Humanidades

As finana§as digitais não reduzem a desigualdade; isso perpetua
Durante a pandemia do COVID-19, muitos governos migraram para dinheiro ma³vel ou pagamentos digitais. O governo de Ruanda aumentou o uso de transferaªncias digitais de dinheiro. O Senegal expandiu o uso de dinheiro ma³vel...
Por Oxford University Press - 01/03/2022


Doma­nio paºblico

Um novo artigo da Oxford Open Economics, publicado pela Oxford University Press, indica que, embora os servia§os financeiros digitais sejam frequentemente propostos como um vea­culo para reduzir a desigualdade, as barreiras de custo e infraestrutura para acessar telefones celulares podem ampliar as disparidades econa´micas entre as mulheres nospaíses em desenvolvimento.

Pesquisas anteriores sugeriram que os servia§os financeiros digitais tem o potencial de melhorar o acesso ao dinheiro e, assim, reduzir as desigualdades de renda. Durante a pandemia do COVID-19, muitos governos migraram para dinheiro ma³vel ou pagamentos digitais. O governo de Ruanda aumentou o uso de transferaªncias digitais de dinheiro. O Senegal expandiu o uso de dinheiro ma³vel e reduziu as taxas desses servia§os. Gana agora oferece transferaªncias em dinheiro por meio de plataformas de dinheiro ma³vel.

Mas quem participa desses programas e se eles tem potencial para atingir os mais vulnera¡veis ​​depende da distribuição dos servia§os financeiros digitais. Este artigo aborda esse ta³pico estudando como a infraestrutura física e a qualidade da rede de telefonia ma³vel , bem como caracteri­sticas individuais como educação, afetam a capacidade de acessar e usar esses servia§os.

Usando as Pesquisas Demogra¡ficas e de Saúde e vários bancos de dados geocodificados no Nepal, Filipinas, Senegal e Tanza¢nia, este artigo explorou a distribuição do uso de finana§as digitais entre mulheres e sua infraestrutura capacitadora, incluindo torres de telefonia ma³vel, em comparação com as finana§as tradicionais. O Programa de Pesquisas Demogra¡ficas e de Saúde, administrado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, éum conjunto de pesquisas transversais destinadas a representar as populações dospaíses. Embora seja principalmente uma pesquisa sobre a saúde da mulher, a versão de 2016 do programa contanãm perguntas que perguntavam aos entrevistados se eles tinham conta banca¡ria e se usavam o celular para transações financeiras .

Os resultados indicam que as mesmas desigualdades por trás das finana§as tradicionais podem ter sanãrias consequaªncias para o acesso aos servia§os financeiros digitais. Viver em centros urbanos estãopositivamente associado a s finana§as tradicionais e ao uso digital, e ésignificativo nas Filipinas, Senegal e Tanza¢nia. Esses resultados sugerem que as mulheres que vivem em áreas urbanas são 3,4-15,7% mais propensas a usar finana§as tradicionais e 0,4-13% mais propensas a usar servia§os financeiros digitais.

Em todos ospaíses estudados, as desigualdades de riqueza e educação também são realizadas no uso do mobile banking ainda mais fortemente do que nas finana§as tradicionais. Em todos ospaíses, a maior riqueza estãofortemente associada a uma maior probabilidade de uso de telefones celulares. Aqueles no quintil de riqueza mais rico são 9,3-27,2% mais propensos a possuir um telefone celular. Por exemplo, na Tanza¢nia, mesmo os telefones celulares mais baratos disponí­veis custara£o 5% da renda anual para aqueles no quintil inferior da distribuição de riqueza, mesmo antes de pagar por um plano de telefonia ma³vel. Os custos de acesso a  banda larga são ainda maiores: no Nepal, Filipinas, Senegal e Tanza¢nia, um gigabyte de banda larga ma³vel custa 9,1%, 3,8%, 10,2% e 8,7% da renda média mensal, respectivamente. Além disso, o efeito marginal manãdio associado a um ano de educação também ésignificativo,

Esta análise constata que o uso do mobile banking ainda éaltamente desigual e que a infraestrutura física relevante, como torres de telefonia ma³vel , segue os mesmos padraµes das instituições financeiras tradicionais. Assim, parece que o mobile banking ainda pode deixar grandes desigualdades no acesso a servia§os financeiros entre as mulheres nospaíses em desenvolvimento.

"As tecnologias digitais são muito promissoras para melhorar a forma como acessamos os servia§os financeiros", disse a autora do artigo, Laura Caron. "No entanto, devemos garantir que haja a infraestrutura adequada para que isso funcione. Tambanãm devemos apoiar a alfabetização digital e trabalhar para tornar as tecnologias digitais acessa­veis, se esperamos alcana§ar aqueles que foram exclua­dos das finana§as tradicionais . Sa³ as novas tecnologias venceram. não resolveremos o problema da desigualdade se não garantirmos que as pessoas tenham acesso a eles."

 

.
.

Leia mais a seguir