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Estudo revela atividade hiperativa das ondas cerebrais como causa subjacente de tremor essencial
Pesquisadores da Universidade da Columbia afirmam que a atividade hiperativa das ondas cerebrais éa causa subjacente do tremor essencial - um distaºrbio comum do movimento que causa agitaa§a£o ra­tmica involunta¡ria em cerca de 4% das pessoas com m
Por Sally Robertson - 16/01/2020

Seu estudo, publicado recentemente na revista Science Translational Medicine , descobriu que pessoas com esse distaºrbio do movimento geram ondas cerebrais hiperativas no cerebelo, uma regia£o cerebral envolvida na coordenação do movimento volunta¡rio.

A causa do tremor essencial já era difa­cil de identificar, o que colocou desafios no desenvolvimento de possa­veis tratamentos. Embora os pesquisadores já tenham identificadomudanças estruturais no cérebro dos indivíduos afetados, exatamente como essasmudanças causam tremores permaneceu um mistanãrio.

Crédito de imagem: Gorodenkoff / Shutterstock.com

"Estudos anteriores identificarammudanças na estrutura do cérebro em pessoas com tremores essenciais, mas não saba­amos como essasmudanças causavam tremores", Sheng-Han Kuo, professor assistente de neurologia do Vagelos College of Physicians and Surgeons.

"Este estudo descreve como essasmudanças estruturais afetam a atividade cerebral para gerar tremores".

Agora, a descoberta de que são ondas cerebrais hiperativas que alimentam os tremores, aumenta a possibilidade de que novas abordagens possam ser usadas para diagnosticar e tratar a condição com mais efica¡cia.

"Compreender a fisiopatologia do tremor pode ajudar no desenvolvimento de abordagens terapaªuticas eficazes para o tratamento do TE", escreve a equipe.

Mais sobre tremor essencial

O tremor essencial éo distaºrbio de movimento mais prevalente nos Estados Unidos, afetando aproximadamente 10 milhões de americanos. O tremor involunta¡rio afeta as ma£os e éagravado por atividades como amarrar cadara§os, fechar um casaco ou manusear utensa­lios, o que pode ter um impacto significativo na qualidade de vida do dia-a-dia.

A condição tende a ser mais comum em pessoas com mais de 40 anos, com os sintomas se tornando mais graves a  medida que a pessoa envelhece.

Atualmente, betabloqueadores (medicamentos para pressão arterial) e antiepilanãticos são usados ​​para ajudar a reduzir os sintomas, mas nem sempre são eficazes, causando efeitos colaterais adversos, como falta de ar e fadiga. Kuo diz que isso não ésurpreendente, dado que os cientistas ainda não entenderam completamente a causa da doena§a.

Identificando ondas cerebrais hiperativas no cerebelo

Kuo e a equipe já haviam identificado alterações estruturais no cerebelo de pacientes com tremores essenciais. Para o estudo atual, os pesquisadores usaram uma nova técnica de encefalograma cerebelar (EEG) desenvolvida para examinar os padraµes de atividade das ondas cerebrais nessa regia£o do cérebro. A gravação de sinais elanãtricos no cerebelo não épossí­vel com ma¡quinas de EEG padra£o.

A equipe observou alguma atividade distinta das ondas cerebrais que ocorreu apenas em indivíduos com tremor essencial. Fortes oscilações entre 4 e 12 Hz foram detectadas entre os pacientes com a condição que não foram detectados em indivíduos sauda¡veis. Além disso, os pacientes que experimentaram tremores mais graves apresentaram oscilações mais fortes.

As oscilações foram originalmente identificadas em camundongos


Inicialmente, Kuo e colegas detectaram a atividade anormal das ondas cerebrais cerebelares em camundongos que apresentavam tremores como os observados em pacientes com tremor essencial. Eles descobriram que podiam parar ou iniciar tremores nos animais, estimulando certos neura´nios em seus cérebros que acionavam ou suprimiam as oscilações.

"Esses resultados estabeleceram uma relação causal entre as oscilações cerebrais e o tremor, que não podem ser testados diretamente em pacientes", diz Kuo.

O que causa oscilações anormais?

Ao estudar o tecido cerebral pa³s-morte de pacientes com tremor essencial, a equipe também havia estabelecido previamente que esses pacientes tinham um número anormalmente alto de sinapses conectando células nervosas no cerebelo chamadas fibras trepantes e células Purkinje (PC e FC).

No estudo atual, a equipe usou o tecido cerebral pa³s-morte novamente para estudar a formação dessas sinapses, que eles descobriram parecer influenciadas por uma protea­na chamada receptor de glutamato delta 2 (GluRδ2).

Quando o GluRδ2 ésubexpressado, quaisquer sinapses em excesso formadas entre as fibras trepantes e as células de Purkinje não são eliminadas, o que resulta em muitas conexões neurais, explica Kuo.

O caso da insuficiência de GluRδ2 como contribuinte do tremor essencial ficou ainda mais forte quando a equipe estudou os ratos projetados para reduzir a expressão do receptor. Os animais desenvolveram tremores semelhantes aos observados em humanos com a doena§a. Os tremores também se tornaram mais graves com a idade dos animais.

Além disso, quando a equipe corrigiu a deficiência de GluRδ2 restaurando a função da protea­na, os sintomas do tremor melhoraram, indicando que o GluRδ2 desempenha um papel fundamental no tremor essencial.

Novos tratamentos potenciais

Os pesquisadores dizem que as descobertas podem abrir caminho para novos tratamentos em potencial:

“Nossas descobertas identificam uma contribuição fisiopatola³gica ao tremor molecular (GluRd2), estrutural (sinapses CF-PC), fisiola³gico (oscilações cerebelares) e na­veis comportamentais (tremor cinanãtico) que podem ter aplicações cla­nicas para o tratamento do TE [tremor essencial] ”, Escreve a equipe.

"Usando o EEG cerebelar como um guia, podemos ser capazes de usar técnicas de neuromodulação, como tDCS ou TMS (estimulação transcraniana por corrente direta ou estimulação magnanãtica transcraniana) para reduzir o tremor ou atédrogas para reduzir a transmissão entre as fibras trepadeiras e as células de Purkinje" diz Kuo.

A equipe também planeja aplicar seus resultados em estudos futuros que testam a eficácia dos medicamentos na redução de tremores e Kuo já estãotentando desenvolver agentes que aumentam a expressão de GluRδ2 no cérebro.

 

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