Humanidades

Um homem e uma mulher entram em um bar: como o gaªnero muda a percepção de uma piada de mau gosto
Resmas de pesquisas mostram como as mulheres são penalizadas em uma variedade de contextos sociais e profissionais.
Por Taly Reich - 29/08/2021


Sean David Williams

A pesquisa sobre o preconceito de gaªnero éclara: as mulheres no local de trabalho - e na vida em geral - ouvem que não devem negociar muito, nem ser enanãrgicas ou assertivas. Eles devem se concentrar na simpatia e em expressar sua natureza maternal ajudando os outros. Eles não devem falar muito alto ou com autoridade. A lista continua.

Taly Reich, professor associado de marketing da Yale SOM, diz que essa pesquisa éimportante: corrigir os problemas de preconceito requer primeiro entender onde e de que forma ele aparece. Mas a certa altura, diz ela, já tinha visto o suficiente.

“Eu estava cansada de todos esses jornais sobre como as mulheres sempre conseguem o que quer que seja”, diz ela. “Isso me fez sentir desamparado, então tentei ativamente descobrir se hásituações em que as mulheres não são penalizadas simplesmente por serem mulheres - onde, na verdade, elas obtem o benefa­cio da daºvida.”

A caça foi fruta­fera. Em um estudo feito em coautoria com Sam Maglio, da Universidade de Toronto, e o estudante de PhD em Yale SOM Alexander Fulmer, Reich descobriu que as mulheres cujas piadas não da£o certo são tratadas com mais tolera¢ncia do que os homens em ambientes onde a conexão com outras pessoas éo objetivo principal.

“Vocaª pode usar o humor para se conectar com as pessoas, para se aprimorar, para ter poder. Isso permitiu que as pessoas que entrevistamos projetassem quaisquer esterea³tipos que tivessem sobre mulheres ou homens na situação. ”


O humor fornece uma visão da complexidade dos esterea³tipos de gaªnero, diz Reich.

“O que ébom no humor éque ele pode ser usado de várias maneiras e para uma variedade de objetivos”, diz Reich. “Vocaª pode usa¡-lo para se conectar com as pessoas, vocêpode usa¡-lo para auto-aprimoramento, vocêpode usa¡-lo para ter poder, e assim permitiu que as pessoas que entrevistamos projetassem quaisquer esterea³tipos que tivessem sobre mulheres ou homens na situação em que estavam lendo sobre."

Os pesquisadores começam apresentando aos participantes a história de um primeiro encontro que deu errado. Alguns aprenderam sobre um cena¡rio em que uma mulher conta piadas a noite toda, apesar das indicações de que o homem com quem ela estãonão estãogostando das piadas; ele sai após o primeiro gole. Os papanãis de gaªnero se invertem no outro cena¡rio, apresentado aos demais participantes: o homem conta piadas a noite toda apesar do desinteresse de seu namorado, uma mulher, e ela vai embora após o primeiro gole.

Os participantes da pesquisa foram questionados sobre o grande erro que eles achavam que o contador de piadas havia cometido e o quanto competente e simpa¡tico eles achavam que ele ou ela era. Em média, os participantes que ouviram sobre uma mulher que repetidamente falhou com o humor no primeiro encontro disseram que ela cometeu um erro com magnitude 3 em uma escala de 7 pontos; para os homens, o erro foi considerado significativamente maior - 4 na escala de 7 pontos. As mulheres também foram percebidas como mais competentes e agrada¡veis ​​após o fracasso do humor.

Experimentos subsequentes usando variações do cena¡rio - retratando casais do mesmo sexo, por exemplo - confirmaram que as mulheres são mais propensas a serem julgadas com indulgaªncia nessa situação.

Por trás desse resultado estãoum vianãs favora¡vel que as pessoas tem em relação a s mulheres, diz Reich: que elas são mais atenciosas com as outras pessoas e menos interessadas na promoção individual. O humor que eles desenvolveram nessas datas foi colorido por esse preconceito; foi visto como um esfora§o, embora fracassado, para promover objetivos comuns. O humor desenvolvido pelos homens era, em vez disso, matizado por esterea³tipos sobre o autopromoção; seus esforços não eram vistos como uma correspondaªncia apropriada com o contexto comunita¡rio de um encontro.

“Ha¡ o objetivo da situação e, em seguida, háo objetivo que atribuo ao homem ou a  mulher que conta piadas”, diz Reich. “Nesses estudos, se eu sou uma mulher, sou vista como alguém que deseja me conectar e estou usando o humor para fazer isso em vez de tentar me aprimorar, então recebo o benefa­cio da daºvida.”

Os pesquisadores também testaram se as descobertas ocorreram em contextos além de uma data. O que acontece se um gerente, por exemplo, contar piadas durante um exerca­cio de formação de equipe com estagia¡rios e dois dos seis estagia¡rios, tão desestimulados pelas piadas, saem durante a apresentação? Aqui, novamente, as mulheres eram vistas com mais tolera¢ncia. Os resultados ainda se mantiveram quando Reich e seus colegas mudaram o cena¡rio para uma apresentação entre policiais. Embora o trabalho seja estereotipadamente masculino, o objetivo geral da situação - a conexão necessa¡ria durante uma apresentação - favorecia traa§os femininos estereotipados.

“Fiquei surpresa com a robustez dessas descobertas”, diz ela. “Nãoimporta o que fizanãssemos, foi difa­cil desligar o efeito.”

Para Reich, os resultados sugerem ajustes que tanto homens quanto mulheres podem fazer em seu comportamento. Os homens, diz ela, devem ter cuidado ao empregar o humor em situações voltadas para a comunidade. Se as piadas não estãodando certo, talvez seja melhor encontrar uma abordagem diferente; persistir com humor pode ter implicações fortemente negativas não apenas sobre o senso de humor do apresentador, mas também sobre competaªncia e simpatia.

"Estudantes mulheres, preocupadas com o preconceito, perguntaram a Reich se deveriam evitar piadas durante as apresentações. A resposta curta anã: não, não se parecer natural."


Por outro lado, as mulheres devem se sentir mais conforta¡veis ​​usando o humor, e atécometendo erros com o humor. Reich da¡ um curso de orata³ria em paºblico e observou que as alunas, preocupadas com o preconceito, perguntaram a ela se deveriam evitar piadas durante as apresentações. A resposta curta anã: não, não se parecer natural.

“Se vocêestãoinclinado a usa¡-lo, mas tem medo de falhar, não deve se preocupar tanto”, diz ela. “Nãosei exatamente como dizer, mas talvez seja o seguinte: homens, prestem mais atenção ao seu paºblico; mulheres, enlouquea§am. ”

 

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