Steven Simon, o Robert E. Wilhelm Fellow no Centro de Estudos Internacionais do MIT e um especialista em estratanãgia dos EUA e a guerra contra o terrorismo, pondera sobre o 11 de setembro e para onde podemos ir a partir daqui.
Créditos: Foto: Anthony Quintano / Wikimedia Commons
O 20º aniversa¡rio dos ataques de 11 de setembro de 2001 éuma ocasia£o para relembrar a resposta americana a s atrocidades, como e por que ocorreram e quais são as implicações para a futura polatica global que trata de grupos terroristas. A longa guerra no Afeganistão, umpaís dilacerado pela guerra que abrigou Osama bin Laden e a Al Qaeda, e a guerra subsequente no Iraque tirou centenas de milhares de vidas, entre elas vários milhares de militares americanos, e deu inicio a uma guerra global contra o terror que por a maioria dos ca¡lculos teve resultados duvidosos.Â
Steven Simon, o Robert E Wilhelm Fellow no Centro de Estudos Internacionais do MIT, éuma das pessoas que observou o desenrolar da guerra contra o terrorismo do ponto de vista da equipe da Casa Branca e como acadêmico e escritor. Ele serviu como diretor saªnior do Conselho de Segurança Nacional para o Oriente Manãdio e Norte da áfrica durante o governo Obama e como diretor saªnior do conselho para contraterrorismo na Casa Branca de Clinton. Essas atribuições seguiram uma carreira de 15 anos no Departamento de Estado dos EUA. Entre as nomeações para o governo, ele trabalhou no setor privado e na academia. Ele veio para o MIT do Colby College, onde foi professor de prática de relações internacionais. Simon écoautor de livros sobre a resposta dos EUA ao 11 de setembro, incluindo O Pra³ximo Ataque: O Fracasso da Guerra ao Terror e uma Estratanãgia para Acertar, que foi finalista do Praªmio Lionel Gelber e listado entre os melhores livros do ano sobre o assunto no The Washington Post e Financial Times.
Nesta entrevista, Simon reflete sobre a cata¡strofe de 11 de setembro e oferece alguns conselhos sobre o que podemos fazer a partir daqui.
P: Olhando para trás, para os eventos que levaram ao 11 de setembro, écomum observar que a falta de comunicação entre a Agência Central de Inteligaªncia dos Estados Unidos e o Federal Bureau of Investigation contribuiu para a execução dos ataques. Com base em sua experiência na Casa Branca antes do 11 de setembro, vocêconcorda que essa foi a falha de inteligaªncia mais significativa?           Â
UMA: Tal como acontece com muitos ataques surpresa, o 11 de setembro envolveu uma sanãrie interligada de falhas de inteligaªncia e políticas. No domanio da inteligaªncia, não havia daºvida de que o fracasso da CIA em informar o FBI da entrada nos Estados Unidos de dois sequestradores importantes, que foram rastreados pela CIA em uma reunia£o da Al Qaeda em Kuala Lumpur, foi um erro crasso. . Existem questões legatimas sobre o quanto bem o FBI teria se saado, mesmo se eles tivessem sido informados. Por exemplo, outro conspirador que estava presente na reunia£o de Kuala Lumpur, Zacharious Moussaoui, foi preso pouco antes do 11 de setembro por violação da imigração. O escrita³rio local do FBI concluiu que ele fazia parte de um ataque iminente, mas seu pedido de um mandado para explorar o computador de Moussaoui foi recusado pela sede em DC. Houve, em qualquer caso, uma reluta¢ncia de longa data entre o pessoal da CIA em compartilhar inteligaªncia com as autoridades policiais. Essas informações acabariam sendo usadas por promotores que as revelariam, prejudicando assim as fontes e manãtodos e o acesso contanuo a inteligaªncia de fontes e ativos importantes.
Talvez ainda mais prejudicial foi o fracasso de ambas as agaªncias em detectar a criação meta³dica por funciona¡rios do governo saudita de uma infraestrutura de apoio nos Estados Unidos para facilitar a entrada dos sequestradores e incorpora¡-los, financiar, abrigar e equipar com carteira de motorista e assim por diante. a‰ prova¡vel que muitos outros no governo saudita estivessem cientes do desvio de recursos para apoiar a Al Qaeda, mesmo quando os EUA designaram o grupo como uma organização terrorista que atacou repetidamente os EUA (não háevidaªncias de que os pra³prios Al Saud estavam ciente dessa atividade.) Os erros de polatica giravam em torno da convicção de uma nova administração de que os principais desafios para os EUA emanavam de Estados-nação adversa¡rios, em vez de atores subestatais operando de forma auta´noma com base em justificativas religiosas para a violência. Consequentemente, a declaração frequentemente citada de Condoleezza Rice [então conselheira de segurança nacional dos EUA] de que o presidente [George W.] Bush se recusou a se distrair de um trabalho importante tendo que "espantar moscas". Infelizmente, 19 dessas moscas destruaram as torres do World Trade Center, destruaram grande parte do Penta¡gono e massacraram os passageiros e a tripulação de quatro aeronaves comerciais, levando o governo Bush a uma guerra sangrenta de 20 anos.
P: A resposta inicial - caçar Osama bin Laden e derrubar o estado do Taleban - foi a correta?
R: A maioria dos observadores concordaria que a Al Qaeda não poderia continuar a atacar os Estados Unidos e que o Taleban foi um coconspirador indispensa¡vel, na medida em que abrigou não apenas Bin Laden, mas também os campos onde os sequestradores foram treinados e doutrinados. A lógica estratanãgica sugeria que a dissuasão são poderia ser restaurada com a destruição da Al Qaeda e de seu patrocinador afega£o. E havia ampla justificativa para esse amplo curso de ação no direito internacional consuetudina¡rio e na Carta da ONU.     Â
P: Que conselho vocêdaria para a administração Biden daqui para frente?Â
R: Existem algumas coisas que são a³bvias. A primeira éque o terrorismo não ira¡ embora. As queixas persistira£o, os meios estara£o disponíveis e os indivíduos predispostos a ação continuara£o a circular. O terrorismo domanãstico conduzido por supremacistas brancos estãoaumentando, embora o número de jihadistas, de acordo com a ONU, esteja em umnívelmais alto. O uso extensivo de armas químicas na Saria e os avanços na edição do genoma no contexto de uma pandemia brutal semeara£o a ideia de usar essas armas contra adversa¡rios. O ciberterrorismo talvez seja uma ameaça menor, mas évia¡vel, com base em modelos criminosos e potencialmente oneroso para a vatima.
A prescrição geralmente avana§ada éa resiliencia social e infraestrutural. Mas, para cunhar uma frase, a resiliencia éinútil se a polatica de contraterrorismo se transformar em mais uma ferramenta partida¡ria. De todos os desafios, o terrorismo éo que mais provavelmente gerara¡ uma reação perigosamente excessiva, ao mesmo tempo que degradara¡ o estado da polatica americana se as duas partes não cooperarem na construção e implementação de defesas eficazes. Se a polatica estiver quebrada demais para permitir tal preparação, então um ataque bem-sucedido contra os Estados Unidos serámais prova¡vel, o jogo da culpa partida¡ria mais venenoso e uma resposta apropriada muito mais difacil de arquitetar.