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A geoengenharia solar pode mitigar asmudanças climáticas e a desigualdade de renda?
Novas pesquisas da Ucla em San Diego descobriram que a geoengenharia solar - o reflexo intencional da luz solar longe dasuperfÍcie da Terra - pode reduzir a desigualdade de renda entre ospaíses.
Por Ucla/MaisConhecer - 13/01/2020


Produção local de malas em estufas de alimentos, incluindo tomate, pepino,

Em um estudo publicado recentemente na Nature Communications , os pesquisadores examinam os impactos da geoengenharia solar nos resultados econa´micos globais e nospaíses. Utilizando uma abordagem de avaliação de impactos clima¡ticos macroecona´micos de última geração, o artigo éo primeiro a analisar os impactos econa´micos das projeções climáticas associadas a  geoengenharia solar.

Embora a descarbonização das fontes mundiais de emissaµes continue a representar um grande desafio, a geoengenharia solar, processo em que a luz solar recebida éintencionalmente refletida para o aumento da temperatura, pode ajudar a evitar as piores conseqa¼aªncias do aquecimento global. Essa análise éa primeira a projetar a resposta do Produto Interno Bruto (PIB) ao padrãoespeca­fico de produção de geoengenharia solar de resfriamento.

A metodologia estima a relação hista³rica entre o clima, representado como temperatura e precipitação média anual e o crescimento da produção econa´mica emníveldepaís, medido como PIB per capita. Essa relação estimada entre economia e clima éentão aplicada para projetar e comparar resultados econa´micos em quatro cenários clima¡ticos diferentes para o pra³ximo século - se as temperaturas globais se estabilizarem naturalmente; se as temperaturas continuarem a subir; se as temperaturas foram estabilizadas como resultado da geoengenharia; e se as temperaturas foram superaquecidas pelos esforços de geoengenharia.

"Embora a precipitação tenha pouco ou nenhum efeito no crescimento do PIB em nossos resultados, háuma relação com as temperaturas", disse o primeiro autor Anthony Harding, um estudante visitante da Escola de Pola­tica Global e Estratanãgia da Universidade de San Diego, no Instituto de Tecnologia da Gea³rgia. "Aplicando essas relações hista³ricas para diferentes modelos, descobrimos que, se as temperaturas esfriassem, haveria ganhos no PIB per capita. Para alguns modelos, esses ganhos são de até1.000% ao longo do século e são maiores nospaíses nos tra³picos, que historicamente tendem a ser mais pobres ".

Em um modelo econa´mico que projeta uma redução da engenharia solar na temperatura média global de cerca de 3,5 graus Celsius, o clima mais frio aumentaria a renda média nospaíses tropicais em desenvolvimento, como Na­ger, Chade e Mali, em mais de 100% ao longo do período. século, em comparação com um modelo em que o aquecimento continua a ocorrer. Para os EUA epaíses do sul da Europa, o mesmo modelo mostrou um aumento mais moderado de cerca de 20%. Embora os efeitos de cadapaís possam variar de modelo para modelo, asmudanças de temperatura associadas a  geoengenharia solar se traduzem consistentemente em uma redução de 50% da desigualdade de renda global.
 

Semelhante a estudos anteriores que exploraram a relação entre clima quente e baixa produtividade, os achados da Nature não revelam os mecanismos pelos quais essa correlação ocorre.

"Na³s achamos que ospaíses mais quentes e populosos são mais sensa­veis a smudanças de temperatura - seja um aumento ou uma diminuição", disse Harding. "Essespaíses mais quentes geralmente também sãopaíses mais pobres. Com a geoengenharia solar, descobrimos que ospaíses mais pobres se beneficiam mais do que ospaíses mais ricos das reduções de temperatura , reduzindo as desigualdades. Juntas, a economia global em geral cresce".

Um passo fundamental na compreensão dos riscos e recompensas potenciais da geoengenharia solar

Harding e a autora correspondente Kate Ricke, professora assistente da Escola de Pola­ticas e Estratanãgias Globais da UC San Diego e da Scripps Institution of Oceanography, destacam que existem muitas inca³gnitas sobre os impactos que os esforços de intervenção da geoengenharia solar teriam na atmosfera da Terra, motivo de preocupação. para cientistas e formuladores de políticas.

No entanto, prever os impactos econa´micos da geoengenharia solar éum passo fundamental para entender a troca de riscos associada ao novo campo de estudo, que estãoavaçando rapidamente. Muitas tecnologias emergentes foram recentemente desenvolvidas para manipular o meio ambiente e compensar parcialmente alguns dos impactos dasmudanças climáticas.

"Existe um problema com a ciência da geoengenharia solar, pois hámuito trabalho sobre os aspectos fa­sicos dela; no entanto, háuma lacuna na pesquisa que compreende os impactos relevantes para as políticas", disse Ricke. "Nossa constatação de redução consistente da desigualdade entrepaíses pode informar as discussaµes sobre a distribuição global dos impactos da geoengenharia solar, um ta³pico de preocupação nos debates sobre anãtica e governana§a da geoengenharia."

Embora os modelos econa´micos utilizados no estudo não revelem os impactos da geoengenharia solar sobre a desigualdade de renda dentro das fronteiras dospaíses, os resultados da pesquisa sobre o crescimento do PIB incentivam trabalhos adicionais sobre a governana§a global da geoengenharia solar .

Os autores escrevem: "Nossas descobertas ressaltam que um sistema robusto de governana§a global seránecessa¡rio para garantir que quaisquer decisaµes futuras sobre a implantação da geoengenharia solar sejam tomadas para benefa­cio coletivo".

 

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