Publicação orienta profissionais da saúde sobre atendimento adequado no processo de luto
Material organizado por pesquisadores da USP em Ribeira£o Preto aborda sobre o luto antecipata³rio, parental, infantojuvenil, fetal e em situaa§a£o de morte inesperada; publicaça£o estãodisponavel gratuitamente para download

Material orienta como lidar com pessoas em situação de luto osFoto: Internet
Assim como um machucado que cicatriza, o luto éuma ferida que causa sofrimento e o cuidado adequado éfundamental para o processo de cura. Apesar da condição instalada pela perda, a atitude dos profissionais da saúde antes, durante e depois da morte pode interferir diretamente no enfrentamento da familia e dos amigos.
Com o objetivo de orientar os profissionais sobre o atendimento adequado para pessoas em situação de luto, pesquisadores do Grupo de Estudos em Paliativismo Pedia¡trico (Gepap) do Hospital das Clanicas da FMRP (HCFMRP) criaram a Cartilha de Orientações sobre Luto para Profissionais da area de Saúde.
A iniciativa foi baseada em estudos, discussaµes sobre o assunto e escuta de ma£es em situação de luto. “No ambiente hospitalar, frequentemente, lidamos com esse tipo de situação, portanto, éde suma importa¢ncia que existam orientações baseadas em evidaªncias e em sugestaµes de familiares que passaram por issoâ€, conta Raissa Souza Aguiar, autora da cartilha e médica residente do Programa de Pediatria e Puericultura da Faculdade de Medicina de Ribeira£o Preto (FMRP) da USP.
Entre os tópicos abordados estãoa definição e as atitudes dos profissionais quando háluto antecipata³rio, que évivido pelo paciente ou familiares e pode se manifestar após a comunicação de um diagnóstico ou depois de intercorraªncias graves; luto parental, que équando os pais perdem os filhos; luto infantojuvenil, que écaracterizado pelo luto de criana§as e adolescentes; luto fetal ou perda gestacional, que éa morte antes do nascimento; e luto em situação de morte inesperada, que acontece em casos de desastres ou acidentes.
A cartilha contou com a revisão das médicas Leila Costa Volpon e Fabaola de Arruda Leite e dos psica³logos Nichollas Martins Areco e Maria Laura de Paula Lopes Pereira Martins; ilustração, da designer gra¡fica Sofia Beatriz Dias de Oliveira; contribuição de Isabela Soares Costa e Vanessa Alves da Costa Dessimoni; e de trechos de entrevistas do projeto de pesquisa Cuidados aos Pais Enlutados osOlhar além do a³bito da criana§a.
Processo de luto
O luto pode ser classificado por fases, mas éimportante entender que nem sempre o processo élinear e que não háum prazo determinado para acontecer. Além disso, a pessoa enlutada pode ter manifestações emocionais, cognitivas, comportamentais e fisiola³gicas.
“O processo de elaboração do luto éum trabalho de ajustamento a perda, que implica sofrimento, bem como a capacidade de encontrar alguma esperana§a, conforto e alternativas de vidaâ€, explica Raissa.
Veja quais são as etapas, segundo a cartilha:
Aceitar a realidade da perda, ultrapassando a tendaªncia inicial de nega¡-la;
Reconhecer e lidar com a dor da perda;
Fazer ajustamentos em diferentes naveis, sendo eles externos e internos;
Reenquadrar emocionalmente aquele que não estãomais presente;
Integrar emocionalmente a perda.
Diferena§a do luto normal e do luto complicado
A cartilha ainda dedica um capatulo exclusivo para diferenciar o luto considerado normal do luto complicado. “O luto complicado ocorre quando a ligação afetiva com o falecido permanece intensa, comprometendo o processamento do luto vivenciado e a aceitação do mesmo. Nestes casos, o enlutado pode apresentar reações de negação, ambivalaªncia, distorção e permanaªncia nas lembrana§as do passado, refletindo em desequilabrio pessoal e adoecimentoâ€, comenta Raissa.
Entre os fatores de risco para o luto complicado estãoas condições inerentes, como distaºrbio de ansiedade e antecedente de maºltiplos traumas; condições relacionadas ao tipo de perda, como em casos de violência ou homicadio; e baixo suporte social, dificuldades cognitivas durante o processo e aspectos individuais sobre a circunsta¢ncia da morte.
Mais informações: l.costavolpon@gmail.com com a médica Leila Costa Volpon.