Humanidades

Estudo: Dificuldades no ini­cio da vida aumentam o empreendedorismo na idade adulta
A pesquisa também tem implicaçaµes de pola­tica econa´mica, destacando como a experiência no ini­cio da vida molda a tolera¢ncia ao risco e os resultados socioecona´micos na idade adulta.
Por Universidade Nacional de Cingapura - 06/04/2022


Condicionamento operante. A figura mostra os coeficientes estimados de perda de coorte prevista em regressaµes de empreendedorismo emnívelde condado na perda de coorte prevista e outros controles por coorte de nascimento e ICs de 95%. A amostra inclui pessoas enumeradas pelo Mini-Censo 2005 nascidas antes de 1962 que residiam no munica­pio de seu registro hukou por 5 anos ou mais. A varia¡vel dependente éo logaritmo do número de empreendedores em cada coorte de nascimento no munica­pio. O coeficiente de perda de coorte previsto representa o efeito das dificuldades durante a fome sobre o logaritmo do número real de empreendedores da coorte do munica­pio no ano de 2005. (A) Ambos os sexos. (B) Mulheres. (C) Machos. Crédito: Proceedings of the National Academy of Sciences(2022). DOI: 10.1073/pnas.2104033119

As dificuldades vividas na juventude nunca são agrada¡veis, mas um novo estudo descobriu que as dificuldades podem tornar a pessoa mais empreendedora na idade adulta. No entanto, este efeito émais significativo para os homens do que para as mulheres. A pesquisa também tem implicações de pola­tica econa´mica, destacando como a experiência no ini­cio da vida molda a tolera¢ncia ao risco e os resultados socioecona´micos na idade adulta.

O estudo foi conduzido em conjunto pelo distinto professor Ivan Png e pelo professor associado Chu Junhong, ambos da Escola de Nega³cios da Universidade Nacional de Cingapura (NUS), e pelo professor Yi Junjian da Escola Nacional de Desenvolvimento da Universidade de Pequim. Eles publicaram suas descobertas na revista Proceedings of the National Academy of Sciences ( PNAS ) em 5 de abril.

"Ha¡ um debate de longa data sobre se o empreendedorismo édevido a  natureza ou a  criação, em particular, se e como as dificuldades tornam alguém mais empreendedor", disse o professor Ivan Png, que ensina Estratanãgia e Pola­tica na NUS Business School, bem como Economia. na Faculdade de Letras e Ciências Sociais da NUS. "Pode ser que as dificuldades tornem as pessoas mais empreendedoras ou que apenas aqueles que foram empreendedores tenham sobrevivido a s dificuldades. Nosso estudo contribui para esse debate ao investigar qual mecanismo estava em jogo porque levaria a diferentes implicações políticas e gerenciais. Tambanãm quera­amos encontrar se o mecanismo afetou homens e mulheres de forma diferente."

O desafio de estabelecer uma relação causal entre dificuldades e empreendedorismo era que os pesquisadores não podiam realizar experimentos sociais que atribua­ssem aleatoriamente pessoas a diferentes graus de dificuldade e acompanhassem seu comportamento ao longo de sua vida.

A equipe de pesquisa superou esse desafio usando a Grande Fome, que ocorreu na China entre 1959 e 1961, como medida de dificuldade. A fome surgiu da decisão do governo de direcionar os recursos agra­colas das áreas rurais para os setores manufatureiro e exportador nas cidades urbanas. As flutuações climáticas aleata³rias podem fazer com que a produção agra­cola fique aquanãm e, quando a redistribuição de alimentos falhou, os condados da China experimentaram na­veis substancialmente diferentes de escassez de alimentos e graus variados de dificuldades.

A equipe de pesquisa então analisou os dados do minicenso da China de 2005 para o status de empreendedorismo dos entrevistados e o China Household Finance Survey (CHFS) de 2013 para as atitudes de risco autorrelatadas pelos entrevistados. Especificamente, eles analisaram os entrevistados que nasceram antes de 1962 e viveram em seu condado de hukou (o sistema nacional de registro de domica­lios) por cinco ou mais anos. Havia cerca de 729.000 e 12.000 desses entrevistados no minicenso e CHFS, respectivamente.
 
Dificuldades tornam as pessoas mais empreendedoras

Os números mostraram que em munica­pios onde a fome era mais severa, o número absoluto de pessoas que se tornaram empreendedores na idade adulta aumentou. Especificamente, tudo o mais sendo igual, se a intensidade da fome de um condado fosse um desvio padrãomais grave, haveria 10% mais empreendedores no condado.

Assoc Prof Chu Junhong, do Departamento de Marketing da NUS, explicou: "Isso mostrou que o aumento do empreendedorismo foi devido, pelo menos em parte, ao condicionamento de dificuldades, porque se fosse simplesmente que aqueles que eram menos empreendedores não viviam atéa idade adulta, então a proporção de empreendedores em um munica­pio aumentaria, mas o número absoluto de empreendedores permaneceria inalterado”.

Ela expa´s as implicações políticas. "Se as dificuldades tornam alguém mais empreendedor, isso racionaliza a 'Escola de Hard Knocks' e a promoção do empreendedorismo como um caminho para ospaíses menos desenvolvidos. Além disso, na esteira de recessaµes econa´micas ou desastres naturais, os formuladores de políticas devem apoiar novos nega³cios para restaurar a economia crescimento."

Ambos os sexos tornaram-se mais tolerantes ao risco, mas mais homens possua­am um nega³cio

Os pesquisadores descobriram que as dificuldades tornaram homens e mulheres mais tolerantes ao risco, mas uma maior tolera¢ncia ao risco foi associada a mais homens, mas não mulheres, possuindo um nega³cio. No geral, os homens eram mais propensos a se envolver em empreendedorismo do que as mulheres: 4,9% dos homens e apenas 1,9% das mulheres possua­am nega³cios ou trabalhavam por conta própria.

No entanto, quando a fome se tornasse mais severa, a probabilidade de empreendedorismo feminino e masculino cresceria 17,1% e 12,7%, respectivamente.

O professor Yi Junjian, da Universidade de Pequim, disse: "As diferenças de gaªnero podem ser por causa de uma norma social chinesa - as mulheres se concentram mais no trabalho domanãstico enquanto os homens se concentram no trabalho externo. Além disso, quando os maridos escolhem profissaµes mais arriscadas, as esposas tendem a escolher relativamente menos arriscadas. empregos."

O professor Png disse: "Enquanto examinamos a Grande Fome da China em nosso estudo, o princa­pio de que as dificuldades condicionam as pessoas a serem mais tolerantes ao risco e a correrem mais riscos, incluindo iniciar um nega³cio mais tarde em suas vidas, se aplica em geral. agora experimentam as dificuldades da pandemia do COVID-19 para se tornarem empreendedores no futuro."

Em seguida, os pesquisadores pretendem quantificar o quanto as dificuldades condicionam as pessoas a se envolverem mais no empreendedorismo e se uma mudança na norma social sobre os papanãis de gaªnero pode incentivar um maior empreendedorismo entre as mulheres.

 

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