Humanidades

Pessoas sem saber se agrupam online, alimentando a polarização pola­tica nos Estados Unidos
Conforme as pessoas fazem a curadoria de seus feeds de nota­cias online, elas podem se classificar contra a vontade em redes polarizadas, de acordo com um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Princeton.
Por Princeton University - 06/12/2021


Amedida que as pessoas fazem a curadoria de seus feeds de nota­cias online, elas podem se classificar contra a vontade em redes polarizadas. Crédito: Egan Jimenez, Princeton University

Conforme as pessoas fazem a curadoria de seus feeds de nota­cias online, elas podem se classificar contra a vontade em redes polarizadas, de acordo com um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Princeton.

A equipe desenvolveu um modelo de conta¡gios complexos normalmente usado para estudar como o comportamento se espalha em grupos, em vez de aplica¡-lo a como a reação a  cobertura de nota­cias pode se espalhar e promover a polarização online. Eles então testaram seu modelo tea³rico usando dados do Twitter.

Eles descobriram que, quando as pessoas são menos reativas a s nota­cias, seu ambiente online permanece politicamente misto. No entanto, quando os usuários reagem constantemente e compartilham artigos de suas fontes de nota­cias preferidas, émais prova¡vel que promovam uma rede politicamente isolada, ou o que os pesquisadores chamam de "bolhas epistemicas".

Uma vez que os usuários estãonessas bolhas, eles realmente perdem mais artigos de nota­cias, incluindo aqueles de seus meios de comunicação preferidos. Os usuários parecem evitar o que consideram nota­cias "sem importa¢ncia" a s custas de perder nota­cias subjetivamente importantes, mostra a modelo.

Tudo isso pode estar impulsionando as taxas excepcionalmente altas de divisão pola­tica americana e desconfianção social, concluem os pesquisadores.

"Nosso estudo mostra que, mesmo sem algoritmos de ma­dia social, a cobertura de vea­culos de nota­cias polarizados estãomudando as conexões sociais dos usuários e empurrando-os sem saber para as chamadas 'ca¢maras de eco' políticas, onde estãorodeados por outras pessoas que compartilham a mesma identidade pola­tica e crena§as ", disse Christopher Tokita Ph.D. '21, que agora éum cientista de dados na startup de segurança cibernanãtica Phylum . "Se um usua¡rio opta por reagir ou ignorar certas postagens de nota­cias pode ajudar a determinar se sua rede social se tornara¡ ideologicamente homogaªnea ou se permanecera¡ mais diversa."

Trabalhando com Andy Guess, professor assistente de pola­tica e relações públicas na Escola de Assuntos Paºblicos e Internacionais de Princeton, e Corina Tarnita, professora de ecologia e biologia evolutiva do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva de Princeton, Tokita estudou esses comportamentos construindo um relatório tea³rico modelo e testando suas previsaµes com dados de redes sociais reais no Twitter.

No centro de sua modelagem estava a ideia de "cascatas de informações", ou o processo de indivíduos observando e imitando as ações de outros para que ocorra uma ampla mudança online. Esse fena´meno não édiferente do comportamento coletivo visto em cardumes de peixes ou enxames de insetos.
 
Eles investigam esse conceito mais a fundo, mostrando que o compartilhamento de nota­cias virais pode levar as pessoas a concluir que alguns dos "amigos" que eles seguem nas redes sociais estãodeturpando as nota­cias conforme relatadas por seus pra³prios meios de comunicação preferidos. Quando os usuários "deixam de seguir" conexões não confia¡veis ​​- curando assim suas próprias esferas sociais online - eles se classificam sem querer em redes polarizadas.

Eles então testaram o modelo com dados do Twitter, examinando 1.000 seguidores de cada um dos quatro vea­culos de nota­cias: CBS News, US Today, Vox e o Washington Examiner. Para rastrear inda­cios de ideologia pola­tica emudanças nas redes sociais, eles usaram a rede completa de seguidores de usuários para registrar quem se seguia e deixava de seguir ao longo de um período de seis semanas no vera£o de 2020.

Suas percepções revelaram várias tendaªncias e comportamentos online que podem contribuir para a polarização pola­tica. Em primeiro lugar, o grupo de seguidores da CBS News e do US Today, dois vea­culos de nota­cias tradicionais conhecidos por consistentes reportagens baseadas em fatos, era mais ideologicamente diverso do que o Vox e o Washington Examiner, que, de acordo com os pesquisadores, tendem a fornecer informações mais tendenciosas e objetivas. cobertura de nota­cias com base . Os seguidores do Vox e do Washington Examiner tendiam a perder diversidade pola­tica e ideola³gica entre suas próprias conexões online mais rapidamente do que os usuários que acompanhavam o CBS News e o US Today.

Embora as interações online não possam explicar inteiramente a mudança divisiva que ocorre na pola­tica americana, elas influenciaram substancialmente o comportamento e os relacionamentos humanos. Os resultados do estudo mostram que o conhecimento flagrante de ideologia pola­tica ou alinhamento não énecessa¡rio para que as redes sociais se tornem politicamente segregadas para os usuários.

“Nãoédifa­cil encontrar evidaªncias de discurso polarizado nas ma­dias sociais, mas sabemos menos sobre os mecanismos de como as ma­dias sociais podem separar as pessoas. Nossa contribuição émostrar que a polarização das redes sociais online surge naturalmente quando as pessoas fazem a curadoria de seus feeds. , isso pode ocorrer mesmo sem conhecer as identidades partida¡rias de outros usuários ", disse Guess.

A equipe de pesquisa defende uma investigação mais aprofundada sobre como essas tendaªncias podem contribuir para a disseminação e consumo de "nota­cias falsas" e desinformação, e como nota­cias imprecisas alimentam a divisão pola­tica entre o paºblico. Por exemplo, o estudo sugere que as pessoas que consomem e compartilham nota­cias falsas podem estar inadvertidamente se isolando de todas as outras pessoas que seguem as fontes convencionais. Isso deve ser explorado mais a fundo.

"Embora derivados de um modelo tea³rico simples de dina¢mica coletiva, nossos resultados demonstram o poder de uma abordagem interdisciplinar para o estudo da polarização pola­tica. Esperamos que eles possam inspirar exames futuros em padraµes e algoritmos específicos de redes sociais como contribuintes em potencial para polarização social ", disse Tarnita.

O artigo, "Ecossistemas de informação polarizada podem reorganizar redes sociais por meio de cascatas de informação", aparecera¡ nos Anais da Academia Nacional de Ciências em 6 de dezembro.

 

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