Humanidades

Em competição com um roba´ humana³ide, os humanos atrasam suas decisaµes quando o roba´ olha para eles
Na maioria das situaa§aµes da vida cotidiana, o cérebro humano precisa se envolver não apenas na tomada de decisaµes, mas também em antecipar e prever o comportamento dos outros.
Por Istituto Italiano di Tecnologia - 01/09/2021


Ilustração de um humano e um roba´ humana³ide envolvidos em um jogo competitivo, conforme relatado em Belkaid et al. “O olhar maºtuo com um roba´ afeta a atividade neural humana e atrasa os processos de tomada de decisão” ( Science Robotics ). O humano estãojogando contra o roba´ enquanto sua atividade cerebral émedida com eletroencefalograma (EEG). Crédito: IIT-Istituto Italiano di Tecnologia

O olhar éum sinal extremamente poderoso e importante durante a comunicação e interação humano-humano, transmitindo intenções e informando sobre as decisaµes dos outros. O que acontece quando um roba´ e um humano interagem olhando um para o outro? Pesquisadores do IIT-Istituto Italiano di Tecnologia (Instituto Italiano de Tecnologia) investigaram se o olhar de um roba´ humana³ide influencia a maneira como as pessoas raciocinam em um contexto de tomada de decisão social. O que eles descobriram éque um olhar maºtuo com um roba´ afeta a atividade neural humana, influenciando os processos de tomada de decisão, em particular atrasando-os. Assim, o olhar de um roba´ leva os humanos a percebaª-lo como um sinal social. Essas descobertas tem fortes implicações para contextos onde humana³ides podem encontrar aplicações, como colegas de trabalho, suporte cla­nico ou auxiliares domanãsticos.
 
O projeto, denominado InStance, aborda a questãode quando e em que condições as pessoas tratam os robôs como seres intencionais. Ou seja, se, para explicar e interpretar o comportamento do roba´ , as pessoas se referem a estados mentais como crena§as ou desejos.

Os autores do artigo de pesquisa são Marwen Belkaid, Kyveli Kompatsiari, Davide de Tommaso, Ingrid Zablith e Agnieszka Wykowska.

Na maioria das situações da vida cotidiana, o cérebro humano precisa se envolver não apenas na tomada de decisaµes, mas também em antecipar e prever o comportamento dos outros. Em tais contextos, o olhar pode ser altamente informativo sobre as intenções, objetivos e decisaµes futuras dos outros. Os humanos prestam atenção aos olhos dos outros, e o cérebro reage fortemente quando alguém olha para eles ou direciona o olhar para um determinado evento ou local no ambiente. Os pesquisadores investigaram esse tipo de interação com um roba´.

Os autores do artigo de pesquisa são Marwen Belkaid, Kyveli Kompatsiari, Davide de
Tommaso, Ingrid Zablith e Agnieszka Wykowska (lider da equipe) do laboratório do IIT
“Social Cognition in Human-Robot Interaction”. Crédito:
IIT-Istituto Italiano di Tecnologia

“Os robôs estara£o cada vez mais presentes em nossa vida cotidiana”, diz Agnieszka Wykowska, pesquisadora principal do IIT e autora saªnior do artigo. "a‰ por isso que éimportante entender não apenas os aspectos tecnola³gicos do design do roba´, mas também o lado humano da interação homem-roba´. Especificamente, éimportante entender como o cérebro humano processa os sinais comportamentais transmitidos pelos robôs."

Wykowska e seu grupo de pesquisa pediram a um grupo de 40 participantes para jogar um jogo estratanãgico - o jogo do frango - com o roba´ iCub enquanto mediam o comportamento e a atividade neural dos participantes, esta última por meio de eletroencefalografia (EEG). O jogo éestratanãgico, representando uma situação em que dois motoristas de carros simulados se movem um em direção ao outro em rota de colisão e o resultado depende se os jogadores cedem ou seguem em frente.

Os pesquisadores descobriram que os participantes demoraram mais para responder quando o iCub estabeleceu o olhar maºtuo durante a tomada de decisão, em relação ao olhar desviado. As respostas atrasadas podem sugerir que o olhar maºtuo acarretou um maior esfora§o cognitivo, por exemplo, ao extrair mais racioca­nio sobre as escolhas do iCub ou maior grau de supressão do esta­mulo do olhar potencialmente distrativo, o que era irrelevante para a tarefa.

"Pense em jogar pa´quer com um roba´. Se o roba´ olhar para vocêno momento em que vocêprecisa tomar uma decisão sobre o pra³ximo movimento, vocêtera¡ mais dificuldade em tomar uma decisão, em relação a uma situação em que o roba´ desvia o olhar Seu cérebro também precisara¡ empregar processos difa­ceis e caros para tentar "ignorar" aquele olhar do roba´ ", diz Wykowska.
 
Esses resultados sugerem que o olhar do roba´ "sequestra" os mecanismos "sociocognitivos" do cérebro humano - fazendo o cérebro responder ao roba´ como se ele fosse um agente social. Nesse sentido, “ser social” para um roba´ nem sempre pode ser benanãfico para o ser humano, interferindo em seu desempenho e velocidade de tomada de decisão, mesmo que sua interação reca­proca seja agrada¡vel e envolvente.

Wykowska e seu grupo de pesquisa esperam que essas descobertas ajudem os roboticistas a projetar robôs que exibam o comportamento mais apropriado para um contexto especa­fico de aplicação. Humana³ides com comportamento social podem ser aºteis no auxa­lio no cuidado ao idoso ou na puericultura, como no caso do roba´ iCub, fazendo parte da terapia experimental no tratamento do autismo. Por outro lado, quando o foco na tarefa énecessa¡rio, como nas configurações de fa¡brica ou no controle de tra¡fego aanãreo, a presença de um roba´ com sinais sociais pode ser uma distração.

 

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