Humanidades

Usando arquivos arqueola³gicos para redescobrir o 'Vale do Tesouro' do Ira£
Com base nos arquivos de Smith, Riel-Salvatore produziu mapas digitais tridimensionais dos estratos sedimentares escavados por Smith. O mapeamento 3D, que mostra paredes de casas, poa§os, lareiras e sepulturas
Por Universidade de Montreal - 11/02/2022


As notas de escavação de Philip Smith contem esboa§os, incluindo um mostrando os ossos de um enterro triplo, o de uma criana§a e dois adolescentes. A disposição dos corpos sugere que eles foram enterrados em uma cova, mas em momentos diferentes e possivelmente de acordo com diferentes ritos. "Um dos corpos estãoenrolado enquanto os outros dois estãodeitados e, comparando a disposição desses corpos com sepultamentos observados em outros sa­tios arqueola³gicos da regia£o, esperamos poder reconstruir as prática s funera¡rias das pessoas naquela anãpoca. e estabelecer sua diversidade", diz Julien Riel-Salvatore. Crédito: Universidade de Montreal

Perante os constrangimentos criados pela pandemia, Julien Riel-Salvatore foi criativo. Incapaz de visitar os sa­tios arqueola³gicos italianos em que se especializou, o professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Montreal começou a trabalhar estudando parte de uma coleção a³rfa£ de artefatos originalmente reunida pelo arqueólogo canadense Philip Smith.

Smith foi um professor da UdeM que escavou Ganj Dareh no Ira£ entre 1965 e 1974. Ganj Dareh, que significa "Vale do Tesouro", éum importante sa­tio arqueola³gico neola­tico que produziu algumas das primeiras evidaªncias de sedentarismo humano, desenvolvimento agra­cola e domesticação de cabras.

Com base nos arquivos de Smith, Riel-Salvatore produziu mapas digitais tridimensionais dos estratos sedimentares escavados por Smith. O mapeamento 3D, que mostra paredes de casas, poa§os, lareiras e sepulturas, étema de um artigo recente na revista PLOS ONE .

Evidaªncias de sedentarização humana

Ganj Dareh éum monte de sete metros de altura e quarenta metros de dia¢metro localizado na prova­ncia iraniana de Kermanshah. Acredita-se que tenha sido ocupada por humanos hácerca de 10.200 anos por um período de 300 a 600 anos. "a‰ um período de tempo curto em termos arqueola³gicos, mas muito rico em desenvolvimento tecnola³gico", explicou Riel-Salvatore. "Entre outras coisas, objetos de barro, tijolos queimados pelo sol e ferramentas de pedra esculpida foram encontrados no local."

Smith, um dos primeiros arqueólogos do departamento de Antropologia da UdeM, visitou o local pela primeira vez em 1965 para comea§ar a escava¡-lo. Ele voltou a Ganj Dareh mais quatro vezes e escavou 20% dos cinco na­veis do local.

"Depois de 1974, as escavações foram suspensas, mas Smith conseguiu trazer de volta uma boa quantidade de material, incluindo ossos de animais e humanos , restos de plantas, amostras de sedimentos e vários artefatos", disse Riel-Salvatore.

Esse material estãoagora conservado em três instituições: os restos humanos na Simon Fraser University na Colaºmbia Brita¢nica, os restos do animal no Smithsonian Institute em Washington e uma extensa coleção contendo amostras sedimentares, arquiteta´nicas e de carva£o, ossos, ferramentas de pedra e argila, e As notas de escavação de Smith na UdeM.

Recentemente, uma análise de amostras de cola¡geno extraa­das de alguns ossos de animais revelou evidaªncias de domesticação de cabras no local e, por extensão, de sedentarização humana. A datação dos restos da planta revelou evidaªncias de cevada e lentilhas domesticadas. "Ganj Dareh tem sido um ponto focal para pesquisas sobre pré-história e a transição para a agricultura", disse Riel-Salvatore.

Usando os arquivos de Philip Smith de suas escavações de 1965-1974, Julien Riel-Salvatore
reconstruiu mapas digitais tridimensionais de estratos de sedimentos no sa­tio
de Ganj Dareh. Crédito: Universidade de Montreal

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Riel-Salvatore e dois estudantes de doutorado começam a trabalhar na coleção, que estava definhando nos arquivos do departamento, e começam a desenvolver um modelo tridimensional de uma parte da Fossa Ocidental de Ganj Dareh, que havia sido escavada por Smith.

O modelo ébaseado em uma pequena seção de 8 metros quadrados do local, cerca de 10% da área explorada por Smith. Mostra a estratificação do local e permite estudar a evolução do comportamento humano atravanãs das camadas sedimentares.

"O artigo publicado na PLOS ONE éum primeiro passo", disse Riel-Salvatore. "a‰ uma prova de conceito de nossa abordagem que nos permitira¡ prosseguir com nossa pesquisa."

Sanaz Shirvani, Ph.D. estudante de origem iraniana, e três estudantes de mestrado em arqueologia estãoagora abordando toda a coleção. "Sanaz éum dos cinco destinata¡rios de uma bolsa de prestígio concedida pela Fundação Wenner-Gren para Pesquisa Antropola³gica, que apoia estudantes depaíses onde o treinamento e a pesquisa arqueola³gica ainda precisam ser desenvolvidos", observou Riel-Salvatore.

E ainda hámuito a ser feito no laboratório de arqueologia do Antropoceno da UdeM, dirigido por Riel-Salvatore: a coleção Ganj Dareh contanãm cerca de 100.000 objetos e amostras!

Seu plano de longo prazo écriar um reposita³rio virtual que inclua modelos 3D dos principais artefatos do "Vale do Tesouro" para estabelecer um arquivo digital permanente de todo o material anala³gico para o benefa­cio da comunidade arqueola³gica internacional.

"Em última análise, nosso objetivo étornar acessa­vel uma fatia da história do Ira£ e da história da humanidade", disse Riel-Salvatore. “a‰ importante tornar esses arquivos acessa­veis a  comunidade cienta­fica e a s pessoas que vivem na regia£o, porque são parte da herana§a iraniana. com o apoio do Escrita³rio de Assuntos Internacionais da Universidade de Montreal."

 

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