Humanidades

Evidaªncia bioarqueola³gica de enterros isla¢micos muito antigos no Levante
Um novo estudo que combina dados arqueola³gicos, hista³ricos e bioarqueola³gicos fornece novos insights sobre o ini­cio do período isla¢mico na Sa­ria moderna.
Por Universidade de Uppsala - 09/06/2022


Localização do local e restos esquelanãticos inclua­dos na análise. um Mapa do Levante indicando a localização de Tell Qarassa no sul da Sa­ria. b Restos esquelanãticos de syr005 durante as escavações em Tell Qarassa (Foto de Jonathan Santana). Crédito: Biologia da Comunicação (2022). DOI: 10.1038/s42003-022-03508-4

Um novo estudo que combina dados arqueola³gicos, hista³ricos e bioarqueola³gicos fornece novos insights sobre o ini­cio do período isla¢mico na Sa­ria moderna. A equipe de pesquisa estava planejando se concentrar em um período de tempo muito mais antigo, mas se deparou com o que eles acreditam ser restos de primeiros mua§ulmanos no interior da Sa­ria. Seus resultados foram publicados na Communications Biology .

O Oriente Manãdio éconhecido como uma regia£o com uma história rica e fascinante que abrange uma ampla gama de etnias, culturas e prática s religiosas. Embora grande parte dessa história diversificada e dina¢mica seja conhecida por meio de registros hista³ricos , a impressionante cultura material e os sa­tios arqueola³gicosna regia£o, atérecentemente dados bioarqueola³gicos importantes eram mais difa­ceis de recuperar devido a  ma¡ preservação de materiais orga¢nicos em ambientes hostis. Novas tecnologias mais capazes de analisar materiais degradados, no entanto, mudaram isso e surgiram histórias da pré-história a  hista³rica, enriquecendo nosso conhecimento dessa regia£o na encruzilhada entre três continentes. Agora, uma equipe multinacional e interdisciplinar estãoapresentando novos insights bioarqueola³gicos sobre o ini­cio do período isla¢mico na Sa­ria moderna.

Durante 2009 e 2010, escavações no sa­tio neola­tico de Tell Qarassa, na atual Sa­ria, encontraram vários enterros. Estas escavações foram coordenadas por uma equipa franco-espanhola que integrou estudantes sa­rios em todas as campanhas arqueola³gicas, contribuindo assim para a sua formação em arqueologia. A pesquisa foi realizada com permissão e em constante coordenação com a Direção Geral de Antiguidades e Museus (DGAM) da República arabe Sa­ria. Logo após essas escavações, começou a guerra civil sa­ria, que continua atéhoje.

“Com o objetivo de estudar os primeiros grupos agra­colas da regia£o, submetemos os restos mortais de 14 humanos a análises de DNA antigo”, diz a arqueogeneticista Cristina Valdiosera, da Universidade de Burgos, na Espanha, que coordenou o estudo. "Apenas dois indivíduos das camadas superiores do local continham quantidades suficientes de DNA enda³geno e estes vieram de sepulturas que presumimos pertencerem a um período pré-histórico posterior. Apa³s a datação por radiocarbono , ficou claro que ta­nhamos algo inesperado e especial."

As sepulturas datam da Era Oma­ada no final do século VII e ini­cio do século VIII (o segundo califado). Aluz dessas datas surpreendentemente recentes, uma reavaliação do estilo de sepultamento mostrou que seria consistente com as primeiras prática s de sepultamento mua§ulmanas. Teria sido impossí­vel identificar essa identidade cultural sem as datas de radiocarbono , pois não havia assentamentos mua§ulmanos ou locais de sepultamento conhecidos anteriormente na área e o pra³prio sa­tio arqueola³gico era conhecido apenas como um sa­tio pré-histórico.
 
"Os resultados gena´micos também foram surpreendentes, pois os dois indivíduos pareciam geneticamente diferentes da maioria dos levantinos antigos ou modernos. Os grupos modernos mais semelhantes - embora não idaªnticos - eram os bedua­nos e os sauditas, sugerindo uma possí­vel conexão com a Pena­nsula Ara¡bica " diz a bia³loga evolutiva Megha Srigyan, que conduziu a análise dos dados durante seus estudos de mestrado na Universidade de Uppsala, na Suanãcia.

“A maioria das nossas evidaªncias éindireta, mas os diferentes tipos de dados, juntos, apontam para este homem e mulher pertencentes a grupos transita³rios longe de casa, sugerindo a presença de mua§ulmanos primitivos no interior da Sa­ria”, diz o geneticista populacional Torsten Ga¼nther em Uppsala. University, que coordenou o estudo.

A análise de um homem e uma mulher forneceu evidaªncias de novas prática s culturais/religiosas que chegaram ao Levante.

“a‰ extraordina¡rio que, estudando apenas dois indiva­duos, tenhamos conseguido descobrir uma pequena, mas nota¡vel pea§a do colossal quebra-cabea§a que compaµe a história do Levante”, diz Cristina Valdiosera.

“Neste caso em particular, não havia como chegar a uma conclusão sem combinar os dados arqueola³gicos, hista³ricos e bioarqueola³gicos, pois cada um deles forneceu pistas essenciais, destacando a importa¢ncia de uma abordagem multidisciplinar”, conclui Torsten Ga¼nther.

Os restos humanos recuperados em Qarassa, bem como o restante material arqueola³gico, foram depositados no Museu Arqueola³gico de Sweida (Sa­ria) e, a partir desse momento, estãosob a responsabilidade da DGAM sa­ria, conforme seus regulamentos.

 

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