Muitos bairros, escolas, locais de trabalho, universidades e outros Espaços paºblicos permanecem predominantemente brancos. Os negros percebem essas configuraçaµes como o “Espaço brancoâ€, que muitas vezes consideram informalmente...
Elias Anderson
Desde o fim do movimento pelos direitos civis das décadas de 1950 e 1960, um grande número de pessoas negras entrou em ambientes anteriormente ocupados exclusivamente por brancos. Eles receberam recepções mistas.
Muitos bairros, escolas, locais de trabalho, universidades e outros Espaços paºblicos permanecem predominantemente brancos. Os negros percebem essas configurações como o “Espaço brancoâ€, que muitas vezes consideram informalmente “fora dos limites†para eles, disse Elijah Anderson, Sterling Professor de Sociologia e Estudos Afro-Americanos em Yale e vencedor do Praªmio Estocolmo 2021, o praªmio mais importante do mundo. prestigioso praªmio no campo da criminologia.
Os desafios que os negros enfrentam enquanto navegam em Espaços em branco são o tema do último livro de Anderson, “ Black in White Space: The Enduring Impact of Color in Everyday Life †(University of Chicago Press, 2022), que se baseia em seus 40 e poucos anos de trabalho de campo qualitativo, incluindo muitas entrevistas com pessoas negras e brancas locais, seus quatro livros ilustres anteriores de etnografia urbana sobre relações raciais, bem como sua vida de experiências como um homem negro na Amanãrica.
No livro, Anderson documenta os desafios aºnicos enfrentados pelos negros enquanto navegam no “Espaço branco†osuma categoria perceptiva, definida pela presença esmagadora de brancos e a relativa ausaªncia de negros ose sua luta para superar os esterea³tipos que continuam a estigmatiza¡-los. .
Ele explicou que, apesar do crescimento de uma enorme classe média negra, muitos brancos assumem que o espaço negro natural éo que ele chama de “gueto ica´nico†oso sambolo daquela localidade misera¡vel e temavel tão comumente apresentada na madia.
“ As pessoas brancas normalmente evitam o espaço negro, mas as pessoas negras são obrigadas a navegar no espaço branco como condição de sua existaªnciaâ€, disse Anderson. “Quando uma pessoa negra desconhecida entra no 'Espaço em branco', muitas vezes as pessoas imediatamente tentam entendaª-lo - para determinar 'quem anã', ou para descobrir a natureza do nega³cio da pessoa e se eles precisam estar preocupado. Os esterea³tipos podem reger as percepções, criando uma situação que pode afastar o negro.Â
“ Nessas circunsta¢ncias, quase qualquer pessoa negra pode experimentar tal distância, especialmente um jovem negro osnão como medida de seu manãrito como pessoa, mas por causa de sua pele negra e sua indicação de status de 'estrangeiro' no espaço em branco. Assim, tal pessoa negra émuitas vezes sobrecarregada com uma presunção negativa que ela deve refutar antes de poder estabelecer relações de confianção com os outros.â€Â
Anderson falou recentemente aos jornalistas sobre a experiência vivida pelos negros e os fundamentos estruturais do racismo na Amanãrica. A entrevista foi editada e condensada.
Como os negros ana´nimos tentam superar “a presunção negativa†que frequentemente encontram ao entrar em Espaços em branco?
Elias Anderson: Em meu estudo, descobri que essa presunção negativa pode ser minimizada ou provisoriamente superada por uma performance, uma negociação ou o que alguns negros chamam ironicamente de “dançaâ€, por meio da qual negros individuais podem estar inclinados a mostrar a brancos e outros que os esterea³tipos do gueto não se aplicam a eles pessoalmente; na verdade, eles podem sentir a necessidade de atuar por credibilidade ou aceitação. Essa atuação pode ser tão deliberada quanto vestir-se bem e falar de forma educada ou tão simples quanto apresentar uma carteira de identidade ou carteira de motorista em situações em que isso nunca seria exigido de pessoas brancas. Em torno de campi universita¡rios predominantemente brancos, especialmente quando áreas de guetos estãopróximas, os estudantes negros costumam usar paraferna¡lia escolar para se distinguirem dos negros comuns do gueto local. Com essa estratanãgia,
Os brancos tratam conscientemente os negros dessa maneira?Â
Anderson:  Sim e não. Nos Espaços brancos, os brancos dominam e, em comparação com seus colegas negros, desfrutam de um poder implacito junto com um grau de autoridade moral que fundamentalmente falta aos negros. Além disso, os brancos tendem a dar como certo o privilanãgio da pele branca e a desprezar as queixas dos negros, ou mostram incredulidade e “horrorâ€. Nesse contexto, émuito difacil para os brancos em geral entender e apreciar a experiência de ser negro.
O que estãoem jogo para os negros durante esses encontros estranhos?
Anderson: As pessoas negras normalmente querem ser tratadas da maneira como supaµem que as pessoas brancas são tratadas, sem animosidade racial, sem serem consideradas “personagens suspeitos†com base em sua cor de pele enquanto navegam na sociedade civil e, especialmente, quando navegam em Espaços brancos. Eles querem ser capazes de passar o dia sem intercorraªncias, sem experimentar um tratamento arbitra¡rio baseado em sua negritude.Â
Como essa “dança†normalmente se desenrola?
Anderson: Quase por definição, a pessoa negra se apresenta diante de um paºblico distante, crítico e antipa¡tico de porteiros, como seguranças, vendedores, colegas clientes. Eles são distantes por causa da divisão racial existente, e craticos e antipa¡ticos porque suas mentes normalmente já estãodecididas sobre o “lugar†da pessoa negra e a ameaça que eles acreditam que ela representa para o espaço em branco, e talvez para algumas das pessoas permanecendo em julgamento. Dependendo de quanto efetivamente a pessoa negra atua ou negocia, ela pode “passar na inspeçãoâ€. Mas não hágarantias, pois alguns membros da plateia a s vezes se inclinam a armar seus preconceitos, a colocar o negro em seu “lugarâ€. Além disso, outros no espaço em branco podem exigir provas adicionais sob demanda.
Quando a pessoa negra desconhecida pode demonstrar que tem nega³cios no espaço em branco, os porteiros defensores podem relaxar a guarda, pelo menos por enquanto. A pessoa negra pode, então, avana§ar de um “danãficit de credibilidade†para um “status provisãorioâ€, sugerindo um “passe†condicional, com a pessoa tendo algo “mais a provar†sob demanda.
Todas as pessoas negras correm o risco desses encontros quando entram em Espaços brancos, independentemente de seu status socioecona´mico?
Anderson: Sim, porque o fanatismo racial não éespecafico de classe social. Ao se aventurar ou navegar no espaço em branco, os negros enfrentam esses desafios repetidamente. Nos bairros brancos, os negros podem antecipar o perfil racial ou o assanãdio do grupo de vigila¢ncia do bairro, cuja missão émonitorar os “de aparaªncia suspeitaâ€. Qualquer homem negro desconhecido pode se qualificar para um escrutanio minucioso, especialmente a noite. Brancos defensivos nessas circunsta¢ncias podem ser menos conscientemente odiosos do que preocupados e temerosos de negros “perigosos e violentos†“do guetoâ€.
Na mente de muitos brancos, fiscalizar e deter um negro éprevenir o crime e proteger a vizinhana§a. Assim, para os negros, particularmente os homens jovens, praticamente todo encontro paºblico resulta em um grau de escrutanio que uma pessoa branca “normal†certamente não precisaria suportar.
Uma versão mais sutil, mas cratica, desse tipo de perfil ocorre no local de trabalho tapico. Do zelador ao gerente denívelmanãdio, os negros, atéque se estabelea§am, vivem sob a tirania do desempenho do comando. Ao redor do prédio de escrita³rios, o trabalhador negro passa a ser conhecido publicamente como “o cara negro no meu prédioâ€, e se existem alguns desses “caras negros†trabalhando la¡ que “vagueiam†pelas instalações, os trabalhadores brancos a s vezes confundem um com outro, ocasionalmente identificando erroneamente a pessoa pelo nome. Dada essa ambiguidade racial, a fila de brancos na fila para testemunhar o desempenho do negro, ou “dançaâ€, pode encorajar aqueles que antes aprovavam ou se convenceram a exigir um bis. Assim, enquanto a pessoa negra estiver presente no espaço em branco, éprova¡vel que ela esteja “ligada,
Vocaª descreve o “gueto ica´nico†como uma fonte importante de esterea³tipos e o preconceito e discriminação que os negros enfrentam ao navegar em Espaços brancos. O que éo gueto ica´nico?
Anderson: Minha concepção do “gueto ica´nico†éuma das descobertas mais importantes deste estudo. Representa aquele submundo ao qual os brancos preconceituosos tendem a relegar o negro desconhecido em lugares paºblicos, e especialmente em Espaços brancos. Na sociedade civil, esse gueto ica´nico paira sobre o negro ana´nimo; sempre no pano de fundo dos encontros paºblicos mais comuns entre as raças e contribui muito para a presunção negativa da pessoa negra de que eles são obrigados a refutar, apagar ou neutralizar antes de ganhar atémesmo a confianção provisãoria de suas contrapartes brancas.
Como os negros reagem a esse tipo de discriminação racial?
Anderson: Surpreendentemente, muitos de meus informantes aceitam isso com naturalidade e tratam isso como um fato da vida cotidiana. Muitos negros entendem que o racismo estãoprofundamente enraizado na psique de muitos de seus colegas brancos. Portanto, eles geralmente consideram seu tratamento como parte do “imposto negro†que normalmente esperam pagar e, portanto, levam em consideração praticamente tudo o que fazem.
Ao visitar um restaurante “bomâ€, dirigir por um bairro branco, ou tentar alugar ou comprar uma casa la¡, encontrar um policial branco, visitar um médico branco, matricular-se em um curso universita¡rio, candidatar-se a um emprego ou mesmo quando eles negociar com um encanador branco ou o eletricista branco para trabalhar em suas próprias casas osessencialmente, eles “vivem enquanto negrosâ€, pelo qual esperam arcar com algum grau de carga racial; e eles ficam agradavelmente surpresos se não o fizerem.
A maioria dos negros tenta continuar com seus nega³cios todos os dias e se esquivar dos “pingos de chuva†do racismo branco e espera se mover pelo mundo sem intercorraªncias. E na maioria das vezes, com a ajuda do brilho social para facilitar sua passagem, eles o fazem, mas a s vezes eles “se molhamâ€, experimentando uma discriminação flagrante, que pode acabar deixando-os desanimados e ofendidos, e que eles não podem ignorar.
No livro, vocêdiscute momentos de desrespeito agudo, ou o que os negros a s vezes chamam de “momentos de palavras com Nâ€. Por favor, fale sobre isso.
Anderson: Quase todas as pessoas negras encontraram momentos de desrespeito agudo por serem negras, ou o que as pessoas negras chamam ou chamam de o temido “momento N-palavraâ€. Eu certamente os suportei em minha própria vida. Por exemplo, aqui estãouma experiência minha, conforme descrito no livro:
Cerca de uma década atrás, depois que cheguei a Yale como novo professor, o chefe do departamento de sociologia me convidou para jantar com ele no Yale Club de Nova York a s 19h de uma quinta-feira. Vestida com um blazer azul, cheguei cedo e me sentei no sagua£o. Como era hora do jantar, o espaço estava cheio, e resolvi subir na biblioteca do clube para ler o New York Times do dia. Quando me aproximei do elevador, havia uma multida£o de pessoas esperando. Quando o carro chegou, entrei e fui para os fundos para dar passagem aos outros passageiros. Todos, exceto eu, eram brancos. Quando o vaga£o encheu, perguntei a um homem de cerca de trinta e cinco anos, de péao lado dos controles: “Vocaª poderia apertar o botão para o andar da biblioteca, por favor?†Ele olhou para mim e disse: “Vocaª sabe ler?†O carro ficou em silaªncio. De repente, seu amigo, outro jovem branco, veio em minha defesa e deixou escapar: “ Nunca conheci uma Yalie que não soubesse lerâ€. Agora todos os olhos se voltaram para mim. Silaªncio. O carro chegou ao cha£o da biblioteca. Ao sair, segurei a porta e disse: “Nãosou Yalie, sou professor de Yaleâ€, e entrei na biblioteca para ler o jornal.