Humanidades

DNA antigo revela surpresas sobre como os primeiros africanos viveram, viajaram e interagiram
Uma nova análise de restos humanos que foram enterrados em sa­tios arqueola³gicos africanos produziu o DNA mais antigo do continente, contando uma história fascinante de como os primeiros humanos viveram, viajaram e atanã
Por Universidade Rice - 23/02/2022


Hora Rockshelter no Malawi, onde escavações recentes descobriram dois dos indivíduos analisados ​​em um estudo colaborativo de DNA antigo. Crédito: Jacob Davis.

Uma nova análise de restos humanos que foram enterrados em sa­tios arqueola³gicos africanos produziu o DNA mais antigo do continente, contando uma história fascinante de como os primeiros humanos viveram, viajaram e atéencontraram seus outros significativos.

Uma equipe interdisciplinar de 44 pesquisadores delineou suas descobertas em "DNA antigo revela estrutura populacional profunda em forrageiras da áfrica Subsaariana". O artigo foi publicado hoje na Nature e relata descobertas de DNA antigo de seis indivíduos enterrados no Malawi, Tanza¢nia e Za¢mbia que viveram entre 18.000 e 5.000 anos atrás.

"Isso mais do que dobra a antiguidade dos dados de DNA antigos relatados da áfrica subsaariana", disse David Reich, professor da Universidade de Harvard e pesquisador do Howard Hughes Medical Institute, cujo laboratório gerou os dados no artigo. “O estudo éparticularmente empolgante como uma colaboração verdadeiramente igual de arqueólogos e geneticistas”.

O estudo também reanalisou dados publicados de 28 indivíduos enterrados em locais em todo o continente, gerando dados novos e aprimorados para 15 deles. O resultado foi um conjunto de dados sem precedentes de DNA de antigas forrageiras africanas ospessoas que caçavam, coletavam ou pescavam. Seu legado genanãtico édifa­cil de reconstruir a partir das pessoas atuais por causa dos muitos movimentos e misturas populacionais que ocorreram nos últimos milhares de anos.

Graças a esses dados, os pesquisadores conseguiram delinear grandesmudanças demogra¡ficas que ocorreram entre cerca de 80.000 e 20.000 anos atrás. Já hácerca de 50.000 anos, pessoas de diferentes regiaµes do continente se mudaram e se estabeleceram em outras áreas e desenvolveram aliana§as e redes em longas distâncias para negociar, compartilhar informações e atéencontrar parceiros reprodutivos. Essa rede social os ajudou a sobreviver e prosperar, escreveram os pesquisadores.

Elizabeth Sawchuk, autora do estudo, bolsista de pa³s-doutorado Banting na Universidade de Alberta e professora assistente de pesquisa na Stony Brook University, disse que uma mudança cultural drama¡tica ocorreu durante esse período, pois contas, pigmentos e outras artes simba³licas tornaram-se comuns em todo o mundo. áfrica. Os pesquisadores hámuito assumiram que grandesmudanças no registro arqueola³gico de cerca de 50.000 anos atrás refletiam uma mudança nas redes sociais e talvez atémudanças no tamanho da população. No entanto, tais hipa³teses permaneceram difa­ceis de testar.

Mt. Hora no Malawi, onde escavações recentes em Hora Rockshelter descobriram dois dos indivíduos analisados ​​em um estudo colaborativo de DNA antigo. Crédito: Jacob Davis.

"Na³s nunca fomos capazes de explorar diretamente essasmudanças demogra¡ficas propostas, atéagora", disse ela. "Tem sido difa­cil reconstruir eventos em nosso passado mais profundo usando o DNA das pessoas que vivem hoje, e artefatos como ferramentas de pedra e contas não podem nos contar toda a história. O DNA antigo fornece uma visão direta das próprias pessoas, que era o parte do quebra-cabea§a."
 
Mary Prendergast, autora do artigo e professora associada de antropologia da Rice University, disse que hárgumentos de que o desenvolvimento e a expansão de redes de comanãrcio de longa distância nessa anãpoca ajudaram os humanos a enfrentar a última Idade do Gelo.

"Os humanos começam a confiar uns nos outros de novas maneiras", disse ela. "E essa criatividade e inovação podem ser o que permitiu que as pessoas prosperassem."

Os pesquisadores também foram capazes de demonstrar que hácerca de 20.000 anos, as pessoas pararam de se movimentar tanto.

"Talvez seja porque, a essa altura, as redes sociais previamente estabelecidas permitiam o fluxo de informações e tecnologias sem que as pessoas tivessem que se mover", disse Sawchuk.

Prendergast disse que o estudo fornece uma melhor compreensão de como as pessoas se moviam e se misturavam nesta parte da áfrica. Anteriormente, o DNA africano mais antigo vinha do que hoje éo Marrocos osmas os indivíduos neste estudo viviam tão longe de la¡ quanto Bangladesh éda Noruega, observou ela.

"Nosso estudo genanãtico confirma um padrãoarqueola³gico de comportamento mais local no leste da áfrica ao longo do tempo", disse Jessica Thompson, professora assistente de antropologia da Universidade de Yale, autora do estudo e uma das pesquisadoras que descobriram os restos mortais. "No ina­cio, as pessoas encontraram parceiros reprodutivos de amplas áreas geogra¡ficas e culturais. Mais tarde, priorizaram parceiros que viviam mais pra³ximos e que eram potencialmente mais semelhantes culturalmente".

A equipe de pesquisa incluiu acadaªmicos do Canada¡, Quaªnia, Malawi, Tanza¢nia, Estados Unidos, Za¢mbia e muitos outrospaíses. Contribuições cra­ticas para o estudo vieram de curadores e coautores de museus africanos que são responsa¡veis ​​por proteger e preservar os restos mortais.

Potifar Kaliba, diretor de pesquisa do Departamento de Museus e Monumentos do Malawi e autor do estudo, observou que alguns dos esqueletos amostrados para o estudo foram escavados hámeio século, mas seu DNA épreservado apesar dos climas quentes e aºmidos em os tra³picos.

"Este trabalho mostra por que étão importante investir na administração de restos humanos e artefatos arqueola³gicos em museus africanos", disse Kaliba.

O trabalho também ajuda a resolver os desequila­brios globais na pesquisa, disse Prendergast.

"Ha¡ cerca de 30 vezes mais sequaªncias de DNA antigas publicadas na Europa do que na áfrica", disse ela. “Dado que a áfrica abriga a maior diversidade genanãtica humana do planeta, temos muito mais a aprender”.

“Ao associar artefatos arqueola³gicos com DNA antigo, os pesquisadores criaram uma estrutura nota¡vel para explorar a pré-história dos humanos na áfrica”, disse o diretor do programa de Arqueologia e Arqueometria, John Yellen, da Fundação Nacional de Ciência dos EUA, um dos financiadores por trás deste projeto. “Esta visão estãotrazndo um novo caminho para entender a humanidade e nossa complexa história compartilhada”.

 

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