Michael VanRooyen, da Escola de Saúde Paºblica, detalha os prova¡veis ​​cenários após a retirada dos EUA
Um soldado dos EUA segura uma placa anunciando que um portão estãofechado enquanto centenas de pessoas se reaºnem perto de um posto de controle de evacuação no perametro do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, Afeganistão, na quinta-feira. Mais tarde naquele dia, duas bombas mortais explodiram. AP Photo / Wali Sabawoon
Enfrentando o prazo final de 31 de agosto, tera§a-feira, para sair do Afeganistão, americanos e europeus estãocorrendo para completar a evacuação de milhares de seus cidada£os, junto com afega£os que trabalharam ao lado deles, em meio a crescente ameaça de violência do Taleban e de outras facções políticas como ISIS-K, afiliada afega£ do Estado Isla¢mico, que assumiu a responsabilidade por duas explosaµes mortais perto do aeroporto de Cabul na quinta-feira.
A retirada pode ter consequaªncias catastra³ficas, tema aqueles que trabalharam com as muitas organizações internacionais de ajuda humanita¡ria, incluindo as Nações Unidas, que operam no Afeganistão hádécadas. Eles antecipam que os afega£os que trabalharam para qualquer esfora§o de ajuda humanita¡ria dos Estados Unidos e da Europa enfrentara£o retaliação do Taleban, apesar dos lideres do grupo insistirem que não seráo caso. E com a saada da maioria dos trabalhadores humanita¡rios estrangeiros, não estãoclaro se os afega£os continuara£o a receber assistaªncia financeira, alimentos e cuidados médicos extremamente necessa¡rios.
Michael VanRooyen éo Professor de Estudos Humanita¡rios da Famalia Lavine na Escola de Saúde Paºblica de Harvard TH Chan e diretor da Iniciativa Humanita¡ria de Harvard , um centro acadêmico e de pesquisa universita¡rio para crises e liderana§a humanita¡ria que apoia acadaªmicos e organizações de ajuda não governamentais que trabalham ao redor o mundo. VanRooyen, que trabalhou como médico de emergaªncia com grupos de ajuda humanita¡ria em mais de 30países afetados por guerras e desastres, explica o que a aquisição do Taleban pode significar para o Afeganistão. Esta entrevista foi editada para maior clareza e extensão.
Perguntas & Respostas
Michael VanRooyen
O que estãoacontecendo com as organizações de ajuda internacional que operam hámuito tempo no Afeganistão?
VANROOYEN: A maioria dos cidada£os estrangeiros foi evacuada ou estãoem vias de ser evacuada, embora algumas organizações importantes ainda estejam la¡. Houve uma chamada para evacuar o pessoal a partir de maio, então já faz alguns meses que houve uma redução significativa da presença de expatriados e, antes disso, houve uma chamada adicional para tentar tirar todos de la¡. Nãosenti que havia pessoas que queriam sair e não conseguiam, pelo menos da equipe internacional. (Sinceramente não sei os números.)
Profissionais afega£os que trabalharam com os Estados Unidos e outras organizações não governamentais para fornecer ajuda ao longo dos anos aqui estãosendo ativamente alvos e caçados. E assim, um grande problema éa segurança das pessoas que realmente dependeram dos Estados Unidos e das ONGs europeias e ocidentais para serem seus parceiros operacionais e agora elas sera£o deixadas, o que érealmente angustiante. Muitos dos afega£os que buscam abrigo não conseguira£o porque a maioria não tem passaporte americano ou outro.
Quem são alguns dos maiores jogadores e eles tiveram que fazer as malas e sair?
VANROOYEN: Eu sei que o Programa Mundial de Alimentos [das Nações Unidas] émuito ativo por causa da insegurança alimentar. Muitos afega£os dependem de ajuda alimentar. O Alto Comissariado da ONU para Refugiados émuito ativo la¡. Outras organizações, como a Missão de Assistaªncia da ONU no Afeganistão, também estãola¡; as ONGs operacionais, as que mais fazem a implementação, como International Rescue Committee; Eu sei que o Manãdicos Sem Fronteiras estãopresente la¡. Estou presumindo que o International Medical Corps, que tem uma longa história de trabalho no Afeganistão, ainda estãola¡.
O que acontecera¡ após o prazo final de 31 de agosto?
VANROOYEN: Apa³s este período de transição, em que o Taleban essencialmente permitiu que certos internacionais deixassem opaís sob ameaa§a, mas de forma pacafica, a próxima fase seráa fase de consolidação. Qual seráa sua aparaªncia? O Taleban, no passado, assumiu e prestou assistaªncia a s populações, pelo menos em alguns setores. Mas o grau em que eles permitem o acesso a s agaªncias internacionais, especialmente agaªncias da ONU como o HCR ou o Programa Mundial de Alimentos, [éincerto] e os resultados de não permitir qualquer ajuda sera£o absolutamente devastadores, e muito rapidamente.Â
Que necessidades essas organizações vão atendendo?
VANROOYEN: Tudo. Primeiro, ajuda econa´mica. Ou seja, a infusão de dinheiro ou recursos em dinheiro ou formas pelas quais as pessoas podem ser estabilizadas [financeiramente] para que não tenham que vender seus ativos e migrar. Portanto, a capacidade de estabilizar as populações em termos de sua própria situação econa´mica égrande.
O pra³ximo éo setor de saúde. Coisas como instalações médicas curativas, que ira£o desmoronar, e intervenções de saúde pública como programas de vacinação, por exemplo, ou prevenção de COVID ou controle de infecções por COVID ou uma variedade de outras coisas, também sera£o severamente prejudicadas sem a presença de ONGs internacionais e da ONU. Porque foi assim que o sistema de saúde foi sustentado.
Segurança alimentar e nutricional: Dos quase 20 milhões de pessoas que dependem de ajuda, um grande número delas sofre de insegurança alimentar. Uma em cada duas criana§as, ou seja, metade das criana§as dopaís, sofre de desnutrição. Isso épreca¡rio. E se essa [ajuda] for interrompida ou não for administrada de forma apropriada por recursos importantes e pesados, a desnutrição aumentara¡.
Um [desafio] sera¡: como vocêhospeda e administra os deslocados quando houve [quase] 400.000 desabrigados desde maio? A preocupação éque, com o deslocamento acelerado, possa haver outra crise global de refugiados.Â
Uma vez que as forças dos EUA estejam fora e o Taleban tenha controle total, seráo fim da ajuda humanita¡ria ocidental no Afeganistão? O que acontece com essas operações?
VANROOYEN: Eu suponho que eles sera£o desmontados. Como o Taleban prometeu que não pretende ser o pa¡ria internacional que era quando controlava opaís há20 anos, o melhor cena¡rio éque eles sejam ameaa§ados e desmantelados. O pior cena¡rio éque eles sera£o mortos e erradicados.
O Afeganistão depende muito da ajuda internacional - 70% da economia depende da ajuda internacional. Se isso acabar, por causa de sanções econa´micas ou de uma redução no apoio ou falta de acesso do Taleban, éum colapso total dopaís. [Isso] provavelmente já estãoacontecendo. O que as ONGs e agaªncias da ONU estãolutando éconseguir acesso a s populações vulnera¡veis ​​para a entrega de ajuda e a capacidade de trazer ajuda estrangeira para ajudar as pessoas.
Outro desafio seráa proteção de civis e daqueles que tentam entregar ajuda. Isso estãoameaa§ado por causa da postura [do Taleban em relação a] mulheres e criana§as, especialmente as mulheres. O Taleban tem sido incrivelmente agressivo em seus abusos aos direitos humanos contra certas populações, especialmente aqueles que os combateram no passado, e também, francamente, programas que apoiam as mulheres.
O que mais o preocupa sobre o que pode estar por vir para o Afeganistão?
VANROOYEN:Â A outra coisa éa questãodos direitos humanos. A preocupação não éapenas a privação das formas tradicionais de ajuda humanita¡ria, como alimentação, segurança alimentar, saúde, acesso, moradia, gestãode refugiados, todas essas coisas. Mas o que realmente preocupa a todos éa possibilidade de abusos catastra³ficos dos direitos humanos, com foco em mulheres, criana§as e civis que apoiaram o esfora§o de ajuda no passado. Acho que esses grupos correm um grande risco. O que pode estar dizendo depois do dia 31, e certamente nos pra³ximos meses, éo que acontecera¡ com esses grupos? Nãoapenas [se] serápermitida a entrada de [ajuda], mesmo sob controle ragido, mas também se essas populações sera£o atacadas ou protegidas. E isso deve ser determinado. Essa éuma grande preocupação.