Com base nos arquivos de Smith, Riel-Salvatore produziu mapas digitais tridimensionais dos estratos sedimentares escavados por Smith. O mapeamento 3D, que mostra paredes de casas, poa§os, lareiras e sepulturas
As notas de escavação de Philip Smith contem esboa§os, incluindo um mostrando os ossos de um enterro triplo, o de uma criana§a e dois adolescentes. A disposição dos corpos sugere que eles foram enterrados em uma cova, mas em momentos diferentes e possivelmente de acordo com diferentes ritos. "Um dos corpos estãoenrolado enquanto os outros dois estãodeitados e, comparando a disposição desses corpos com sepultamentos observados em outros satios arqueola³gicos da regia£o, esperamos poder reconstruir as prática s funera¡rias das pessoas naquela anãpoca. e estabelecer sua diversidade", diz Julien Riel-Salvatore. Crédito: Universidade de Montreal
Perante os constrangimentos criados pela pandemia, Julien Riel-Salvatore foi criativo. Incapaz de visitar os satios arqueola³gicos italianos em que se especializou, o professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Montreal começou a trabalhar estudando parte de uma coleção a³rfa£ de artefatos originalmente reunida pelo arqueólogo canadense Philip Smith.
Smith foi um professor da UdeM que escavou Ganj Dareh no Ira£ entre 1965 e 1974. Ganj Dareh, que significa "Vale do Tesouro", éum importante satio arqueola³gico neolatico que produziu algumas das primeiras evidaªncias de sedentarismo humano, desenvolvimento agracola e domesticação de cabras.
Com base nos arquivos de Smith, Riel-Salvatore produziu mapas digitais tridimensionais dos estratos sedimentares escavados por Smith. O mapeamento 3D, que mostra paredes de casas, poa§os, lareiras e sepulturas, étema de um artigo recente na revista PLOS ONE .
Evidaªncias de sedentarização humana
Ganj Dareh éum monte de sete metros de altura e quarenta metros de dia¢metro localizado na provancia iraniana de Kermanshah. Acredita-se que tenha sido ocupada por humanos hácerca de 10.200 anos por um período de 300 a 600 anos. "a‰ um período de tempo curto em termos arqueola³gicos, mas muito rico em desenvolvimento tecnola³gico", explicou Riel-Salvatore. "Entre outras coisas, objetos de barro, tijolos queimados pelo sol e ferramentas de pedra esculpida foram encontrados no local."
Smith, um dos primeiros arqueólogos do departamento de Antropologia da UdeM, visitou o local pela primeira vez em 1965 para comea§ar a escava¡-lo. Ele voltou a Ganj Dareh mais quatro vezes e escavou 20% dos cinco naveis do local.
"Depois de 1974, as escavações foram suspensas, mas Smith conseguiu trazer de volta uma boa quantidade de material, incluindo ossos de animais e humanos , restos de plantas, amostras de sedimentos e vários artefatos", disse Riel-Salvatore.
Esse material estãoagora conservado em três instituições: os restos humanos na Simon Fraser University na Colaºmbia Brita¢nica, os restos do animal no Smithsonian Institute em Washington e uma extensa coleção contendo amostras sedimentares, arquiteta´nicas e de carva£o, ossos, ferramentas de pedra e argila, e As notas de escavação de Smith na UdeM.
Recentemente, uma análise de amostras de cola¡geno extraadas de alguns ossos de animais revelou evidaªncias de domesticação de cabras no local e, por extensão, de sedentarização humana. A datação dos restos da planta revelou evidaªncias de cevada e lentilhas domesticadas. "Ganj Dareh tem sido um ponto focal para pesquisas sobre pré-história e a transição para a agricultura", disse Riel-Salvatore.
Usando os arquivos de Philip Smith de suas escavações de 1965-1974, Julien Riel-Salvatore
reconstruiu mapas digitais tridimensionais de estratos de sedimentos no satio
de Ganj Dareh. Crédito: Universidade de Montreal
Arquivos de a³rfa£os encontram pais adotivos
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Riel-Salvatore e dois estudantes de doutorado começam a trabalhar na coleção, que estava definhando nos arquivos do departamento, e começam a desenvolver um modelo tridimensional de uma parte da Fossa Ocidental de Ganj Dareh, que havia sido escavada por Smith.
O modelo ébaseado em uma pequena seção de 8 metros quadrados do local, cerca de 10% da área explorada por Smith. Mostra a estratificação do local e permite estudar a evolução do comportamento humano atravanãs das camadas sedimentares.
"O artigo publicado na PLOS ONE éum primeiro passo", disse Riel-Salvatore. "a‰ uma prova de conceito de nossa abordagem que nos permitira¡ prosseguir com nossa pesquisa."
Sanaz Shirvani, Ph.D. estudante de origem iraniana, e três estudantes de mestrado em arqueologia estãoagora abordando toda a coleção. "Sanaz éum dos cinco destinata¡rios de uma bolsa de prestígio concedida pela Fundação Wenner-Gren para Pesquisa Antropola³gica, que apoia estudantes depaíses onde o treinamento e a pesquisa arqueola³gica ainda precisam ser desenvolvidos", observou Riel-Salvatore.
E ainda hámuito a ser feito no laboratório de arqueologia do Antropoceno da UdeM, dirigido por Riel-Salvatore: a coleção Ganj Dareh contanãm cerca de 100.000 objetos e amostras!
Seu plano de longo prazo écriar um reposita³rio virtual que inclua modelos 3D dos principais artefatos do "Vale do Tesouro" para estabelecer um arquivo digital permanente de todo o material anala³gico para o benefacio da comunidade arqueola³gica internacional.
"Em última análise, nosso objetivo étornar acessavel uma fatia da história do Ira£ e da história da humanidade", disse Riel-Salvatore. “a‰ importante tornar esses arquivos acessaveis a comunidade cientafica e a s pessoas que vivem na regia£o, porque são parte da herana§a iraniana. com o apoio do Escrita³rio de Assuntos Internacionais da Universidade de Montreal."