Humanidades

Sinfonia inacabada de Beethoven reimaginada com um clique
O mundo da música cla¡ssica frequentemente especula o que Ludwig van Beethoven (1770-1827) teria escrito depois de sua monumental Nona Sinfonia.
Por Nina Larson e Eloi Rouyer - 03/09/2021


Para marcar seu 10º aniversa¡rio neste ano, a orquestra Nexus decidiu usar inteligaªncia artificial para criar um trecho de quatro minutos da Danãcima Sinfonia de Beethoven.

Enquanto o maestro Guillaume Berney marca o tempo forte de abertura, os primeiros acordes ressoam em uma sala de concertos de Lausanne do que poderia ser um trecho da Danãcima Sinfonia de Beethoven - se o grande compositor alema£o algum dia tivesse conseguido completar a pea§a.

O mundo da música cla¡ssica frequentemente especula o que Ludwig van Beethoven (1770-1827) teria escrito depois de sua monumental Nona Sinfonia.

E vários musica³logos e compositores já se aventuraram a orquestrar e completar alguns dos fragmentos de notação que eles acreditam ter sido seus primeiros esboa§os para sua próxima obra-prima sinfa´nica.

Mas, para marcar sua temporada de 10 anos neste ano, Berney e a orquestra Nexus decidiram usar inteligaªncia artificial para criar um trecho de quatro minutos que eles apelidaram de BeethovANN Symphony 10.1.

"Isso não éum erro de digitação", disse Berney ao paºblico na primeira noite, com uma segunda apresentação marcada para Genebra na sexta-feira.

Berney explica que a RNA se refere a  rede neural artificial que a criou, basicamente sem intervenção humana .

"Nãosabemos como vai soar", Berney reconheceu a  AFP antes do show em Lausanne.

A partitura final são foi gerada e impressa horas antes da apresentação, depois que o designer do programa de computador Florian Colombo supervisionou a etapa final do que para ele foi um processo de anos.

A pontuação final são foi gerada e impressa horas antes da apresentação.

'Como assistir a um parto'

Sentado em seu pequeno apartamento com vista para a cidade velha de Lausanne e os Alpes a  distância, Colombo fez algumas pequenas alterações antes de clicar em um botão para gerar a pontuação.

"a‰ como assistir a um nascimento", disse Berney enquanto pegava as primeiras pa¡ginas que emergiam da impressora.

A emoção era palpa¡vel quando a partitura recanãm-criada foi apresentada a  orquestra.

Os maºsicos ansiosamente começam a ensaiar para o concerto noturno, muitos sorrindo de surpresa enquanto as harmonias se desenrolavam.

"Esta éuma experiência emocionante para mim", disse Colombo, ele mesmo violoncelista, enquanto o som enchia o sala£o.

"Ha¡ um toque de Beethoven ali, mas, na verdade, éBeethovANN. Algo novo para descobrir."

Berney concordou.

"Funciona", disse ele. "Existem algumas partes muito boas, e algumas que são um pouco fora do personagem, mas ébom", disse o maestro, reconhecendo que "talvez falte aquela centelha de gaªnio."

O mundo da música cla¡ssica frequentemente especula o que Ludwig van Beethoven
(1770-1827) teria escrito depois de sua monumental Nona Sinfonia.

Colombo, um cientista da computação na universidade técnica da EPFL, desenvolveu seu algoritmo usando o chamado aprendizado profundo, um subconjunto da inteligaªncia artificial que visa ensinar os computadores a "pensar" por meio de estruturas modeladas no cérebro humano ou RNAs.
 
Para gerar algo que pudesse passar como um extrato da Danãcima de Beethoven, Colombo primeiro alimentou o computador com todos os 16 quartetos de cordas do mestre, explicando que as obras de ca¢mara forneciam um sentido muito claro de suas estruturas harma´nicas e mela³dicas.

Ele então pediu que criasse uma pea§a em torno de um dos fragmentos do tema encontrados nas notas esparsas de Beethoven que os musica³logos acreditam que poderiam ter sido para uma nova sinfonia.

"A ideia éapenas apertar um botão para produzir uma partitura musical completa para uma orquestra sinfa´nica inteira sem intervenção", disse Colombo.

"Isto anã, exceto por todo o trabalho que fiz antes do tempo", acrescentou o programador de computador que tem trabalhado por quase uma década em música gerada por aprendizado profundo.

'Nãoéblasfemo'

Colombo disse que usar um computador para tentar recriar algo iniciado por um dos maiores gaªnios musicais do mundo não estava interferindo no processo criativo humano.

Em vez disso, disse ele, viu seu algoritmo como uma nova ferramenta para tornar a composição musical mais acessa­vel e para ampliar a criação humana.

Embora o programa "possa digerir o que já foi feito e propor algo semelhante", ele disse que o objetivo era "que os humanos usassem as ferramentas para criar algo novo".

"Nãoéuma blasfaªmia", concordou Berney, enfatizando que "ninguanãm estãotentando substituir Beethoven".

Na verdade, disse ele, o compositor alema£o provavelmente seria um fa£ do algoritmo.

“Os compositores daquela anãpoca eram todos de vanguarda”, disse ele, destacando que os melhores estavam “sempre dispostos a adotar novos manãtodos”.

 

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