Humanidades

Katherine Parr não convenceu Henrique VIII a fundar o Trinity College Cambridge
O rei Henrique VIII já havia decidido fundar o Trinity College Cambridge e a Christ Church Oxford antes de Cambridge fazer lobby com sua rainha, sugere um reexame de fontes do século XVI. O estudo do professor Richard Rex mina...
Por Tom Almeroth-Williams - 22/05/2022


Esta¡tua de Henrique VIII no Grande Portão do Trinity College Cambridge - Crédito: The Master and Fellows, Trinity College Cambridge


"O plano de Henry de estabelecer memoriais duradouros para si mesmo em ambas as universidades provavelmente estava em sua mente desde meados de 1545, o mais tardar".

Ricardo Rex

A história de que o Trinity College Cambridge são foi fundado porque a última esposa de Henrique VIII, Katherine Parr, implorou que ele o fizesse, tornou-se parte do folclore da Universidade de Cambridge. Ele ressurgiu novamente no Cambridge News este maªs, junto com a alegação de que foi apenas a intervenção da rainha que impediu Henry de fechar algumas ou todas as faculdades de Cambridge. 

Mas a pesquisa de Richard Rex, professor de Hista³ria da Reforma em Cambridge, mostra agora que essa história tão amada e repetida éenganosa. O estudo de Rex, publicado no The Journal of Ecclesiastical History , revela que várias pessoas poderosas na corte ajudaram a defender a universidade da ameaça potencial representada pelo rei em seus últimos anos, e que Henrique já havia decidido estabelecer a Trinity antes que a universidade fizesse lobby. Catarina Parr.

Os temores da universidade centravam-se na Lei das Chantrias de 1545, que autorizava o rei a assumir, a  vontade, qualquer uma das "faculdades, capelas gratuitas, capelas, hospitais" ou outras fundações religiosas com as quais seu reino abundava. Em princa­pio, esse poder certamente poderia ter varrido as faculdades de Oxford e Cambridge para engrossar os cofres reais.

Mas, como explica o professor Rex: “Embora o Chantries Act tenha dado a Henry o poder de suprimir qualquer faculdade ou fundação de igreja que ele escolhesse, éclaro que os amigos da universidade na corte fizeram tudo o que podiam, desde o ina­cio, para garantir que esse novo poder não seria usado contra Cambridge ou Oxford.” 

“Mesmo antes de as universidades saberem o que estava acontecendo, elas receberam tratamento diferente do resto da Inglaterra e do Paa­s de Gales quando a nova lei entrou em vigor.” 

Cambridge escreveu para Katherine Parr, entre outros, para fazer lobby contra a ameaça potencial aos seus interesses. Mas sua resposta apenas confirma o que outras fontes estudadas por Rex também deixam claro: que Henry já havia tomado a decisão de fundar a Christ Church em Oxford e a Trinity em Cambridge. 

A carta de Parr, datada de 26 de fevereiro de 1546 e preservada na biblioteca do Corpus Christi College em Cambridge, assegura a  universidade que o rei: 
'ser um patrono do bom aprendizado lhe favorece [isto anã, favorece tanto] que ele prefere avana§ar no aprendizado e erigir novos ocasia£o do que confundir aquelas suas antigas e piedosas instituições'.

Embora os processos para estabelecer as fundações gaªmeas tenham sido adiados, de modo que os colanãgios são surgiram um ou dois meses antes da morte de Henrique no final de janeiro de 1547, partes importantes do plano já estavam em vigor no vera£o de 1545. 

Rex disse: “Katherine Parr foi, sem daºvida, uma patrona do aprendizado e, em particular, do 'novo aprendizado' da Reforma Protestante. Mas a ideia de que ela teve um papel crucial na fundação de Trinity éficção roma¢ntica com apenas uma base taªnue no registro hista³rico.”

O estudo de Rex mina outras suposições de longa data baseadas em erros cronola³gicos, incluindo que o lobby de Cambridge garantiu a nomeação favora¡vel de membros da universidade Matthew Parker, John Redman e William May como comissa¡rios para pesquisar suas faculdades para o rei. 

Na verdade, sua nomeação precedeu qualquer lobby conhecido em Cambridge por cerca de um maªs e, argumenta Rex, isso aconteceu graças a  "intervenção não solicitada dos amigos da universidade na corte". Rex encontrou evidaªncias de apoio para isso entre os papanãis de Matthew Parker na biblioteca de Corpus Christi, que ainda leva o nome de Parker porque ele deixou para o Colanãgio sua magna­fica coleção particular de livros e manuscritos.

Rex, ele pra³prio um estudante da Trinity na década de 1980, fez essas descobertas enquanto trabalhava com Colin Armstrong (outro ex-aluno da Trinity) em um capa­tulo para um pra³ximo livro sobre a história da faculdade.

A narrativa popular que enfatiza a influaªncia de Parr e a dos lobistas de Cambridge originou-se em um livro publicado em 1884 por JB Mullinger intitulado The University of Cambridge from the royal injunctions of 1545 to the access of Charles the First. Mullinger era historiador e biblioteca¡rio no St John's College Cambridge. Mas Rex conclui que ele interpretou mal e datou incorretamente as fontes originais irregulares que descrevem esses eventos.

Ele disse: “Quando comecei este trabalho, eu simplesmente queria entender a história tradicional verificando as fontes e notas de rodapanã. Tinha sido recontado tantas vezes por tantos bons historiadores que eu não tinha motivos para duvidar que fosse verdade. Mas descobri que tudo estava uma baguna§a, a cronologia não fazia o menor sentido. Então eu comecei a tentar colocar o registro em ordem.”

“O fato de Cambridge e Oxford terem sido, desde o ina­cio, separados do resto dopaís na implementação do Chantrias Act éapenas um entre vários inda­cios de que Henrique VIII já tinha algo especial em mente para eles. 

“O plano de Henry de estabelecer memoriais duradouros para si mesmo em ambas as universidades provavelmente estava em sua mente desde meados de 1545, o mais tardar. A 'versão de Cambridge' dos eventos parece ter sido uma fantasia acadaªmica. Nossos esforços de lobby não foram tão influentes quanto gosta¡vamos de imaginar.” 

“Estranhamente, surgiu uma moda de atribuir muito do que Henrique VIII fez a  influaªncia daqueles mais pra³ximos a ele osWolsey, Cromwell, Ana Bolena ou Katherine Parr. Como qualquer um, Henry estava sujeito a ser influenciado por aqueles ao seu redor. Mas as grandes decisaµes ose a fundação da Igreja de Cristo e da Trindade foram grandes decisaµes osforam dele.”

 

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