Humanidades

Estudantes do GCSE Ancient History se preocupam em parecer 'elitistas' para amigos e familiares
A pequena minoria de estudantes educados pelo estado que cursam Hista³ria Antiga no GCSE teme que a reputaa§a£o exclusiva do assunto os classifique como 'elitista' aos olhos de amigos e parentes, sugere a pesquisa.
Por Tom Kirk - 04/03/2022


Cortesia

"A mensagem que recebemos geralmente era: 'Isso émuito legal, mas não épara pessoas como nós'

Frances Foster

Suas perspectivas estãodocumentadas em um estudo recanãm-publicado, que argumenta que a posição da Hista³ria Antiga como disciplina minorita¡ria no curra­culo estãoreforçando sua imagem como reserva de uma elite privilegiada. Desde 2009, qualquer escola na Inglaterra, Paa­s de Gales e Irlanda do Norte tem a opção de oferecer o GCSE de Hista³ria Antiga, mas muito poucas o fazem. Menos de 1.000 candidatos (cerca de 0,1%) fazem o exame todos os anos e apenas uma fração éde escolas estaduais.

O estudo, realizado por acadaªmicos da Universidade de Cambridge, entrevistou estudantes de três escolas abrangentes financiadas pelo estado que ensinam o assunto. Todos os alunos disseram que se sentiam estigmatizados por seus pares por fazer Hista³ria Antiga, e que geralmente era percebido como “chique”, “acadaªmico”, “chato”, “elitista” e “esnobe”. Alguns disseram que essas opiniaµes foram compartilhadas por membros de sua própria fama­lia.

Os pesquisadores argumentam que tornar a Hista³ria Antiga mais amplamente dispona­vel nas escolas resolveria esse problema de imagem. Ha¡ também algumas evidaªncias de que pode atéser um movimento popular. Apesar de suas preocupações, os alunos que cursaram a disciplina também disseram que a acharam interessante e gratificante. Muitos estavam particularmente interessados ​​nos aspectos mais estranhos e distantes do mundo antigo.

Frances Foster, da Faculdade de Educação da Universidade de Cambridge, disse: “Eram três escolas muito diferentes, em comunidades muito diferentes e com na­veis variados de privação, mas todos os alunos com quem conversamos experimentaram resistência a  ideia de estudar Hista³ria Antiga de parentes ou amigos.”

“A mensagem que recebemos geralmente era: 'Isso émuito legal, mas não épara pessoas como nós.' Assim que saa­ram da sala de aula, ficaram desconforta¡veis ​​atémesmo em revelar que faziam Hista³ria Antiga porque estavam preocupados em serem vistos como diferentes, ou com as pessoas assumindo que frequentavam uma escola chique. Devemos enfatizar que eles tem o direito de estudar esse assunto tanto quanto qualquer um.”

Os alunos foram convidados a responder a um questiona¡rio sobre sua formação e quaisquer oportunidades que tiveram para aprender sobre Hista³ria Antiga fora da escola (por exemplo, visitando museus). Em seguida, eles participaram de uma sanãrie de entrevistas semiestruturadas e grupos focais, que exploraram seus sentimentos sobre o assunto.

Seus comenta¡rios revelaram um desconforto generalizado em receber o que eles sabiam ser acesso desigual a um assunto associado ao privilanãgio social. Em muitos casos, tanto os alunos quanto seus parentes e colegas pareciam ver a Hista³ria Antiga como 'muito acadaªmica' e 'prestigiada', especificamente porque poucas pessoas a estudam.

Um entrevistado disse aos pesquisadores: “As pessoas consideram chique porque não écomum… muitas escolas particulares tem a opção de fazer, mas não conhea§o nenhuma outra escola nessa área que tenha história latina ou antiga”. Outro disse: “a‰ percebido como um assunto bastante inteligente porque muitas escolas não o oferecem. Quando vocêdiz: 'Eu faa§o Hista³ria Antiga', as pessoas meio que julgam vocêe pensam, oh, vocêdeve ir para uma escola chique.”

Muitos alunos estavam cientes de que isso era um equa­voco, mas eles consistentemente sentiram que, ao cursar o assunto, eles foram tachados de “inteligentes”, “classe alta” ou atémesmo “desafortunados” por seus colegas.

Apesar disso, muitos também expressaram interesse considera¡vel em vários materiais de origem, a idade do assunto e a sofisticação do mundo antigo. O estudo também explora casos como o de uma menina de uma familia do Oriente Manãdio que explicou como ela conseguiu se sentir mais conectada a  sua própria herana§a ao aprender sobre o Impanãrio Persa. Dois outros alunos falaram com entusiasmo sobre como o mundo antigo inspirou Winston Churchill durante sua carreira pola­tica.

“Eles estavam realmente interessados ​​em que textos que sobreviveram por dois milaªnios ainda pudessem ser aºteis para governos em outra anãpoca epaís”, disse Foster. “Parte da atração da Hista³ria Antiga para os estudantes parece ser que as histórias e objetos que eles estãoestudando eram caracteri­sticas da vida das pessoas hádois mil anos, mas chegaram aténós. Outra parte éa natureza muito diferente das sociedades no mundo antigo oso fato de que muito disso ésimplesmente estranho.”

Todos os alunos disseram que se sentiriam mais a  vontade para estudar Hista³ria Antiga se ela estivesse mais dispona­vel. Como os autores do estudo observam, várias organizações osincluindo a Classical Association, Classics for All e o pra³prio Cambridge Schools Classics Project da Universidade osfizeram campanha ativamente por algum tempo para aumentar o acesso a  Hista³ria Antiga, em parte devido a preocupações com seu status marginal.

Seu relatório também aponta que, como o curso de GCSE não exige conhecimento de la­nguas antigas, ele pode ser ministrado por professores de Hista³ria mesmo em escolas que não ensinam Cla¡ssicos.

“No momento, o acesso dos jovens ao mundo antigo édefinido em grande parte pelo acaso osse a escola o oferece ou não”, disse Foster. “Enquanto isso continuar assim, os alunos sera£o informados de que não épara eles, não vai conseguir um emprego, e seria melhor fazer outra coisa. A Hista³ria Antiga foi colocada no curra­culo do GCSE para torna¡-lo mais acessa­vel. Se valorizamos esse princa­pio, devemos nos preocupar que tantos dos alunos que realmente estudam se sintam tão desconforta¡veis ​​com a ideia.”

O estudo foi publicado em acesso aberto no The Curriculum Journal.

 

.
.

Leia mais a seguir