em 2016, Holliday quis examinar esse conceito mais de perto. Ela matriculou 20 homens birraciais com educação superior, com idades entre 18 e 32 anos, de Washington, DC e Virga­nia para um estudo. Eles participaram de duas atividades de pares, uma com um colega branco, a outra com um colega negro, bem como em uma única entrevista conduzida por um pesquisador conduzida por Holliday.

“Pedimos aos falantes de la­nguas marginalizadas que mudem o tempo todo”, diz ela. "Mas se pudermos comea§ar a aceitar que hápenas variação porque as pessoas são diferentes e parar de dizer que uma maneira de falar éum problema, isso tira a pressão das pessoas marginalizadas de estar sempre acomodadas."


Durante a entrevista sociolingua­stica de uma hora, ela fez 22 perguntas, várias das quais focadas na identidade, incluindo "Como vocêse vaª racialmente?" e "Como os outros veem vocaª?" Quando ela perguntou aos participantes que mensagem seus pais lhes transmitiam sobre raça, sete mencionaram a pola­cia sem aviso prévio. Ela começou a notar um padrãona maneira como eles discutiam o assunto também. Para verificar isso, ela codificou questões de identidade semelhantes para cinco dos participantes, comparando a entonação que os falantes usaram para cada um.

Holliday confirmou que ela realmente tinha ouvido diferenças lingua­sticas sutis quando os homens falaram sobre a pola­cia. Por exemplo, o tom de uma sa­laba ta´nica não subia e descia como ela esperava. Mais incisivamente, "a experiência para mim como pesquisador foi: 'Uau, algo mudou quando eles estãodiscutindo isso.' Se vocême dissesse para manipular minha voz dessas maneiras especa­ficas, eu não conseguiria. a‰ muito difa­cil de fazer conscientemente. "

Os participantes estavam fazendo o que éconhecido como troca de ca³digo. “Basicamente, ele comanda várias formas de falar, dialetos ou idiomas, e sabe qual usar em cada situação social”, diz Holliday. "Pessoas de grupos marginalizados e racializados experimentam consequaªncias sociais negativas se forem percebidas como usando uma linguagem 'errada' em um determinado contexto."

Holliday espera que este trabalho - que ela planeja continuar com as mulheres birraciais - aumente a consciência sobre esse fardo lingua­stico e abra a porta para uma maior abertura de mente sobre o que constitui "linguagem adequada". Diferentes raças, regiaµes e grupos de idade podem diferir em suas normas de fala, mas ela argumenta que um não ésuperior ao outro.

“Pedimos aos falantes de la­nguas marginalizadas que mudem o tempo todo”, diz ela. "Mas se pudermos comea§ar a aceitar que hápenas variação porque as pessoas são diferentes e parar de dizer que uma maneira de falar éum problema, isso tira a pressão das pessoas marginalizadas de estar sempre acomodadas."

 

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