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Como vamos comer? Va­rus testa redes sociais da Europa
Governos de toda a Europa estãoadiando pagamentos de impostos, aprovando esquemas de desemprego de curto prazo e licena§as médicas pagas para tentar amortecer o golpe econa´mico para empresas e trabalhadores
Por Aritz Parra e Nicole Winfield - 17/03/2020


As pessoas esperam em uma longa fila na cala§ada do Centro de Testes
Corona do Servia§o Manãdico de plantão Hessen, Frankfurt, Alemanha, tera§a-feira,
17 de mara§o de 2020. Os centros de teste para esfregaa§os de va­rus de corona em
Hesse estãosobrecarregados. Embora a Associação dos Manãdicos Estatuta¡rios de
Seguro de Saúde (KV) continue expandindo suas capacidades, o gargalo éo dos
laboratórios. Filas longas se formam todas as manha£s. (Frank Rumpenhorst / dpa via
AP)As pessoas esperam em uma longa fila na cala§ada do Centro de Testes Corona do
Servia§o Manãdico de plantão Hessen, Frankfurt, Alemanha, tera§a-feira, 17 de mara§o de 2020.
Os centros de teste para esfregaa§os de va­rus de corona em Hesse estãosobrecarregados. Embora a Associação dos Manãdicos Estatuta¡rios de Seguro de Saúde (KV) continue
expandindo suas capacidades, o gargalo éo dos laboratórios. Filas longas se formam todas as manha£s. (Frank Rumpenhorst / dpa via AP) Associated Press

A cena da hora do rush da manha£ na estação ferrovia¡ria de Atocha, em Madri, nesta semana, capturou perfeitamente o dilema que a Europa enfrenta ao enfrentar o coronava­rus.

Os governos bloquearam o comanãrcio, reforçaram as medidas de assistaªncia médica e destinaram bilhaµes de euros a s famosas redes de segurança da Europa para amortecer o golpe econa´mico tanto para as empresas quanto para os opera¡rios das medidas destinadas a conter o va­rus.

Mas os hora¡rios reduzidos de trens suburbanos em Atocha, a principal porta de entrada para a classe trabalhadora na capital espanhola, significavam que grandes multidaµes se formaram nas plataformas, derrotando o apelo do governo por “distanciamento social”. Demissaµes iminentes e reais significavam que aqueles que ainda tinham trabalho relatado para o serviço - com ou sem máscaras protetoras - mesmo que eles preferissem ficar em casa.

"Eu temo o coronava­rus, mas temo mais não poder pagar as contas dos servia§os paºblicos", disse Mari Carmen Rama­rez, 55 anos, que se deslocava para seu emprego de 950 euros (US $ 1.100) por maªs como faxineira. "Quando tudo acabar, como vamos comer?"

Amedida que os governos europeus aprovam amplas medidas de gastos para combater a pandemia, eles são chamados a cuidar dos trabalhadores que não estãoapenas perdendo seus empregos - as gara§onetes e guias de turismo, cabeleireiros e empregadas de hotanãis - mas aqueles que ainda precisam aparecer porque eles não podem trabalhar em casa. As famosas redes de segurança da Europa estãosendo reduzidas, em um momento em que muitas economias já estavam contornando a recessão e as diferenças de riqueza aumentaram.

Sera¡ o suficiente?

Os governos de Praga a Paris, Lisboa e Londres estãoadiando o pagamento de impostos, aprovando esquemas de desemprego de curto prazo e licena§a médica paga para cobrir atéaqueles em quarentena preventiva. A Ita¡lia mais atingida aprovou medidas de 25 bilhaµes de euros, incluindo cupons para baba¡s. O governo tcheco ofereceu uma bolsa de 750 euros para estudantes que estudam no exterior que optam por ficar no exterior atéa Pa¡scoa. A Dinamarca disse que pagaria 75% dos sala¡rios dos funciona¡rios se as empresas prometerem não demitir funciona¡rios.

"Esta epidemia seráuma cata¡strofe para todos ospaíses do mundo", alertou o ministro das Finana§as da Frana§a, Bruno Le Maire, ao anunciar 45 bilhaµes de euros (US $ 50 bilhaµes) em ajuda a pequenas empresas, além das dezenas de bilhaµes de da³lares já prometidas para indivíduos forçados a parar trabalhando por causa do fechamento do local de trabalho.

"O choque seráviolento."

Na Espanha, agora com a segunda maior infecção na Europa depois da Ita¡lia, o governo de coaliza£o de esquerda anunciou na tera§a-feira uma mistura de medidas sociais e econa´micas, incluindo garantias de cranãdito para empresas e subsa­dios para trabalhadores, que representam um quinto do PIB anual dopaís.

O primeiro-ministro socialista Pedro Sa¡nchez classificou o pacote de 200 bilhaµes de euros (220 bilhaµes de da³lares) como o maior da história recente da Espanha.

"Queremos uma saa­da da emergaªncia econa´mica em forma de V, e não em L, para que o ini­cio seja de rápida recuperação e não de estagnação", disse ele.

O golpe econa´mico já éevidente com empresas como a unidade espanhola da montadora alema£ Volkswagen, demitindo temporariamente mais de 14.000 de sua fa¡brica de Martorell, perto de Barcelona. Os trabalhadores recebera£o 80% de seus sala¡rios atéserem recontratados, espero que assim que a economia se recuperar.

Mais de 100.000 trabalhadores foram afetados por esquemas semelhantes de demissão tempora¡ria em todos os setores, calculou o jornal de nega³cios espanhol Cinco Da­as.

A dor econa´mica éparticularmente alta empaíses como Ita¡lia e Espanha, que ainda estãosentindo os efeitos posteriores da crise financeira global. A porcentagem de pessoas classificadas como economicamente vulnera¡veis ​​- aquelas que são pobres, enfrentam altas da­vidas ou desemprego - foi de 26% em 2017 na Espanha, superior a  média da Unia£o Europeia de 22%.

"Nãotenho luvas nem ma¡scara, mas os supermercados devem permanecer abertos, disseram-nos", disse Ganãnesis Sua¡rez, um balconista de 25 anos que sai de Atocha e cujo pai foi demitido de seu trabalho de construção na sexta-feira.

“Com meu pai em casa, preciso contribuir com a caixa da fama­lia. Ainda vamos receber a conta de luz no final do maªs, não anã?

A resposta inicial dos formuladores de políticas a  turbulaªncia foi focada em manter o sistema financeiro funcionando com cortes nas taxas de juros do banco central e empréstimos baratos para bancos.

Os governos também prometeram empréstimos, com a Alemanha oferecendo pelo menos 460 bilhaµes de euros (US $ 513 bilhaµes) em garantias. A Gra£-Bretanha anunciou US $ 405 bilhaµes em empréstimos e garantias apoiados pelo governo para pequenas e grandes empresas, especificamente para ajudar as empresas a pagar seu aluguel, sala¡rios e fornecedores. Va¡riospaíses estãoexpandindo programas de trabalho de curto prazo que foram bem-sucedidos durante a crise financeira de 2008 para manter as pessoas na folha de pagamento.

Mais uma vez, essas medidas não atendem a s necessidades de muitos dos mais vulnera¡veis: os pobres, mas também os trabalhadores manuais, como faxineiros e contratados, sem um sala¡rio fixo.

"Temos uma queda de cerca de 50% na coleta de alimentos", disse Sabine Werth, chefe do banco de alimentos "Berliner Tafel" na capital alema£, onde as doações estãosecando. Já sete dos 45 pontos de distribuição do banco de alimentos fecharam, privando os mais necessitados de alimentos perto de casa.

Embora alguns governos, como os da Frana§a e da Dinamarca, tenham prometido garantir a maioria dos sala¡rios dos indiva­duos, ainda épouco claro detalhes sobre como eles fara£o isso - embora urgentemente necessa¡rio.

Jim O'Neill, ex-economista-chefe da Goldman Sachs, que agora épresidente do grupo de reflexa£o Chatham House, com sede no Reino Unido, disse que o dinheiro deve ser canalizado diretamente para as pessoas.

Isso seria uma evolução do esta­mulo moneta¡rio que os bancos centrais deram desde a crise financeira global há12 anos, na qual injetaram dinheiro recanãm-criado no sistema banca¡rio.

"No centro dessas visaµes estãoa noção de doar dinheiro para pessoas, especialmente pessoas de baixa renda, pagas diretamente pelos nossos bancos centrais que imprimem dinheiro", disse ele em nota. "Atérecentemente, me senti muito pouco empolgado com essas opiniaµes, mas, como resultado do COVID-19, mudei de idanãia."

Enquanto isso, os governos estãoreforçando e ampliando as redes de segurança existentes.

A Gra£-Bretanha garantira¡ que os trabalhadores tenham direito ao subsa­dio ma­nimo legal por doença desde o primeiro dia da doença e não a partir do quarto dia. a‰ improva¡vel que seja suficiente, no entanto, uma vez que o ma­nimo legal éde meros 94,25 libras (US $ 115) por semana.

Uma análise do grupo de reflexa£o da Resolution Foundation na Gra£-Bretanha sugeriu que um trabalhador auta´nomo ta­pico poderia ver a renda cair em três quartos se forçado a entrar em quarentena, enquanto um trabalhador ta­pico elega­vel ao ma­nimo legal perderia mais de dois tera§os do sala¡rio normal.

Na tera§a-feira, o chefe do Tesouro da Gra£-Bretanha, Rishi Sunak, disse que, após discussaµes com os credores, as fanãrias hipoteca¡rias de três meses estara£o disponí­veis para aqueles em dificuldades financeiras “para que as pessoas não precisem pagar um centavo por suas hipotecas enquanto recuperam suas da­vidas. panãs. "

Outros governos também estãoadiando o pagamento de impostos, seguro social e hipotecas e oferecendo fanãrias pagas extra, embora as medidas parea§am fragmentadas.

"Muitos italianos estãonas trincheiras da linha de frente: nos hospitais, nas fa¡bricas e nas farma¡cias, atrás das caixas registradoras dos supermercados", disse o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte em um discurso nacional.

"Ninguanãm seráabandonado", prometeu.

Os trabalhadores que se reportavam para o turno da noite na fa¡brica de aa§o Tenaris em Bergamo, Ita¡lia, sentiram-se mais do que abandonados. Eles se sentiram aterrorizados. Ha¡ mais de uma semana, eles exigiam permissão para tirar fanãrias, em vez de continuar trabalhando com o coronava­rus que reivindica mais infecções na prova­ncia de Bergamo do que em qualquer outro lugar na Ita¡lia.

As fa¡bricas foram isentas do decreto de paralisação do governo em 11 de mara§o, o que significa que os trabalhadores de colarinho azul do coração industrial da Ita¡lia foram forçados a se apresentar para o servia§o. Na semana passada, trabalhadores de fa¡bricas em toda a Ita¡lia começam a entrar em greve ou ameaa§ando fazaª-lo.

"Sentimos muito medo de ficar oito horas lado a lado sem saber quais eram as condições", disse o sideraºrgico Tenaris, Giambattista Morali. "A empresa desinfetou e nos deu mais algumas ma¡scaras, mas não foi suficiente porque não poda­amos garantir que trabalhara­amos a um metro de distância".

Enquanto muitas pessoas sofrem sintomas relativamente leves do va­rus, a taxa de mortalidade tem sido particularmente alta na Ita¡lia, em parte graças a  sua população idosa.

As mesmas preocupações com a saúde abundaram esta semana na estação de Atocha, onde os funciona¡rios das ferrovias não estavam fazendo nada para distanciar os passageiros que se empurravam para pegar seus trens.

"O que éisso?" perguntou-se Antonio Galiano, um viajante de 38 anos. "Seja sanãrio, por favor, são nossas vidas que estãoem risco."

 

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